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ASAE detetou 174 situações de incumprimento na isenção de IVA

ASAE detetou 174 situações de incumprimento na isenção de IVA
Fotografia DR

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 03 de janeiro de 2024, às 16:54

A autoridade aponta que a maioria das situações foi resolvida no imediato.

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) detetou pelo menos 174 situações de incumprimento do IVA Zero desde a sua aplicação, em maio do ano passado. A autoridade aponta que a maioria das situações foi resolvida no imediato.

“Estamos a acompanhar essa monitorização e dos 174 processos de crime, 88 foram delegados na ASAE”, afirmou o inspetor-geral da autoridade, Luís Lourenço, em audição na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, que acrescentou que estes são dados provisórios e referentes a fiscalizações a mais de dois mil operadores económicos. De acordo com Luís Lourenço, estes são processos de crime e que “têm a sua continuidade”.

Ainda assim, apontou que em termos de responsabilização, a legislação nacional faz com que “nem sempre” seja fácil de provar a responsabilização de pessoas coletivas. “Quem é que colocou o preço na prateleira? Foi a pessoa coletiva ou foi o funcionário que o fez?”, questionou o responsável, que acrescentou que “na sua maioria, para não ser exagerado, foram corrigidas no momento em que foram detetadas pelos inspetores da ASAE por parte dos operadores económicos”. A pronta correção não implicou, no entanto, “que não houvesse elaboração do correspondente processo de crime”, explicou.

A análise da ASAE concluiu que a implementação da medida do IVA Zero, que teve início em maio, “teve o seu efeito, com a redução, efetivamente, de mais de 6%” na monitorização da autoridade. Luís Lourenço detalhou que durante a análise houve variações que poderão ser associadas a questões sazonais ou de escassez de produto, mas que a medida “teve o efeito em termos de monitorização e que foi sendo acompanhada semanalmente com variações sempre abaixo, naquilo que foi definido, dos 6%”.

O cabaz do IVA zero termina a 4 de janeiro (após ter sido alvo de duas extensões), um término que tem sido contestado por consumidores, associações de comércio e de empresas de distribuição e que faz antever uma subida dos preços daqueles produtos – a maioria dos quais habitualmente sujeitos à taxa de 6% deste imposto.

Luís Lourenço disse não saber como é que os preços dos 46 produtos abrangidos por este cabaz vão reagir à reposição deste imposto. “Os preços são livres, a aplicação dos preços não está balizada por lei, por isso o que nós podemos aqui detetar são situações em termos da lei”, acrescentou, apontando que, na última semana, houve uma estabilização dos preços e não “um pré-aumento de preços”.

O inspetor-geral da ASAE mostrou ainda apreensão sobre a forma de analisar o impacto das margens de lucro, dizendo que não há forma “de transpor isto para uma folha de cálculo”. “Há o transporte, há o trabalhador, desde o prado até à comercialização e ao prato. Toda esta cadeia tem um valor”, apontou, dizendo que o lucro ilegítimo na legislação “é um conceito muito subjetivo”.