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Enfermeiros dizem que acordo com médicos agrava desigualdades salariais entre carreiras

Enfermeiros dizem que acordo com médicos agrava desigualdades salariais entre carreiras
Fotografia DR

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 29 de novembro de 2023, às 09:25

O Sindicato Nacional dos Enfermeiros manifestou-se preocupado com o agravamento da desigualdade salarial entre estes profissionais e restantes carreiras do SNS, considerando que ficou mais vincada com o acordo intercalar conseguido com os médicos.

Em comunicado, o SNE considera que o acordo, conseguido na terça-feira entre o Governo e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) poderá levar não só à saída para o setor privado e à emigração, como ao abandono da profissão, “agravando a falta de enfermeiros e enfermeiros especialistas” no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O sindicato adianta que esperava que, após a greve nacional que decorreu no passado dia 20 e a greve às horas extraordinárias, que terminou no dia 25, “existisse uma maior abertura do governo para negociar”.

“Mas tal não se vislumbra, o que muito nos preocupa”, insiste.

Na nota hoje divulgada, o presidente da direção do SNE, Emanuel Boieiro, responsabiliza o primeiro-ministro e o ministro da Saúde pela “total indisponibilidade para negociar e chegar a acordo com os enfermeiros”.

“Como a urgência em rever a carreira e a tabela salarial dos enfermeiros, que está estagnada desde 2015, aguardamos audiência urgente com (…) o Presidente da República (…) e pelas reuniões solicitadas há já 10 dias ao presidente do PSD e aos candidatos a secretário-geral do PS”, acrescenta.

Esta posição do SNE surge depois de o Governo ter chegado a um “acordo intercalar “ com um dos sindicatos médicos (SIM) para um aumento dos salários em janeiro de 2024.

O acordo para a revisão da grelha salarial dos médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) prevê um aumento de 14,6% para os assistentes hospitalares com horário de 40 horas, de 12,9% para os assistentes graduados e de 10,9% para os assistentes graduados seniores.

Na terça-feira, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, disse que um modelo similar será aplicado a cada a uma das carreiras médicas, acrescentando que o aumento salarial acordado aplica-se a todos os médicos, "privilegiando as remunerações mais baixas".

Para os médicos internos, que estão em formação especializada, o aumento é de 15,7% para os internos do quarto ano e seguintes, de 7,9% para os médicos que estão a frequentar o primeiro, segundo e terceiro anos da especialidade e de 6,1% para os internos do ano comum.

O acordo será acompanhado pela regulamentação da dedicação plena e dos novos incentivos das Unidades de Saúde Familiar (USF) e dos Centros de Responsabilidade Integrados (CRI).

De acordo com a tutela, os cerca de 2.000 médicos especialistas em Medicina Geral e Familiar que transitam para as USF modelo B no início de 2024 terão um aumento de cerca de 60% na sua remuneração e os médicos dos centros de saúde e dos hospitais que queiram aderir ao regime de dedicação plena terão um aumento salarial, em janeiro, superior a 43%.