A Agência Executiva Europeia da Saúde e do Digital (HaDEA) acaba de dar um impulso à união da Europa no combate ao cancro, numa sessão que visou solidificar o trabalho conjunto e criar sinergias na luta contra a doença oncológica.
A iniciativa decorreu no Dia Mundial Contra o Cancro, que se assinala anualmente a 4 de fevereiro, tendo transmitido uma mensagem de aposta nas novas tecnologias, na prevenção, na equidade no acesso aos cuidados de saúde e no tratamento centrado no doente.
O encontro “Dia Mundial do Cancro 2025: Mostra de projetos HaDEA” juntou 220 representantes da União Europeia (UE), organizações não governamentais ligadas à saúde e outros agentes do setor, numa sessão presencial em Bruxelas, que foi seguida online por cerca de 500 pessoas.
Na sessão de abertura do evento, a diretora da HaDEA, Marina Zanchi, referiu que os projetos desta instituição estão «a dar contributos substanciais para os esforços da Europa para derrotar o cancro».
Esta responsável aludiu às verbas 1,2 mil milhões de euros, através dos programas EU4 Health e Horizonte Europa, que são «uma prova tangível do enorme investimento feito pela UE contra o cancro».
A dirigente sublinhou que os projetos HaDEA estão a «contribuir ativamente» para o Plano Europeu de Luta contra o Cancro, documento que aponta como quatro principais pilares a prevenção, a deteção precoce, o diagnóstico e tratamento e a qualidade de vida dos doentes e sobreviventes do cancro.
Marina Zanchi enfatizou «a importância de estarmos unidos quando lidamos com o cancro», estabelecendo «a ligação entre os projetos e as prioridades da Comissão Europeia, para garantir resultados baseados em dados», de forma a «maximizamos o impacto» do Plano Europeu de Luta contra o Cancro e da Missão Cancro.
Lembrou que o Dia Contra o Cancro de 2025 marca o arranque da campanha global “Unidos pelo Único”, que coloca as pessoas no centro do cuidado oncológico. «O cancro é mais do que apenas um diagnóstico médico. É uma questão profunda e pessoal. Por trás de cada diagnóstico há histórias humanas únicas. Histórias de dor, luto, cura, resiliência, mas também de amor e muito mais», recordou, explicando que, precisamente por isso, o programa incluiu a apresentação de testemunhos que ilustram a complexidade humana da doença oncológica.

A diretora declarou que «o cancro diz respeito a todos, de uma forma ou de outra. Mesmo se não formos afetados diretamente, podemos ter alguém da nossa família, um amigo ou um colega com cancro. E quando a doença ocorre, não colocamos a vida em suspenso, continuamos a viver, um passo de cada vez, dia após dia».
Tendo em conta este impacto pessoal e comunitário, a diretora da HaDEA enumerou os contributos que a UE está a dar para na luta contra o cancro, como a Missão Cancro, cujo financiamento permitem usar as novas tecnologias, soluções inovadoras e o progresso científico para compreender e derrotar a doença. Esta missão visa «melhorar a vida de mais de 3 milhões de pessoas até 2030, através da prevenção, da cura e da possibilidade de as pessoas afetadas pelo cancro viverem mais tempo e melhor».
A responsável constatou que «abordar a complexidade do cancro também implica acelerar as transformações digitais», uma vez que não é possível combater a doença oncológica sem os modernos sistemas digitais. «A implementação de tecnologias digitais e da inteligência artificial é cada vez mais importante no tratamento e na cura do cancro», disse, indicando que a HaDEA, fazendo jus ao nome, está a proporcionar sinergias entre a saúde e o digital.
Na área da digitalização, falou do Mecanismo Interligar a Europa, que «através da infraestrutura de telecomunicações está a contribuir significativamente para a transformação dos sistemas de bem-estar», exemplificando que as redes 5G de alta capacidade estão a permitir fazer o diagnóstico personalizado do cancro da mama numa fase muito precoce, remotamente, através da robótica.
Na sua opinião, outro programa importante é o Europa Digital, que apoia testes e a implementação de soluções de inteligência artificial para o cancro e programas de treino para melhorar as habilitações digitais dos profissionais de saúde.
Fez referência à Iniciativa Europeia de Imagiologia Oncológica, uma das áreas emblemáticas do Plano Europeu de Luta contra o Cancro, que visa promover a inovação e a implementação de tecnologias digitais no tratamento e nos cuidados oncológicos, a fim de tornar a tomada de decisões clínicas, o diagnóstico, os tratamentos e a medicina preditiva mais precisos e mais rápidos para os doentes oncológicos.
Marina Zanchi colocou a tónica na colaboração e nas sinergias, rejeitando o trabalho isolado de cada programa ou projeto. Em seu entender, o caminho é a colaboração intersetorial, tendo em vista um objetivo comum, permitindo ganhos de eficiência com a partilha de recursos e de conhecimento. «A esperança torna-se tangível também graças aos programas de financiamento europeus», declarou.
Prevenção é essencial
A diretora-geral da Saúde da Comissão Europeia, Sandra Gallina, defendeu que o financiamento é essencial para o combate ao cancro, mas os resultados não são imediatos, e colocou a tónica na prevenção como arma fundamental contra a doença oncológica.
Falando na iniciativa da Agência Executiva Europeia da Saúde e do Digital (HaDEA), esta responsável lembrou que Jacques Delors dizia que «uma política sem dinheiro é uma política sem pernas», por isso «o dinheiro é um instrumento para alcançar o objetivo fundamental na Europa de derrotar o cancro».
Em seu entender, é preciso haver continuidade no investimento e a certeza que o dinheiro está a ser bem gasto. No entanto, advertiu que não há resultados imediatos no domínio da saúde.
A dirigente da Direção-Geral da Saúde e da Segurança dos Alimentos destacou a importância da prevenção, recordando que 40% dos cancros são preveníveis. Apontou as campanhas europeias para aumentar a taxa de vacinação que ajudam a prevenir o cancro, como o papiloma, e os programas de rastreio, apelando à participação dos estados-membros neste esforço coletivo.
Em matéria de diagnóstico, referiu a canalização de 90 milhões de euros para a rede europeia de centros de cancro. No tocante à qualidade de vida dos doentes e sobreviventes do cancro, destacou a rede europeia de jovens sobreviventes de cancro.
A HaDEA foi criada em 2021, com a missão de «implementar ações que fortaleçam a Europa nos domínios da saúde, segurança alimentar, tecnologias e redes digitais, indústria e espaço».
Esta instituição trabalha no sentido de «permitir que a sociedade europeia se torne mais saudável, resiliente e justa e que a indústria europeia se torne mais competitiva».
A HaDEA garante que os projetos que financia «produzem resultados concretos que beneficiam a vida de todos os cidadãos da UE e fornecem à Comissão Europeia um valioso contributo para as suas políticas».