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Comité das Regiões considera inconcebível centralização do orçamento da UE

Comité das Regiões considera inconcebível centralização do orçamento da UE
Fotografia DM

Luísa Teresa Ribeiro

Chefe de Redação

Publicado em 07 de outubro de 2024, às 12:33

Vasco Cordeiro diz que está em causa o futuro do projeto europeu.

O presidente do Comité das Regiões, Vasco Cordeiro, considera «inconcebível» a possibilidade de centralização da gestão do próximo quadro financeiro plurianual da União Europeia (UE) em Bruxelas e nos governos dos Estados-membros.

O responsável pelo órgão consultivo que representa o poder local e regional respondia aos jornalistas sobre as notícias que dão conta de que o primeiro esboço do modelo de gestão para as verbas a partir de 2028 aponta no sentido da centralização do orçamento europeu a longo prazo.

Em seu entender, no caso de se vir a confirmar o novo modelo, isso representa «a completa obliteração do papel e da participação das regiões e municípios no futuro da Política de Coesão, o que é inaceitável». Para além disso, «põe em causa a confiança» naquilo que tem sido dito nos tempos recentes sobre o compromisso com o futuro da Política de Coesão.

«Se as notícias são verdadeiras, nós não estamos a falar apenas do papel das regiões e das cidades. Estamos a falar do futuro do projeto europeu», declarou esta manhã, na conferência de imprensa conjunta com a comissária da Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, que marcou o arranque da 22.ª Semana Europeia das Regiões e dos Municípios, que decorre até quinta-feira, em Bruxelas.

«Como é que é possível considerar que este projeto, que se alicerça num objetivo essencial de garantir a coesão territorial, económica e social, pura e simplesmente pretende, se as notícias são verdadeiras, vir a excluir as regiões e as cidades? Pretende vir a excluir quem operacionaliza, quem é responsável por cerca de 50% do investimento? Isso é inconcebível», declarou.

Na sua opinião, estão em causa «duas visões completamente diferentes daquilo que deve ser a Europa no futuro».

Contrastando com a indignação de Vasco Cordeiro, Elisa Ferreira mostrou-se cautelosa ao afirmar que «nem tudo que sai nas notícias é a realidade» e que «há coisas que vão sendo postas na agenda e que geram reações». 

«Eu continuo a acreditar, até porque há compromissos muito sérios por parte da presidente que se mantém. Há textos, há todo um trabalho muito sério que foi feito. Há muitos parceiros e outras instituições, como os próprios Estados-Membros, o Comité das Regiões, as regiões, o Parlamento Europeu», disse.

A comissária admite que, na Política de Coesão, «há melhorias a fazer, há simplificações com certeza, mas há elementos que não podem ser atirados fora. E esses elementos são reconhecer a diversidade dos espaços, reconhecer o papel das regiões e dos municípios e ter, de facto, um objetivo de fundo, que é o objetivo de crescermos juntos».

«Como se sabe, a Política de Coesão não é perfeita, nada é perfeito na vida, mas o essencial da Política de Coesão, penso eu, vai ser mantido, confio nisso, porque confio nos compromissos políticos a que assisti e que foram feitos com os cidadãos da Europa», acrescentou.

A responsável argumentou que foram dadas «provas de que a política funcionou e a política aguentou as regiões e a Europa em períodos que a teriam destruído se não fosse esta resposta imediata». «Para além disso, nós olhamos para o que é o hoje a Europa, com uma quantidade de países, a Polónia, a Lituânia, a Roménia, com um crescimento que nunca tinham tido na sua história, e muito dele, não digo todo, mas muito dele, é devido à Política de Coesão», referiu, acrescentando que, pelo facto de também beneficiar quem apoia, esta política tem sido reconhecida internacionalmente como «uma máquina de convergência». 

*Em Bruxelas, a convite da Comissão Europeia e do Comité das Regiões.