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UE esgota hoje recursos de 2024, segundo organizações ambientalistas

UE esgota hoje recursos de 2024, segundo organizações ambientalistas
Fotografia NASA

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 03 de maio de 2024, às 15:26

Organizações ambientalistas que o modo de consumo da UE é “insustentável e irresponsável”.

Os recursos do planeta disponíveis para este ano terminariam esta sexta-feira se todas as pessoas do mundo consumissem como a União Europeia (UE), o que é “insustentável e irresponsável”, segundo organizações ambientalistas.

Com o chamado “Dia da Sobrecarga do Planeta” para a UE a ser atingido esta sexta-feira, mais de 300 organizações da sociedade civil instam os líderes da União Europeia a “enfrentar as crises da natureza, do clima e da poluição após as próximas eleições europeias”.

O apelo é feito numa carta aberta divulgada esta sexta-feira, assinada também pelas organizações portuguesas Liga para a Proteção da Natureza (LPN), Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), Associação Natureza Portugal/Fundo Mundial para a Natureza (ANP/WWF) e Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável.

Os subscritores pedem aos chefes de Estado e de Governo, aos presidentes da Comissão, do Conselho e do Parlamento da UE, e aos eurodeputados, “para que assumam o compromisso político de trabalhar no sentido de uma economia com impacto neutro no clima, com poluição zero e positiva para a natureza”. Salientam no documento que se as populações mundiais seguissem os padrões de consumo da UE a humanidade começava a partir de hoje a consumir a crédito, utilizando recursos que só deviam ser usados no próximo ano.

A carta aberta, dizem as organizações, surge na sequência “dos inéditos e preocupantes recuos nas políticas ecológicas nos últimos meses”, com a “sua instrumentalização para ganhos eleitorais a curto prazo”. Segundo as organizações subscritoras, é preciso que os decisores políticos aprofundem e acelerem o Pacto Ecológico Europeu, aumentem radicalmente os investimentos públicos em clima, ambiente e justiça social, e “reforcem a governação da UE, a democracia e a participação efetiva da sociedade civil”.

Lembrando que as sociedades e economias dependem do que a natureza fornece, dos alimentos e água a madeira e outros materiais, além da absorção do carbono, as organizações salientam que embora a UE represente apenas 7% da população mundial seriam necessários três planetas para satisfazer a procura se toda a gente na Terra vivesse como os europeus.

As consequências desse consumo insustentável incluem a desflorestação global, a perda de biodiversidade, o colapso dos 'stocks' de peixes, a escassez e poluição da água, a erosão dos solos, a poluição atmosférica e as alterações climáticas. As alterações do clima estão a provocar fenómenos meteorológicos extremos mais frequentes, com a Europa no caminho de aumentos de temperatura duas vezes superiores aos de outros continentes, alertam.

Lembrando que há eleições europeias no próximo mês, os subscritores da carta dizem que o ato eleitoral é a grande oportunidade para inverter a situação, tornando prioridade política a tripla crise do planeta: alterações climáticas, perda de biodiversidade e poluição.

O cálculo para determinar o dia da sobrecarga do planeta é feito pela organização internacional “Global Footprint Network”. Portugal atinge no próximo dia 28 o fim dos seus recursos para este ano, o que significa que se todas as pessoas do planeta vivessem como os portugueses os recursos para este ano esgotavam-se nesse dia. No ano passado Portugal esgotou mais cedo os recursos para o ano, a 7 de maio.

Segundo a “Global Footprint Network” este ano o primeiro país a esgotar os recursos foi o Qatar, logo a 11 de fevereiro, seguindo-se o Luxemburgo, no dia 20, os Emirados Árabes Unidos, a 4 de março, e os Estados Unidos, a14 de março. Os últimos países a esgotar os seus recursos serão o Equador e a Indonésia, a 24 de novembro, o Iraque a 15 e a Jamaica a 12.