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Sem mais financiamento e reforma global é impossível atingir desenvolvimento sustentável, diz a ONU

Sem mais financiamento e reforma global é impossível atingir desenvolvimento sustentável, diz a ONU
Fotografia DR

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 10 de abril de 2024, às 12:45

Segundo um relatório hoje divulgado

A Organização das Nações Unidas (ONU) avisou que sem um aumento robusto do financiamento para 4 biliões de dólares por ano e uma reforma abrangente da arquitetura financeira global, é impossível cumprir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

"Uma revisão das necessidades de investimento sugere que o défice de investimento nos vários setores dos ODS aumentou de 2,5 biliões de dólares [2,3 biliões de euros] em 2015 para 4,2 biliões de dólares [3,8 biliões de euros] por ano hoje, devido a subinvestimento e necessidades adicionais", lê-se no relatório divulgado em Nova Iorque.

O 'Relatório do Financiamento para o Desenvolvimento Sustentável 2024: Financiamento para o Desenvolvimento numa Encruzilhada' é o resultado do contributo de mais de 60 agências da ONU e parceiros internacionais, apontando as necessidades e fazendo uma análise sobre o que é preciso para que os países cumpram os ODS até 2030.

"Este relatório é mais uma prova do quão longe e quão rápido ainda precisamos de agir para atingir a Agenda de 2030", afirmou a secretária-geral-adjunta da ONU, Amina J. Mohammed, avisando: "Estamos mesmo numa encruzilhada e o tempo está a esgotar-se; os líderes têm de ir além da retórica e apresentar resultados, porque sem financiamento adequado os objetivos de 2030 não vão ser alcançados".

O dinheiro, acrescentou o secretário-geral-adjunto para os Assuntos Económicos e Sociais, Li Junhua, não é o maior problema: "Estamos a passar por uma crise do desenvolvimento sustentável, para a qual as desigualdades, a inflação, a dívida, os conflitos e as catástrofes ambientais contribuíram, e são precisos recursos, mas o dinheiro está lá, há milhares de milhões de dólares que são perdidos anualmente devido a fraude e evasão fiscal, e os subsídios aos combustíveis fósseis situam-se nos biliões, portanto não há falta de dinheiro, há é falta de vontade e empenho", afirmou.

No relatório, a ONU lembra que faltam apenas seis anos para a meta dos ODS, alerta que os ganhos de desenvolvimento estão a ser revertidos, particularmente nos países mais pobres, e salienta que até 2030 continuará a haver mais de 600 milhões de pessoas a viver em pobreza extrema, mais de metade das quais são mulheres.

Os maiores défices de financiamento situam-se em África e no Médio Oriente, "onde as necessidades de capacitação precisam de crescer mais que dez vezes até 2030, implicando um investimento cumulativo de 1,36 biliões de dólares [1,25 biliões de euros]", num contexto em que as necessidades de investimentos na transição energética são dificultadas pelo elevado custo do capital nestes países.

"O custo elevado do capital, particularmente nos países em endividamento excessivo ou com ratings de elevado risco, é um forte obstáculo à mudança do investimento para ativos de energia renovável", alerta ainda a ONU, salientando que o custo de servir a dívida nos países menos desenvolvidos é de 40 mil milhões de dólares, quase 37 mil milhões de euros anualmente entre 2023 e 2025, uma subida superior a 50% face aos 26 mil milhões de dólares (24 mil milhões de euros) em 2022.

O relatório agora apresentado em Nova Iorque serve de chamada de atenção para a comunidade internacional, assume a ONU, que apresenta a Cimeira do Futuro, em setembro, como "uma oportunidade crucial para mudar de trajetória" e aponta a Quarta Conferência Internacional sobre o Financiamento para o Desenvolvimento (FfD4), em Espanha no próximo ano, como "um momento crítico para os países fecharem o défice de financiamento para o desenvolvimento e investirem nos ODS".