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Um quarto dos alunos de 15 anos da OCDE podem não conseguir interpretar textos simples

Um quarto dos alunos de 15 anos da OCDE podem não conseguir interpretar textos simples
Fotografia DR

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 05 de dezembro de 2023, às 10:53

Um em cada quatro jovens de 15 anos dos países da OCDE tem um fraco desempenho em Matemática, Leitura e Ciências.

Um em cada quatro jovens de 15 anos dos países da OCDE tem um fraco desempenho em Matemática, Leitura e Ciências, segundo um estudo internacional, que alerta que podem não conseguir utilizar algoritmos básicos ou interpretar textos simples.

Cerca de 690 mil alunos de 81 países e economias participaram no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) realizando provas de Matemática, Leitura e Ciência e os resultados apontam para uma descida “sem precedentes” das capacidades dos alunos dos países da OCDE.

Em Portugal, participaram quase sete mil estudantes de 224 escolas que também tiveram piores resultados a Matemática e a Leitura, quando comparados com os colegas que fizeram os testes do PISA de 2018, refere o relatório da OCDE hoje divulgado. O estudo refere que um em cada quatro alunos dos países da OCDE teve um fraco desempenho, o que significa que “podem ter dificuldade em realizar tarefas como utilizar algoritmos básicos ou interpretar textos simples”.

A tendência é mais acentuada em 18 países e economias, onde "mais de 60% dos jovens de 15 anos estão a ficar para trás". Portugal não aparece nessa lista, apesar de ter baixado os seus resultados, em especial a Matemática. No geral, “o declínio no desempenho em Matemática é três vezes maior do que qualquer outra alteração consecutiva anterior”, sublinha o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Mathias Cormann.

As provas internacionais foram realizadas quando os países ainda estavam a lidar com os impactos da pandemia de Covid-19 e, por isso, os investigadores salientam que os resultados poderiam refletir os efeitos na aprendizagem do confinamento ou do ensino à distância, uma vez que se realiza de três em três anos, desde 2000. No entanto, os investigadores consideram que a descida dos resultados “só pode ser parcialmente atribuída à pandemia”, lembrando que os resultados em Leitura e Ciências já estavam a piorar em alguns países antes da pandemia. Também a Matemática, já havia sintomas de agravamento dos desempenhos antes de 2018, como foi o caso da Bélgica, Canadá, Finlândia ou França.

Os investigadores entendem que não se pode fazer uma relação direta entre o encerramento de escolas induzido pela pandemia e o declínio do desempenho dos alunos, tendo em conta os resultados agora conhecidos. Cerca de metade dos alunos dos países da OCDE estiveram mais de três meses isolados, mas os resultados do PISA não revelaram uma diferença clara nas tendências de desempenho entre sistemas educativos em que as escolas estiveram menos tempo encerradas, como a Islândia ou a Suécia, e os países onde o isolamento foi mais prolongado, como aconteceu no Brasil, na Irlanda ou na Jamaica.

Apesar das circunstâncias difíceis, 31 países e economias conseguiram, pelo menos, manter o seu desempenho em Matemática desde o PISA 2018. Foi o caso da Austrália, Japão, Coreia, Singapura e Suíça, que mantiveram ou aumentaram ainda mais os já elevados níveis de desempenho dos alunos, com pontuações que variaram entre os 487 e 575 pontos (quando a média da OCDE foi de 472 pontos).

Os investigadores concluíram que o que une estes sistemas de ensino são encerramentos de escolas mais curtos, mas também menos obstáculos à aprendizagem à distância e o apoio contínuo de professores e pais. Em Portugal, os estudantes obtiveram 472 pontos a Matemática, ou seja, menos 20,6 pontos do que nas provas realizadas em 2018, surgindo entre os 19 países que baixaram mais de 20 pontos.

Três em cada dez alunos portugueses não conseguiram demonstrar ter conhecimentos mínimos a Matemática, ou seja, não atingiram o nível dois numa escala de seis valores. A Leitura, os estudantes das escolas portugueses obtiveram 477 pontos, o que representa uma descida de 15,2 pontos em relação a 2018, mas 77% conseguiram atingir, pelo menos, o nível dois, ficando acima da média da OCDE (74%). Já a Ciências, Portugal surge como um caso de sucesso ao contrariar a tendência de agravamento dos resultados: Em 2022, obtiveram 484 pontos, menos 7,3 pontos do que em 2018.