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Nanopartículas usadas em dentrifícos provocam alterações no fígado do pregado

Nanopartículas usadas em dentrifícos provocam alterações no fígado do pregado
Fotografia Unsplash

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 21 de setembro de 2023, às 09:37

Investigadores do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental concluíram que a ingestão de nanopartículas de dióxido de titânio, usadas na composição de produtos de higiene e dentífricos, provoca alterações celulares no fígado do pregado

 

Em comunicado, o centro da Universidade do Porto adianta que a investigação permitiu compreender o impacto das nanopartículas de dióxido de titânio na aquacultura e no meio marinho.

As nanopartículas de dióxido de titânio integram a composição de vários produtos, como protetores solares, cremes e pastas dos dentes.

Em declarações à Lusa, a investigadora Elza Fonseca explicou que a avaliação do impacto destas nanopartículas é “essencial para garantir a viabilidade dos ecossistemas marinhos”.

“A utilização inevitável de nanopartículas nas nossas vidas enquanto consumidores e a subsequente presença no meio ambiente faz-nos questionar quais as implicações para os organismos aquáticos, incluindo aqueles criados em aquacultura, e consequentes riscos associados ao consumo de produtos contaminados”, salientou.

Publicado no Journal of Hazardous Materials, o estudo procurou analisar os diferentes efeitos provocados pela ingestão destas nanopartículas em pregado, uma espécie produzida em aquacultura e com interesse comercial.

A equipa analisou o efeito da ingestão de nanopartículas de dois tamanhos diferentes e quantificou a presença nos tecidos expostos e não expostos dos peixes.

“Não houve mortalidade, nem se observaram diferenças comportamentais” nos dois grupos que ingeriram as nanopartículas, esclareceu.

Os investigadores decidiram ainda avaliar o estado do fígado do pescado, dado o papel fundamental deste órgão na destoxificação.

“Embora tenham ocorrido alterações ao nível do fígado há lugar para boas notícias”, destaca o CIIMAR, esclarecendo que apesar das nanopartículas estarem cada vez mais presentes no ambiente, “parecem não ser tão tóxicas” como as nanopartículas de prata, uma vez que “os peixes têm a capacidade de excretar estas substancias através das fezes”.

“O facto de estas nanopartículas não acumularem nos tecidos examinados não significa que não perturbem o equilíbrio do organismo até serem excretadas”, referiu Elza Fonseca, alertando para a necessidade de não se desvalorizar a presença destas nanopartículas no ambiente.

A investigação foi desenvolvida ao abrigo do projeto Nanoculture, financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do Programa Interreg Espaço Atlântico.