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Marrocos/Sismo: Da aldeia de Tafeghaghte resta a escola e só metade da população

Marrocos/Sismo: Da aldeia de Tafeghaghte resta a escola e só metade da população
Fotografia LUSA/TIAGO PETINGA

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 11 de setembro de 2023, às 17:13

O sismo matou cerca de 100 pessoas em Tafeghaghte, metade da população da aldeia.

Uma escola primária recém-construída foi o único edifício que ficou intacto em Tafeghaghte, em Marrocos, onde o sismo de sexta-feira matou cerca de 200 pessoas, metade da população da aldeia.

O cenário é de devastação total nesta pequena aldeia à entrada do Atlas, cerca de 60 quilómetros a sul de Marraquexe, cuja região foi atingida por um terramoto na noite de sexta-feira, que causou mais de dois mil mortos e acima de dois milhares de feridos. “Nenhuma casa ficou de pé. Estão todos mortos. A aldeia cheira a mortos”, resumiu Abdil.

O homem, que trabalha a fazer pequenos biscates, lamentou: “Perdi o meu pai, a minha casa e o meu dinheiro”. “Está aqui um grande problema”, diz um jovem, de olhos inchados.

As casas, de adobe e algumas também com pedra ou tijolo, ficaram reduzidas a um monte de destroços. De uma habitação, só sobrou a ombreira da porta de entrada. De muitas outras, nem isso.

Entre o tom cinzento da terra e dos escombros, destaca-se um pedaço de uma parede que se manteve intacta e onde estão pendurados uns casacos coloridos. Um carro azul está completamente coberto por pedras, após o desabamento da garagem.

A escola, um edifício colorido um pouco mais distante do centro da aldeia, permaneceu de pé, embora a estrutura exiba algumas fissuras. Cabras, galinhas, burros e cães passeiam livremente entre os escombros.

Nesta aldeia berbere, impera o silêncio e a consternação dos sobreviventes, que se sentam à beira da estrada de terra batida ou a observar a retroescavadora que vai removendo os escombros. Toda a população está alojada em tendas e hoje os habitantes transportavam almofadas e cobertores que tinham chegado à aldeia. As ajudas vêm do Governo e de associações, que entregam comida, colchões e mantas.

Omar sobe um monte de escombros e aponta: “Aqui havia uma rua”, que hoje é impossível de descortinar. No domingo, enterrou mesmo ali ao lado alguns dos seus familiares.

O cemitério é um terreno descampado, com meia dúzia de campas. Dezenas de pedras espetadas assinalam o local onde estão sepultados os mortos. “Eu estou bem, não é por mim, mas aqui ficou tudo destruído. Peço a todas as pessoas de boa vontade que ajudem a minha aldeia”, apelou Omar.