A equipa feminina do ABC conseguiu antecipadamente um apuramento inédito para as competições europeias, depois de no último sábado ter vencido o Gil Eanes (22-21). Graças a estes 40 pontos somados no campeonato, a formação liderada por Fernando Fernandes vai lutar pelo título de campeão da I Divisão, juntamente com Benfica, Madeira SAD e S. Pedro do Sul ou Almeida Garrett.
Diário do Minho (DM) – Qual foi o grande ingrediente para este sucesso recente?
Fernando Fernandes (FF) – O ingrediente para o apuramento histórico foi a união, espírito de sacrifício, resiliência e, acima de tudo, solidariedade. Estas atletas são umas verdadeiras guerreiras!
DM – Até onde pode chegar esta equipa?
FF – Dentro do balneário brincamos muito com até onde podemos ir… Esta equipa não pára de nos surpreender, quando pensamos que vem tudo contra nós, eis que nos reinventamos, superamos e conseguimos atingir mais um marco inédito. Portanto, não lhe consigo responder a essa pergunta…No entanto, vamos por mais e melhor. Tem sido o nosso apanágio.
DM – Qual foi o momento mais difícil da época?
FF – Foi sem dúvida as inúmeras lesões que tivemos no plantel. A dado momento da época ficámos sem oito atletas lesionadas, atletas de seleção nacional. Obviamente foi o momento mais difícil e decisivo, porque foi quando a equipa se uniu, ainda mais, acertámos agulhas no que diz respeito ao nosso modelo de jogo, readaptámo-nos, e aqui tenho que tirar o chapéu às minhas atletas, porque acreditaram cegamente na ideia arriscada da equipa técnica e conseguimos colher os frutos.
DM – O que acabou por ser diferente este ano em relação aos anteriores?
FF – Os outros anos foram os anos do quase… Quase que nos apurámos para a final-four da Taça de Portugal, quase que nos qualificámos para as competições europeias. Por exemplo, no ano passado ficámos a um ponto da qualificação europeia. Foi um momento muito duro na última jornada, tinha o balneário todo de rastos, eu inclusive. Mas, olhando para trás, deu-nos uma experiência, uma aprendizagem enorme, para sabermos competir nestes momentos das decisões sobre grande pressão.
DM – O que falta a este ABC para ser campeão no feminino?
FF – Como tenho vindo a dizer, passo a passo e construindo o nosso caminho. O ABC é um clube enorme no panorama nacional no género masculino, isso acarreta mais responsabilidade. No entanto, estamos a dar passos consistentes e época após época, estamos a fazer mais e melhor. Para ser campeão é necessária uma realidade financeira, que não possuímos, que se equipare aos orçamentos de Benfica, Madeira SAD e São Pedro do Sul. O clube tem vindo a crescer no género feminino e a direção tem investido para nos dar as melhores condições de trabalho possíveis. Por isso…
DM – Olhando ao seu percurso como treinador, o que lhe falta fazer no andebol?
FF – Eu diria que tudo, ou quase tudo. Sou novo, sou uma pessoa apaixonada pelo andebol e sinto que tenho muito para dar e conquistar. Enquanto me sentir motivado e desafiado irei tentar todos os anos mais e melhor.
DM – De que forma é que também o Fernando Fernandes evoluiu nos últimos anos?
FF – Bastante. É incrível retroceder e verificar como era e como estou agora. Há uma mudança muito grande, desde logo com a experiência ganhamos um maior poder de antecipação em todos os domínios. Na componente técnico-tática uma bagagem diferenciada nas análises pré, durante jogo e pós jogo. No domínio emocional um maior controlo. A partilha e a busca de conhecimento é um fator muito importante e que me ajudou a evoluir imenso, nomeadamente em contactos com treinadores mais experientes e detentores de currículos relevantes na modalidade, na partilha constante com alguns treinadores que, curiosamente, são meus adversários no campeonato.