O técnico do SC Braga, Carlos Carvalhal, sublinhou hoje o crescimento da equipa mas também reconheceu que «ainda não está tudo bem». O treinador, que falava em conferência de imprensa de antevisão do jogo de amanhã (20h15), frente ao Estoril, divulgou ainda que Zalazar e Paulo Oliveira estão aptos a ir a jogo
O SC Braga vem de três vitórias e sem sofrer golos. O que é que refletem esses números?
«Significa trabalho, acima de tudo trabalho, uma dedicação muito grande dos jogadores, um empenho muito grande também. Têm tido uma atitude absolutamente fantástica no dia a dia, a equipa tem vindo a evoluir, tem vindo a melhorar, mas como disse no final do jogo nas Aves não está tudo perfeito, ainda cometemos erros, temos muitas coisas para melhorar, muitas mesmo. O nosso foco está em melhorar aquilo que pensámos que a equipa tem ainda de margem para progredir, tem uma margem de progressão muito grande. Ao mesmo tempo, esse é o nosso foco e obviamente, falando do Estoril, o foco esteve na maioria de situações relacionadas com o nosso jogo nestes dias».
Que Estoril espera amanhã?
«O Estoril mudou de sistema, creio que se encontrou, digamos assim, pois os jogadores estão confortáveis. Fez um jogo excelente contra o Famalicão, que é uma das boas equipas do campeonato. Estamos à espera de dificuldades, mas sabemos também que o Estoril vai encontrar um SC Braga moralizado, a jogar em casa com o apoio dos adeptos, aos quais agradeci pela presença na Vila das Aves e pela forma emotiva e efusiva como ajudaram a equipa. É isso que queremos para amanhã, com uma massa adepta a ajudar, verdadeiramente a apoiar porque esta equipa pode conseguir mais uma vitória».
O facto da equipa não sofrer golos há três jogos tem a ver com a nova disposição tática da defesa?
«Tem a ver com trabalho. Se atentarmos para a equipa que tem vindo a jogar nos últimos três jogos, o que é que nós vemos? Vemos um lateral a jogar a central, vemos dois alas que são extremos, são dois laterais que são extremos de raiz, com três avançados dentro do campo, um médio mais de contenção e o João Moutinho, que é um jogador de quebra-linhas e que consegue chegar à frente. Aliás, como o Vitor Carvalho também consegue chegar. Estamos a falar de uma equipa marcadamente de cariz ofensivo e não sofrer golos significa que a equipa está a ter equilíbrio. Ou seja, é uma equipa ofensiva que cria muitas oportunidades, porque tem criado, mas temos que melhorar a eficácia ofensiva, e defensivamente é uma equipa que está a conseguir equilibrar-se até o momento não sofrer golos. Acima de tudo, isto significa trabalho e a equipa tem ainda muita margem de evolução»
Que Estoril espera?
«Nós vimos o jogo com o Famalicão. Venceu de uma forma convicta. Isso espelha que é uma equipa que está com capacidade para disputar os três pontos com qualquer outra.É uma equipa que melhorou significativamente a sua qualidade de jogo, é uma equipa que tem boas individualidades também, o treinador organiza muito bem as equipas, portanto estamos à espera de dificuldades. Mas temos o outro lado, que é o adversário do Estoril, um SC Braga que está em crescendo, que tem vindo a melhorar. Que não é uma equipa perfeita, mas está a trabalhar para conseguir melhorar os seus processos em todos os níveis. E nós o queremos amanhã é que a equipa dê nota dessa evolução, que faça o jogo melhor do que aquilo que tem feito, que melhore em muitos aspetos e que, conjuntamente com a massa associativa, consigamos todos uma vitória, que é o nosso grande objetivo para o jogo de amanhã»
O SC Braga vai entrar em mais dois meses de grande densidade competitiva, que pode ter 14 ou 15 jogos se chegar à final da Taça da Liga e também vem aí o mercado de inverno. Haverá a necessidade ir buscar novos jogadores?
«No último jogo jogou o Gharbi na esquerda, o Bruma também o pode fazer e temos laterais-ofensivos. Não temos outros com vocação de 'carrileros' mas temos outras opções que nos agradam, tal como o Víctor Gómez, exatamente se for necessário porque é um lateral ofensivo, o Yuri Ribeiro também, são laterais ofensivos. Entendo a pergunta, faz sentido, porque não são, digamos, jogadores com a vocação de corredor como são estes dois, mas qualquer destas soluções nos agrada. Inclusive o João Ferreira pode também jogar com o lateral direito no corredor. Neste momento estamos focados na nossa equipa, nos nossos jogadores. Dar oportunidade para que os nossos jogadores possam crescer com o crescimento coletivo. Depois, obviamente, que acarreta também o crescimento individual. E a imagem que nós temos, às vezes, de um jogador há três semanas pode ser diferente daqui a uma ou duas. Porque é uma questão de oportunidades, é uma questão, muitas vezes, do coletivo funcionar. E nós já olhámos para o jogador, se calhar, de uma forma diferente. E depois, em janeiro, vamos ter tempo para fazer um ou outro reajuste, se for necessário. Nós já o dissemos aqui publicamente, falámos com o presidente sobre isso. Estamos de acordo e alinhados e a fazer alguma coisa será pontual».
Paulo Oliveira e Zalazar já estão efetivamente aptos para este jogo? O facto de ter apostado no mesmo onze nos últimos três jogos quer dizer que já encontrou finalmente um onze base?
«O Paulo Oliveira e o Rodrigo treinaram normalmente esta semana. Estão considerados aptos e, neste momento, não temos ninguém no departamento médico, o que é fantástico. Demorámos muitas semanas, muitas semanas de trabalho mesmo. Conseguimos encontrar um certo equilíbrio entre o trabalho e a competição e, neste momento, não temos absolutamente nenhuma lesão. O que é excelente. Permite-me ter alguma dor de cabeça a fazer a convocatória, coisa que não tinha há duas ou três semanas. O que é bom. Quanto ao onze base, o facto de temos repetido nos três últimos jogos não quer dizer que amanhã seja o mesmo onze. Pode haver alterações. Vamos entrar num ciclo intenso de jogos outra vez. Ou melhor, nós não saímos do ciclo dos jogos muito denso, com muita competitividade. . Perdoem-me eu voltar ao tema. Não sei se viram as afirmações do presidente de Galatasaray, mas se calhar é bom ver... Ele está indignado pelo facto de o Galatasaray não ter jogado na segunda-feira e ter jogado no domingo. Empataram a dois golos em casa. Não adianta criar um tabu. Eu já o disse há depois do jogo nas Aves. Jogar 72 horas depois de um jogo, isso quer dizer que a equipa não está recuperada para jogar. Mas pode ganhar o jogo, não é mesmo... atenção. Pode correr, mas não está recuperada para jogar. E estou a falar disto depois de uma vitória, porque se fosse após uma derrota iam dizer que estava a arranjar desculpas. Portanto, é uma boa altura para eu voltar falar sobre isto. Também estive atento à elaboração dos próximos jogos no calendário e felizmente no ciclo de jogos que temos marcado não temos nenhum jogo a 72 horas. Estão todos a 96 horas ou mais depois. O que para nós não significa facilidade porque mesmo em 96 horas os jogadores não estão totalmente recuperados, mas estão em condições mínimas, digamos assim, para poder jogar. Isto vai ser importante para atacar esta sequência de jogos, para evitar lesões também. Vamos esperar que elas não aconteçam com tanta frequência, porque não vamos jogar no limite da transgressão, não estamos a pisar uma linha vermelha. E vamos esperar que as coisas aconteçam naturalmente e que a equipa possa seguir o seu caminho, evoluir e encarar todos os jogos com todos os jogadores.».
Houve outro trabalho que não o tático para ir erradicar os “erros infantis” que a equipa vinha cometendo?
«A grandeza do Braga faz esse trabalho. Vieram muitos jogadores de campeonatos diferentes, que jogavam uma vez por semana, que se perdessem não era drama. De repente, estamos a falar de vários jogadores que entram num contexto de exigência máxima. Por vezes a consciencialização disso passa por um mau resultado, por um drama nos adeptos, sentir que os colegas que estão cá há mais tempo, estão de rastos por perder um jogo. A normalidade passou a ser outra para eles. Foram vários. O mesmo acontece com os erros. Um erro numa equipa que desce de 12º para 14º não é relevante. Uma expulsão que muda um jogo aqui, o jogador sente o mundo a cair em cima. Isto levou a que o crescimento dos jogadores acelerasse, perante outra consciência. A exigência do ganhar é diferente, educa-se. Estamos no bom caminho. Não estamos a falar de barriga cheia, estamos no bom caminho com os jogadores a crescerem individualmente».