Referência histórica do clube pelos golos marcados, Ricardo Horta assinalou mais um marco com a camisola do SC Braga na tarde do último domingo, na receção ao Estoril, tornando-se o segundo jogador da história dos arsenalistas com mais jogos oficiais realizados (348), só atrás de José Maria Azevedo (405), antigo defesa que fez parte da equipa que venceu a Taça de Portugal em 1966. Num percurso na Pedreira que começou em 2016/17, o internacional português foi treinado por José Peseiro na época de estreia em Braga.
«O Ricardo chegou ao SC Braga depois de uma época menos boa no Málaga. Teve de mostrar o seu valor, que eu sabia que tinha, porque conhecia o potencial do jogador, mas é evidente que não imaginava, naquela altura, que seria tão determinante para a história do SC Braga e para o campeonato português. O potencial e qualidade estavam lá, por isso é que o quisemos no plantel, mas houve um processo de adaptação, de afirmação – no início até nem foi titular. Fico feliz por ele, por subir degraus, por ter feito tantos sacrifícios», destaca o atual selecionador da Nigéria, em declarações ao Diário do Minho.
«Quando esteve para ir para o Benfica nunca deixou de ser profissional. Essa é, talvez, a maior referência que podemos ter dele. O Ricardo não perdeu o foco, continuou a trabalhar afincadamente. E isso não é fácil. Manteve o nível de empenho e determinação, sendo também determinante para a equipa. Essa é, talvez, a referência máxima, porque não se vê muito isso num jogador que tem uma oportunidade de ir para um clube com outra dimensão. Continuou a suar a camisola, a ter uma capacidade de trabalho enorme. Fez uma grande época [2022/23], está a fazer outra temporada espetacular... O que posso dizer mais? Resta-nos tirar o chapéu e aplaudir de pé: os adeptos, os colegas, presidente e o futebol português», acrescenta José Peseiro sobre o capitão dos guerreiros, ele que já apontou 119 golos pelo SC Braga. «Não se lesiona facilmente e parece que faz as coisas sem esforço, com naturalidade. Só os génios é que fazem as coisas com essa naturalidade», completou Peseiro.
Goiano: «Ama o que faz e nunca reclama»
Marcelo Goiano, antigo capitão do SC Braga, desdobra-se em elogios ao camisola 21 dos guerreiros. «Gosta muito de treinar, de viver o futebol. É um jogador que, mesmo quando o treinador acabava os treinos, ele queria continuar. Os mais velhos queriam descansar, ele queria mais e mais», indicou, entre sorrisos, o ex-defesa direito dos arsenalistas, que partilhou o balneário com Ricardo Horta durante três épocas seguidas.
«É uma excelente pessoa, fácil de lidar, que todos os jogadores gostam de trabalhar. Dá-se bem com todos, nunca reclama e, como atleta, dispensa comentários. Chegou em 2016 e aos poucos foi conquistando o seu espaço. Gostei muito de trabalhar com ele e ajudou-nos bastante nos anos que passámos em Braga. Na altura, não pensava que ia chegar a este patamar de líder, pois era mais tranquilo, não gostava muito de se colocar nessa posição. Dava as suas opiniões, falava, mas nunca imaginei que chegasse a este nível destacado de liderança no balneário», expôs, lembrando o «exemplo de profissionalismo» que demonstrou quando esteve perto de reforçar o plantel do Benfica, no verão de 2022.
«Houve uma fase de turbulência, se saía do SC Braga ou não, mas quando se é profissional as coisas acontecem naturalmente. Mesmo sabendo que podia sair, continuou a trabalhar. E, como ama o que faz, fica mais fácil. Seja no SC Braga, Benfica ou outro, porque ele é profissional e ama o que faz», repetiu.
«É uma questão de tempo para ser uma referência ainda maior do SC Braga. Já fez história, mas tem tudo para continuar a fazer. Merece todo o sucesso por ser uma pessoa boa, um atleta altamente profissional e que ama o que faz diariamente», concluiu.