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Caçadores das Taipas, clube onde Juanico marcava o campo com o pai, faz 100 anos

Caçadores das Taipas, clube onde Juanico marcava o campo com o pai, faz 100 anos
Fotografia DM

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 22 de novembro de 2023, às 11:49

O prepara-se para comemorar o 100.º aniversário, esta quinta-feira.

O ex-futebolista Juanico reconhece que o Clube Caçadores das Taipas lhe “deixou marcas”, principalmente pela relação que ali firmou com o pai, quando o emblema do concelho de Guimarães se prepara para comemorar o 100.º aniversário, na quinta-feira.

Autor do livre ao ângulo superior esquerdo com que o Belenenses derrotou o Benfica na final da Taça de Portugal de 1988/89, José Alberto Peixoto da Silva nasceu junto ao Campo do Montinho, na vila termal de Caldas das Taipas, e deu ali os primeiros toques na bola, enquanto ajudava o pai, à época jogador do terceiro clube mais velho da Associação de Futebol de Braga (AF Braga), a seguir aos já centenários Sporting de Braga e Vitória de Guimarães. “Nasci praticamente no campo. O meu pai, na altura, era roupeiro e jogador do Taipas. Ajudei-o muitas vezes a dobrar as meias e a marcar o campo. Foi onde comecei a dar os primeiros passos como futebolista. (…) É um clube que deixou marcas, não só em mim, mas em toda a minha família”, recorda à Lusa o antigo médio de 64 anos.

O antigo internacional português sempre viu no pai, também ele Juanico, “um líder” que o “incentivou sempre a ir longe” no futebol, e ingressou nos escalões de formação do Vitória de Guimarães na adolescência, após “dar nas vistas” em torneios informais de verão.

Sem espaço nos seniores vitorianos, regressou ao clube da vila natal na época 1978/79 e ajudou-o, na temporada seguinte, a ascender pela primeira vez a um campeonato nacional, a III Divisão, numa equipa então liderada pelo brasileiro Jorge Gonçalves, um dos treinadores que mais o marcou na carreira, a par de António Morais, no Rio Ave de 1986/87. “O Jorge Gonçalves era jogador e treinador, uma pessoa fora de série. Lembro-me perfeitamente do jogo em que subimos. Foi em Pevidém [concelho de Guimarães]. Ganhámos 5-1 [ao CCD Coelima] e eu marquei o primeiro golo, de penálti”, recorda o ex-jogador que sobressaiu no Belenenses, clube pelo qual contabilizou 144 jogos oficiais entre 1987 e 1991.

A subida à III Divisão deu-se 57 anos depois da fundação do clube minhoto, em 23 de novembro de 1923, dia em que entregou os estatutos no então Governo Civil de Braga.

Depois de começar pela prática do tiro, o Caçadores das Taipas enveredou pelo futebol, quase sempre no lugar em que ainda hoje joga, e alcançou os patamares competitivos mais elevados na viragem do século XX para o século XXI, ao disputar os oitavos de final da Taça de Portugal na época 1998/99, na melhor das suas 24 participações na prova ‘rainha’, e ao sagrar-se campeã nacional da 3.ª Divisão em 2000/01.

O clube teve então jogadores que viriam a afirmar-se na I Liga, como Zé Manel (1997 a 1999), atacante que depois passou por Paços de Ferreira, Boavista ou Sporting de Braga, César Peixoto, atleta que ali despontou entre 1999 e 2001 e passou por FC Porto, Sporting de Braga ou Benfica, e o atual treinador do Desportivo de Chaves, Moreno, que ali jogou entre 2002 e 2004, emprestado pelo Vitória de Guimarães.

O emblema minhoto foi igualmente o ‘berço’ de Vanessa Marques, jogadora de 27 anos agora ao serviço do Famalicão, que se sagrou campeã nacional pelo Sporting de Braga na época 2018/19 e que soma 89 internacionalizações por Portugal, com 12 golos marcados.

Após disputar o Campeonato de Portugal em 2018/19, a última temporada a nível nacional, o Taipas desceu, no final da época transata, ao segundo escalão da AF Braga, a Divisão de Honra, e quer melhorar a situação financeira antes do eventual regresso a patamares superiores, após as dívidas se terem aproximado dos 150 mil euros em 2022, adianta à Lusa o presidente do clube, Bruno Ferreira.

À espera de aumentar o número de atletas nos escalões de formação dos 180 para os 200 ainda nesta época e de melhorar as infraestruturas até ao fim do mandato, em 2024, o dirigente de 34 anos assume que é uma “responsabilidade diferente” liderar o Caçadores das Taipas no centenário. “Ser presidente nunca foi sonho. Proporcionou-se. Claro que ser presidente no centenário é uma responsabilidade diferente, mas o que realmente importa é termos o clube da nossa terra como nos foi apresentado quando éramos novos”, refere.

Juanico, por seu turno, diz-se “um bocadinho triste” pela situação desportiva do Caçadores das Taipas, mas acredita no regresso às provas nacionais de um clube que, na sua juventude, atraía público suficiente para encher o Campo do Montinho e assistir a golos muito festejados pelo seu pai. “Vi várias vezes o meu pai dar cambalhotas quando o Taipas marcava. Por cada golo que marcava, era cada cambalhota que ele dava”, sorri.