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Francisco Neto diz que Rubiales gerou "partilha de tristeza" na seleção feminina

Francisco Neto diz que Rubiales gerou "partilha de tristeza" na seleção feminina
Fotografia FPF

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 14 de novembro de 2023, às 09:32

As jogadoras portuguesas entendem que o caso desviou as atenções do Mundial2023.

O treinador da seleção feminina de futebol, Francisco Neto, revelou na noite de segunda-feira, que as jogadoras portuguesas reagiram com tristeza ao caso Rubiales, que entendem ter desviado as atenções do Mundial2023, que "deveríamos estar todos a celebrar". 

Convidado no painel do debate “Desporto para Tod@s”, que contou também com a atleta olímpica Susana Costa, o atleta paralímpico Lenine Cunha e a árbitra de futebol, Sandra Bastos, no grupo de palestrantes, e em que se discutiram as assimetrias do desporto feminino e paralímpico face ao masculino, o treinador revelou a reação das atletas.  "Foi comentado pela tristeza. Temos muitas atletas que as conhecem, que partilharam balneários. A Dolores Silva esteve no Atlético de Madrid, a Tatiana Pinto tinha acabado de sair do Levante. Acima de tudo, a partilha da tristeza causada por um ato em que ninguém se revê, que não devia ter acontecido. Tirou algo que era de brilhante a uma equipa que, depois de um ano e tal de conflito interno, conseguiu agrupar-se e serem as melhores do mundo dentro de campo", constatou.

Francisco Neto destacou a evolução da modalidade com o Mundial e lamenta que a situação de alegada agressão sexual tenha desviado atenções daquilo que deveria ser um motivo de celebração. "Este foi o maior Campeonato do Mundo, aquele com mais visibilidade, onde tudo cresceu: a qualidade, a exigência, a dimensão fisiológica, os adeptos. Deveríamos estar todos a celebrar e acontecem este tipo de situações", concluiu.

Já a saltadora Susana Costa, que representou Portugal no Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, abordou os preconceitos de género a propósito do desporto feminino e como teve de ultrapassá-los dentro da sua própria casa. "Na minha cultura, as meninas de 15, 16 anos costumam ficar em casa a ajudar as mães e o desporto não era muito bem visto por isso. Arranjei uma estratégia para isso correr melhor, ser péssima a cozinhar. A minha mãe gostava de ter os filhos em casa, mas depois o meu treinador começou a ir mais vezes lá a casa, a chateá-la. [...] Tinha sorte que vivia num rés de chão, saltava da janela e muitas vezes fugia de casa para ir treinar", gracejou.

Lenine Cunha, nome incontornável do desporto paralímpico português e mundial, revelou que tem as mesmas condições de treino que um atleta olímpico e deixou rasgados elogios ao papel do atual Governo e nomeadamente do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, que também marcou presença. "Eu e outros atletas que já acabaram a carreira andámos anos e anos a lutar pela igualdade, porque temos todos as mesmas dificuldades, trabalhamos, vivemos sentimos o mesmo. Finalmente, a partir de 2016, veio gradualmente a igualdade [...] Este Governo fez muito pelo desporto paralímpico", agradeceu.

O evento promovido pela Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, em parceria com a Universidade da Maia e o Instituto Politécnico da Maia, decorreu no Auditório da Paróquia de Mafamude, em Vila Nova de Gaia.