O Presépio ao Vivo de Priscos, em Braga, celebra, este ano, 10 anos de um projeto pioneiro de inclusão e reinserção social de reclusos. Para o padre João Torres, mentor e dinamizador do evento, os resultados mostram, «de forma inequívoca, que a confiança, o trabalho e a dignidade são os alicerces mais sólidos para uma verdadeira mudança de vida».
Segundo um comunicado do padre João Torres, desde 2015, mais de 70 reclusos de diferentes estabelecimentos prisionais participaram na construção e manutenção do Presépio ao Vivo de Priscos, num modelo de integração social que alia a fé, a cultura e a solidariedade ao cumprimento de uma missão de justiça restaurativa e humanização do sistema prisional.
O sacerdote recorda que o projeto nasceu de uma parceria entre a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais e a Paróquia de S. Tiago de Priscos, com o apoio do Município de Braga, que assegura o transporte dos reclusos através dos TUB. Esta colaboração tem permitido criar condições para que pessoas privadas de liberdade possam trabalhar, aprender e recomeçar – ainda durante o cumprimento da pena.
Ainda de acordo com o pároco da Unidade Pastoral Guizande, Priscos e Tadim, os reclusos desempenham funções nas áreas da carpintaria, jardinagem, serralharia, manutenção e construção, contribuindo para a preparação e conservação do Presépio ao Vivo de Priscos.
«Trabalham em regime aberto, com horário regular, remuneração e acompanhamento técnico e pastoral, desenvolvendo competências laborais, disciplina, sentido de responsabilidade e relação com a comunidade».
Segundo o sacerdote, ao longo desta década, nunca se registou qualquer incidente no âmbito da Brigada de Priscos – um facto que comprova o êxito deste modelo e a sua relevância na estratégia de reinserção prisional. Este exemplo mostra que a confiança, quando acompanhada de orientação e oportunidade, é capaz de quebrar o ciclo do crime e da exclusão», regozijou.
Assim, entende que, mais do que uma iniciativa pastoral, o projeto de Priscos é um investimento real em segurança pública e em humanidade.
«A reinserção social dos reclusos é uma das formas mais eficazes de prevenir a reincidência criminal, reduzindo o risco de carreiras criminosas reincidentes e o consequente impacto social e económico. Sem investimento sério na reinserção, o país arrisca-se a ver crescer o número de delinquentes reincidentes – muitos deles com carreiras criminais cada vez mais graves. É urgente que o Estado reforce os mecanismos de incentivo às empresas, autarquias e instituições que acolhem e formam reclusos, promovendo uma verdadeira cultura de reabilitação e reduzindo o peso social e económico da criminalidade», alerta.
Para o padre João, há um dado fundamental: «quem visita o Presépio ao Vivo de Priscos não está apenas a assistir a uma representação de Natal – está a participar num projeto de transformação humana. Cada donativo, cada presença, cada gesto de apoio contribui para que este programa continue a existir e possa dar novas oportunidades a quem mais precisa. O público torna-se, assim, parte ativa desta história de inclusão, ajudando a garantir a sustentabilidade de uma iniciativa que há 10 anos muda vidas, fortalece laços e devolve esperança».
De referir que a organização pede voluntários para as mais diversas personagens para o Presépio ao Vivo de Priscos 2025