Diário do Minho (DM) – Depois das divergências sobre a escolha do cabeça de lista e da lista de deputados propriamente dita, todas as tropas estão prontas e unidas para o combate eleitoral que se avizinha?
José Luís Carneiro (JLC) – O Partido Socialista está unido para continuar a servir com grande proximidade, os cidadãos do nosso país e, em particular, deste distrito de Braga, que é um distrito exigente, empreendedor, de gente inovadora e que é, simultaneamente, gente muito solidária e trabalhadora.
DM – O que é uma grande vitória do PS nas eleições do dia 18 de maio?
JLC – Uma grande vitória é nós continuarmos a ter condições para, na Assembleia da República e no Governo, como desejamos, com o nosso secretário-geral, como primeiro-ministro, servirmos bem as populações deste distrito. Isso é uma grande vitória, que é termos condições para levar à Assembleia da República, sermos a voz das populações desta região. Procuramos fazê-lo, tanto quando ganhámos com maioria absoluta como tendo estado na oposição. Recordo os deputados eleitos pelo distrito de Braga, a quem eu queria deixar uma palavra de gratidão e de reconhecimento, e muito particularmente àquelas e àqueles que agora não estão nas listas. Entre eles a Palmeira Maciel, a quem deixo uma palavra de reconhecimento pelo seu trabalho. Mas todos nós, todos os dias, estivemos muito atentos às preocupações deste distrito.
DM – O combate político vai estar virado só para a AD ou também para o Chega?
JLC – O nosso principal oponente, o principal adversário alternativo ao PS é a AD. E é em relação às propostas da AD que nós procuramos mostrar as nossas diferenças porque são aqueles que disputam uma maioria política e disputam as condições para o exercício de funções governativas. O PS é o maior partido português. E porquê? Em primeiro lugar, somos o único partido português que tem representação em todos os territórios. Nós temos representação das comunidades portuguesas, nós temos representação das regiões autónomas, temos representação de todos os distritos do país e somos o maior partido autárquico português, com 152 municípios, e somos também maioritários nas assembleias de freguesia. O que faz de nós um partido que tem uma especial vocação para o serviço ao país, à sociedade portuguesa, onde afirmarmos os nossos valores de sempre, que são os da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Esses são os nossos valores de sempre. É com eles que estruturamos o nosso programa político, o programa eleitoral, e é com estes valores que servimos historicamente o nosso país.
DM – Como é que olha para o distrito?
JLC – É muito importante ter consciência que este é um distrito muito diverso. Porque tem municípios rurais, de montanha, de baixa densidade populacional, e tem municípios urbanos, muito cosmopolitas. E também é diverso não apenas do ponto de vista cultural, em termos de diversidade social, mas também é um distrito que vai da montanha no Gerês até Esposende, junto ao mar. Depois temos os quatro grandes municípios do quadrilátero: Braga, Guimarães, Barcelos e Famalicão.
DM – Já agora, como viu a nova “aquisição”, de Viana do Castelo?
JLC – Vi com bons olhos esse ganho de escala demográfica, de escala territorial, e também de escala de inovação, de economia e de conhecimento.
DM – Na Saúde, quais são as prioridades?
JLC – Uma das grandes preocupações tem que ver com o Hospital de Barcelos. Foi ainda a ministra do Governo anterior, Marta Temido, que deixou ficar o programa funcional para o Hospital de Barcelos pronto, para que depois, numa segunda fase, o município pudesse dar um passo em frente na aquisição dos terrenos destinados à localização futura do hospital.
É, portanto, um objetivo político da maior importância e a sua articulação com o Hospital de Braga e também na articulação com a Unidade Local de Saúde de Guimarães. É uma matéria em relação à qual temos que continuar a garantir um acompanhamento de muita proximidade. Ou seja, garantir um acompanhamento próximo às questões da saúde, quer em relação aos cuidados hospitalares, quer em relação aos cuidados primários.
DM – Que outros projetos tem o PS a nível do distrito?
JLC – Recentemente visitamos duas unidades de saúde que foram obra dos executivos do PS, quer em Guimarães, que faz também apoio e serviço ao município de Vizela; quer em Vieira do Minho, cuja infraestrutura está hoje em serviço pleno à população. Temos uma prioridade no nosso programa eleitoral que é o de garantir que todos os centros de saúde do distrito de Braga tenham resposta nos cuidados de medicina dentária, assim como na saúde mental. E, desejavelmente, o reforço dos médicos de família e saúde materno-infantil.
DM – E na habitação?
JLC – A habitação é também uma grande preocupação. Aqui, como todos bem se recordam, o governo anterior, o governo liderado por António Costa, tinha contratualizado com o distrito de Braga, aliás, numa contratualização preparada pelo atual secretário-geral e candidato a primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos; e depois com a ministra Marina Gonçalves. Todos os municípios do distrito têm aprovadas as estratégias locais de habitação e todas elas foram objeto de contratualização para efeitos de financiamento. Estamos a falar do financiamento de habitação para responder a mais de 5900 famílias em todo o distrito de Braga.
DM – Na mobilidade, o que diferencia o programa do PS?
JLC – A mobilidade é outro ponto crucial deste distrito. E aqui há que distinguir pelo menos duas realidades: Uma é a realidade da mobilidade dentro do chamado quadrilátero. Portanto, a relação de transporte e de mobilidade de Braga, que é a capital do distrito, com Guimarães, com Barcelos e Famalicão. E desejavelmente também com as populações que, sendo do interior do distrito, se deslocam todos os dias para desenvolverem a sua atividade profissional, para as escolas profissionais, secundárias, às universidades e politécnicos. Olhamos também para a mobilidade entre estes municípios e com os territórios periféricos destes municípios, nomeadamente com Vizela, com Fafe. Esta é uma das questões que tem a ver com o transporte rodoviário, na sua articulação com o transporte ferroviário e também na ligação aos grandes eixos viários do país, nomeadamente à A7.
DM – E o nó de Infias?
JLC – É dentro desta área que temos acompanhado o Nó de Infias, que só não avançou porque o Governo caiu, há um ano. Outro exemplo é a ligação de Celorico de Basto à A7. A primeira fase arrancou com o Governo PS e os trabalhos estavam na Infraestruturas de Portugal a serem realizados. Assim como a ligação que às zonas industriais de Fafe.
DM – Na educação, quais as principais propostas?
JLC – Quanto à educação, temos o objetivo da requalificação da escola secundária de Amares. Ela não esteve na primeira fase das escolas que foram objeto de contratualização para efeito de requalificação e é uma prioridade que temos que continuar a manter na nossa agenda política.
DM – E na imigração?
JLC – As migrações têm de ser reguladas e seguras na origem, no trânsito e no acolhimento. Precisamos dessa mão de obra. E é essa mão d obra que, por exemplo, permitiu que em 2024, a segurança social tivesse um superavit de 2200 milhões de euros.
DM – Uma mensagem para convencer os eleitores a votarem no PS e não noutra candidatura?
JLC – Em primeiro lugar, porque todos conhecem os valores do PS. Ou seja, independentemente de quem momentaneamente os serve, de quem serve esses valores, das pessoas em concreto, há uma matriz de valores que são liberdade, igualdade, fraternidade, que são valores que marcam a proposta política do PS.
Segundo, a proposta política do PS, como é público, procura valorizar o rendimento das famílias, nomeadamente diminuindo o IVA nos bens alimentares, o IVA nos custos com eletricidade e reduzindo também o IRS e o IRC, desde que a redução do IRS seja direcionada para os mais jovens e que estão agora a entrar no mercado de trabalho. E o IRC também para as empresas que reinvestem na modernização, na transição digital, na transição tecnológica e que valorizam os próprios salários. Ou seja, aquilo que o PS propõe no programa do Governo é reduzir os impostos das empresas desde que essa redução sirva para pagar melhor também aos trabalhadores. Portanto, pela proposta política. Em terceiro lugar, porque temos também nas listas do PS a experiência com a renovação. A experiência daqueles que já tiveram experiência política autárquica, experiência política governativa, experiência política parlamentar, mas também pessoas que estão pela primeira vez a ter a sua primeira experiência na vida política. Portanto, a todos e a todas eu peço um voto de confiança para estas eleições.