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«O meu compromisso mantém-se: devolver a voz à região e votar em Lisboa o que sempre defendi no distrito de Braga.»

«O meu compromisso mantém-se: devolver a voz à região e votar em Lisboa o que sempre defendi no distrito de Braga.»
Fotografia DR

Francisco de Assis

Jornalista

Publicado em 14 de maio de 2025, às 11:20

Entrevista a Sandra Cardoso, cabeça de lista da CDU pelo Círculo Eleitoral de Braga.

Diário do Minho (DM) – A escolha dos cabeças de lista e dos candidatos a deputados traz, muitas vezes, desacordos e polémicas. Passada esta fase, estão todas as tropas mobilizadas para  obter o melhor resultado?
Sandra Cardoso (SC) – Esta pergunta não tem correspondência na CDU… Para as forças que integram a CDU, o exercício de cargos públicos e a atividade política em geral têm que corresponder a uma ética elevada e um profundo sentido de dever. Penso que a seriedade e o compromisso com que assumimos as funções para as quais somos eleitos, são uma “imagem de marca” da CDU que os portugueses reconhecem. Num quadro marcado por tantos casos e polémicas, a CDU é um “porto seguro”. 
Assim, e como habitualmente, o processo de escolha dos candidatos decorreu normalmente, com o envolvimento das organizações do PCP, do PEV e a participação de independentes. A lista é composta por homens e mulheres que representam a população da região de Braga, candidatos profundamente ligados ao mundo do trabalho, ao movimento sindical, associativo e juvenil e ao poder local, como Vereações de Câmara, Assembleias Municipais e Juntas de Freguesia. Gostava ainda de destacar um aspeto que muito me orgulha e satisfaz: 50% dos nossos candidatos por Braga são mulheres!

DM – De forma sucinta, quais  são as medidas prioritários para melhorar a vida dos cidadãos?
SC – Penso que é urgente corrigir as injustiças e as desigualdades, através da valorização dos salários, das reformas e das pensões e controlando os preços de bens e serviços essenciais. 
Infelizmente, o distrito de Braga continua a ser caracterizado pela prática de baixos salários e pela precariedade laboral. Ora, isto não é sinal de desenvolvimento, pelo contrário. Sabia que no setor têxtil, que na nossa região tem muita expressão, o subsídio de refeição é de apenas 2,4 euros? Aumentar os salários é condição indispensável para que as pessoas vivam melhor hoje (pondo a economia a funcionar, beneficiando as micro, pequenas e médias empresas), e para que amanhã tenham também melhores reformas. 
Neste particular, PSD/CDS e PS convergem em adiar para 2029 aumentos que são precisos já! Porque é agora que é preciso pagar as contas de luz, gás e água, pagar a renda da casa e pôr comida na mesa! Há demasiadas pessoas a passar necessidades no nosso distrito, como aliás em todo o país, para que possamos sequer pensar em adiar esta subida de salários e pensões para daqui a 4 anos!
Aumentar o Salário Mínimo para 1000 euros já em julho e aumentar os salários em 15%, com um mínimo de 150 euros, é a nossa proposta. Defendemos também o aumento extraordinário das reformas em 2025, de pelo menos 5% ou 70 euros, com efeitos ao início do ano.
Outra forma de combater as desigualdades é baixar o custo de vida: a cesta básica mensal aumentou 45% de 2021 para 2024… e os salários também não!!  Defendemos o controlo do preço dos bens alimentares essenciais, a baixa do IVA da eletricidade, gás e telecomunicações para 6%, a fixação do preço da botija de gás em 20 euros e a redução das comissões bancárias. Tudo propostas que temos levado à Assembleia da República e que têm, sistematicamente, sido rejeitadas pelos partidos do costume (PSD/CDS, IL, Chega e PS). Porquê? Não há dinheiro, dizem… mas para baixar os impostos e dar benefícios fiscais aos grupos económicos que fazem 32 milhões de euros/dia já houve dinheiro! Quer dizer, há dinheiro para os que já têm muito e retira-se dinheiro do bolso de quem mais necessita! Prioridades trocadas, quanto a nós… é tudo uma questão de opções políticas, como temos vindo a denunciar.

DM – Na saúde, quais são as suas propostas?
SC – É preciso inverter o rumo que tem vindo a ser seguido pelas políticas de direita e aumentar a capacidade do SNS. É preciso não esquecer que o público é de todos, mas o privado é só de alguns! Para promover a saúde, garantindo o acesso gratuito e universal; para prevenir a doença e os cuidados necessários à condição de cada um, sem barreiras económicas, sociais ou geográficas, o que propomos é um investimento no SNS, que é tão urgente quanto necessário. 
Parece-me que isto é muito fácil de perceber: a iniciativa privada visa em 1.º lugar o lucro e este objetivo não é compatível com a missão maior que é cuidar da saúde e prevenir a doença dos portugueses. A saúde é um direito e este não pode ser posto em causa devido a fatores relacionados com a conta bancária de cada um! Ora, o reforço e investimento no SNS implica um aumento significativo das remunerações dos profissionais da saúde e a valorização das suas carreiras, a par da promoção da dedicação exclusiva para médicos e enfermeiros (50% na remuneração + 25% na contagem do tempo de serviço) e de apoios ao alojamento em zonas carenciadas, de forma a garantir a permanência dos que estão e a entrada de novos. É nossa proposta pôr fim ao subfinanciamento e aumentar o investimento público na saúde, portanto.
Outra proposta que fazemos é reduzir os custos da saúde para a população, em particular com os medicamentos, garantindo a sua gratuitidade para maiores de 65 anos, doentes crónicos ou em situações de insuficiência económica. Agora, olhando particularmente para a região de Braga, pensamos que é imperioso impedir a tentativa de privatizar o Hospital de Braga e o conjunto da ULS, com os centros de saúde incluídos. A gestão pública, pese embora os constrangimentos resultantes das políticas de direita, foi responsável por um grande crescimento da atividade hospitalar, seja em cirurgias, seja em consultas entre outros.

DM – E na Educação?
SC – O País precisa de mais e melhor Escola Pública, com mais investimento, para responder às crescentes necessidades das crianças e dos jovens. A Educação é outro dos direitos fundamentais consagrados na nossa Constituição da República… Impõe-se a valorização dos trabalhadores da educação, com a recuperação da totalidade do tempo de serviço para todos os educadores e professores, a erradicação da precariedade e o aumento do número de profissionais nas escolas. É preciso pôr fim à grave carência de professores na Escola Pública, o que exige a melhoria dos salários, a valorização das carreiras e estabilidade, a par do acesso gratuito à profissionalização dos docentes com habilitação própria, dando prioridade aos que já ingressaram nos quadros. 
Propomos, obviamente, o reforço do investimento nos edifícios e equipamentos escolares. É inaceitável que escolas, como a Secundária de Amares ou a Frei Caetano Brandão em Braga, continuem a aguardar obras de requalificação! Defendemos também a criação, no prazo de três anos, de uma rede pública de creches integrada no sistema educativo, que garanta a criação de 100 mil vagas, respondendo a todas as crianças. Só assim se pode responder à carência atual.

DM – Na habitação, o que é que a CDU propõe?
SC – O direito à habitação está hoje comprometido também aqui no distrito. Braga já foi notícia, no passado, por ter preços acessíveis na habitação. Isso mudou muito e para pior: é o mercado livre, o liberalismo, a funcionar em pleno! A resposta a este problema exige um forte e permanente investimento em habitação pública, concretizado com a mobilização de fundos públicos, com o valor anual de 1% do PIB (a nossa proposta), canalizado para as necessidades de construção, reabilitação e manutenção a concretizar no quadro de um Programa Nacional de Habitação: este contribuiria para alargar o arrendamento de carácter social e a custos acessíveis dirigido a diversas camadas da população. Entretanto, são necessárias medidas imediatas para fazer baixar o valor das rendas – com a fixação de valores máximos das rendas em contratos em vigor e novos contratos, a revogação da “Lei dos Despejos”, a estabilidade dos contratos fixando em 10 anos o período mínimo para a sua duração.

DM – Em conclusão, porque é os cidadãos que moram no distrito de Braga devem votar na CDU e não em outra candidatura?
SC – Estas eleições são a oportunidade para corrigir a injustiça que foi a não eleição de deputados da CDU em Braga nas últimas legislativas. A eleição de deputados da CDU no distrito de Braga é determinante para envolver e responder à luta dos seus trabalhadores e das suas populações. Como mais uma vez ficou provado, a ausência do deputado CDU pelo nosso distrito é profundamente negativa: pelos problemas que não são levantados; pelas medidas que não são propostas; pela intervenção política que não se faz no momento certo. A CDU é o verdadeiro voto na esquerda, é a coragem que enfrenta a direita, na defesa da democracia, da liberdade e dos valores de abril, é a força com quem podemos sempre, em Portugal e em Braga em particular.