José Manuel Fernandes ficou em 4.º lugar dos 705 eurodeputados do Parlamento Europeu, numa avaliação sobre o trabalho parlamentar. Um ranking que não o envaidece, mas também não desgosta. «Não trabalho para o ranking, mas é evidente que ser o quarto em 705 é algo que me orgulha mas não me envaidece. É o resultado do trabalho que faço em dossiês importantíssimos como os orçamentos anuais da União Europeia em que participo; o facto de eu ser o coordenador do PPE na Comissão dos Orçamentos, o que obriga a estar por dentro de todos os dossiês e negociar com os outros grupos em permanência, o ter sido o negociador do Plano Junker, do InvestEU, negociar todos os fundos que vêm para Portugal, o ter trabalhado no Mecanismo de Recuperação e Resiliência, que deu lugar aos Planos de Recuperação e Resiliência (PRR) nacionais, levam a que um estudo que tem mais de um milhão de itens tivesse colocado na quarta posição em 705, o primeiro deputado em termos nacionais», enalteceu. As eleições europeias estão aí à porta e os candidatos começam-se aperfilar. Questionado se continua disponível para continuar como eurodeputado, José Manuel Fernandes foi taxativo, mas deixa a decisão nas mãos da direção nacional do PSD. «Estou disponível para continuar a exercer esta missão. Considero que tenho feito um trabalho que é útil a Portugal, ao meu território, o Minho e à União Europeia. Tenho consciência da importância desse trabalho. Mas a decisão é sempre centralizada e compete à direção nacional do PSD. Estou disponível, gosto do que faço e trabalho muitíssimas horas. Se eu dissesse o número de horas que trabalho por dia ninguém iria acreditar. Mas gosto do que faço e gosto do desafio. Porque todos os dias aprendo coisas novas. Há gente que não consegue perceber como é que aguento numa reunião de 22 horas seguidas. É adrenalina, é estarmos a puxar por interesses comuns. E isso também dá prazer. Não escondo», referiu.
«Os valores europeus são o nosso chão comum»
Na entrevista, José Manuel Fernandes Eurodeputado do PSD, que representa o PPE no grupo de negociações do novo Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027, falou sobre as lideranças europeias, na sua maioria «fracas» e sublinhou a importância dos valores europeus. «Os valores europeus são o nosso chão comum. É em cima deles que vamos construir o desenvolvimento. Quando falamos de valores europeus, falamos de democracia, de liberdade, de Estado de Direito, de defesa da vida e da dignidade humana, dos quais decorrem princípios como os da igualdade e valores como os da solidariedade». O ex-autarca de Vila Verde responsabiliza os democratas pelo crescimento da extrema esquerda, da extrema direita e do radicalismo verde. «Não se pense que todos aqueles que votam na extrema direita são racistas e xenófobos. E aqueles que votam na extrema esquerda estão contra o projeto europeu e querem sair da União Europeia. Muitas vezes são votos de protestos que resultam da falta de soluções para os problemas que as pessoas estão a viver. É por isso que precisamos de lideranças fortes, que falem a verdade, que explicam o que se está a fazer; que não defraudem expetativas, que façam a gestão das expetativas, onde a realidade acompanha essa gestão. E que lhes dêem horizontes de esperança, que sejam líderes confiáveis. Porque quando nós vemos que as pessoas estão a viver com salários miseráveis, com um Serviço Nacional de Saúde num caos, com um sistema de educação muito mau, aí, as pessoas passam a não acreditar e usam os extremos para o protesto, ainda que os extremos não sejam solução para nada, nem apresentam nenhuma solução. Limitam-se a aproveitar a situação, os “soundbite”, sem quaisquer proposta para resolver os problemas», referiu, em jeito de aviso contra os aventureirismos.
Apoio à Ucrânia é para manter porque está a lutar em nome dos valores europeus
A DMTV e o Diário do Minho quis saber junto do europarlamentar se há menos consensos e apoios à Ucrânia. José Manuel Fernandes garante e espera que não. Até porque, sustenta, a Ucrânia está a lutar por ela e pelos valores europeus. «O apoio continua, mas há alguns perigos, nomeadamente a possibilidade de eleição de Trump, pode alterar tudo isso. É importante perceber as palavras do senhor Putin. E houve negligência por parte dos governantes, por exemplo ao comprar energia barata. E ao comprar energia barata, estavam a financiar um ditador que conseguiu fazer ali um armazenamento de recursos financeiros para um objetivo que era bem visível, nomeadamente quando invadiu a Crimeia. O próprio Putin não teve dúvidas ao anunciar: “estamos a combater a degradação da decadência do Ocidente. Se ganhar a guerra na Ucrânia, e estou preocupadíssimo, a seguir há de ser a Moldova e depois continuar a tentativa de expansão na União Europeia», alertou, prosseguindo, com um argumento de peso. «É importante continuar a apoiar a Ucrânia, que continuar a lutar em nosso nome, em nome dos nossos valores».
Jacques Delors foi um verdadeiro líder, arquiteto da atual União Europeia
José Manuel Fernandes fez um balanço do ano que acaba de findar, apontando alguns pontos positivos e negativos. Entre os negativos, destacou a morte de Jacques Delors, antigo presidente da Comissão Europeia que, no seu entender, foi um dos arquitetos da atual União Europeia. «Se falarmos da moeda única, o Euro, é Jacques Delors, se falarmos do Espaço Shengan, que é liberdade de circulação de pessoas e bens, sem fronteiras, estamos a falar de Jacques Delors; se falarmos aos mais jovens que antes íamos a Espanha éramos revistados os bacalhaus as bananas e rebuçados; esta liberdade de circulação, deve-se a ele; o Erasmus, que diz muito à juventude, poder viajar pela Europa, estudar, tudo isso tem Jacques Delors, que era um grande amigo de Portugal, sobretudo naquilo que são os chamados “Pacotes Delors”, 1 e 2; além de outros fundos», enumerou o também presidente da Assembleia-Geral do SC Braga. O relator e negociador do Parlamento Europeu para o Programa InvestEU, abordou ainda os milhões que vieram para Portugal para a modernização da indústria têxtil PEDIP (Programa Específico de Desenvolvimento Industrial em Portugal), onde Cavado Silva também teve um papel «importantíssimo». «Delors foi um impulsionador, tinha visão, que é o que falta aos líderes atuais». Outro dos pontos negativos referenciados por José Manuel Fernandes é a ausência de um compromisso para combater as alterações climáticas, os movimentos radicais. «É preciso cuidado com isso. Porque quando os objetivos a que nos propomos não são realistas, quando não se diz a verdade às pessoas; quando se encerram centrais a carvão e colocam as barragens a bombear no máximo, pondo em causa o próprio abastecimento de água e depois compra-se energia à Espanha; quando se fecha uma central como a de Matosinhos, sem um plano de transição e depois os trabalhadores vão para o desemprego; quando não há gradualismo, não se conseguem atingir os objetivos. E quando não se consegue atingir os objetivos, as pessoas revoltam-se, voltam para os extremos e dão razão aos negacionistas. Portanto, atenção ao radicalismo», avisou.
Ucrânia tem muito a dar à União
Ainda no que toca a balanço de 2023, José Manuel Fernandes escolheu, entre outros pontos positivos, o alargamento da União Europeia, para que a Ucrânia e a Mondova possam entrar. «Aqui, tivemos o nosso primeiro-ministro titubeante; assim como Macron, ambos em atitudes protecionistas e egoístas. Como se não tivéssemos obrigação de sermos solidários. Lembrar que aderimos em 1986, os outros aceitaram e sabiam que nós éramos mais pobres. António Costa tem medo que os fundos da Política de Coesão sejam repartidos e que Portugal venha a receber menos; Macron tem medo que, face à força agrícola da Ucrânia, possa haver consequência para os agricultores franceses. Esquecem-se que se ficarmos todos mais fortes, em termos geopolíticos, há mais garantia de paz. E a paz é um bem absolutamente essencial. Também se dizia que o alargamento a Leste iria ser uma desgraça. Ora bem, eles aderiram, alguns deles passaram--nos à frente e já são quase contribuintes líquidos. E a Ucrânia tem muito a dar», considera.
É muito importante o voto nas eleições
As eleições europeias estão marcadas para o dia 9 de junho, em Portugal. O eurodeputado espera que as pessoas votem e lembrou que Portugal é dos países que mais ganham com a União. «É importantíssimo votar naqueles que se identificam com o território e com o projeto Europeu. Portugal é dos países que mais recebe da União Europeia. Mas há um paradoxo. É dos que menos vota, é dos que mais se abstém. Sim, houve uma melhoria. Mas é residual. «A melhoria que houve é, no reconhecimento da importância da União Europeia. Depois há uma pequeníssima melhoria na possibilidade de votar. É essencial que se vota. Nós somos na União Europeia, o País, o estado-membro que mais depende dos fundos europeus para o investimento público. Muitas vezes não temos consciência que a água que bebemos, as estradas que passamos, os creches, os lares, os centros de saúde que são construídos, o apoio à formação profissional, as universidades, o apoio às Pequenas e Médias Empresas, a água e o saneamento, têm origem no financiamento da União Europeia. Mais de 90 por cento do orçamento do investimento público em Portugal, neste momento, tem origem no orçamento da União Europeia», elencou o eurodeputado. Porém, José Manuel Fernandes deixou uma observação. «Portanto, devemos votar e devemos fazer outra cousa, que é procurar não ser tão dependente dos fundos», atirou. Voltando aos temas nacionais, o primeiro-ministro demissionário e o Partido Socialista continuam a responsabilizar Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República e o Ministério Público pela queda do Governo. Ora, José Manuel Fernandes discorda frontalmente, considerando que a responsabilidade é exclusiva de António Costa e do PS. «A grande responsabilidade pela queda do Governo é de António Costa e do Partido Socialista (PS). Aliás, diria que é o único responsável. Porque tinham tudo: um Presidente da República cooperante, uma maioria na Assembleia da República, dinheiro como nunca tivemos. Mais do que uma chuva de milhões, tivemos uma tempestade de milhões. Basta dizer que, desde 2021 a 2029, temos à volta de 60 mil milhões de euros, cerca de metade daquilo que recebemos desde 1996 até 2021. Dinheiro que o Governo está com dificuldade em gastar em absorver estes montantes. Portanto, tinha tudo para não só fazer um mandato estável, tranquilo, como melhorar a qualidade de vida dos portugueses».
PS achou que inimputabilidade não tinha fim
Então o que se passou para essa instabilidade política, social e económica? «Foi desleixo, foi incompetência, foi confiar que a inimputabilidade que os portugueses lhe dão não tem fim», apontou, o eurodeputado social-democrata, deixando uma série de perguntas em jeito de comparação. «Acha que o que aconteceu em Pedrógão Grande, se fosse um primeiro-ministro do PSD, se conseguia manter-se no governo? Acha que era aceite um primeiro-ministro do PSD depois de uma sucessão de escândalos, de casos e casinhos, e depois de demissões em catadupa. António Costa rodeou-se de gente que até teve que se demitir. Acha que alguém do PSD que se tinha demitido de ministro, que não servia para ministro depois se apresentava como candidato a primeiro-ministro? Era impossível no PSD», afirmou, concretizando o nome do novo secretário-geral do PS. «Pedro Nuno Santos demitiu-se, não servia para ministro, despachou uma indemnização de quase 400 mil euros por Whatsapp. Veja a irresponsabilidade. Fez um decreto relativamente à localização do novo aeroporto, contra o primeiro-ministro. O primeiro-ministro pô-lo na ordem e demitiu-se depois daquele escândalo da TAP. E agora, parece que não se passou nada, mais uma vez a questão da inimputabilidade, apresenta-se a eleições. Só que há momentos em que não dá para aguentar mais. Ou seja, no fundo, o Governo caiu de podre. Caiu por culpa própria. Até acho que o próprio primeiro--ministro já estava farto. Depois de se ter sido encontrado cerca de 75 mil euros, em dinheiro, no gabinete do seu chefe de Gabinete, acontecesse esse caso ou não, estou convencido que tentaria sair e ir para a União Europeia ainda este ano. Nesse caso, com toda essa avalanche de polémicas e demissões, não tinha alternativa que não demitir-se», afirmou José Manuel Fernandes. Na opinião do eurodeputado do PSD, o próprio António Costa já admitiu que face aos acontecimentos, como o de ter o melhor amigo detido, de ter encontrado 75 mil euros no gabinete do seu chefe de Gabinete, teria uma grande dificuldade em continuar. «Foi um governo que desaproveitou tudo. Mas é preciso um grande descaramento, e é por isso que eu falo de inimputabilidade, para se ter pedido a demissão por não servir para ministro e depois entender que se pode ser primeiro-ministro?», reforçou a crítica, referindo--se a Pedro Nuno Santos.
«Espero bem que os portugueses não premeiem o infrator»
Interrogado se aquilo a que o PSD chama de «ininputabilidade» e irresponsabilidade pode ser uma vantagem para o PSD nas próximas legislativas, José Manuel Fernandes acredita que sim. «Espero que os portugueses não premeiem o infrator. E não premeiem a mediocridade e a incompetência. Foi Pedro Nuno Santos que se demitiu, foi ele quem despachou 400 mil euros de indemnização por Whatsapp, dando o seu OK; foi Pedro Nuno Santos que entrou em litígio com o primeiro-ministro por causa do novo aeroporto, numa atitude impulsiva e irresponsável. E depois teve de recuar. António Costa obrigou-o a uma humilhação pública. Depois do escândalo da TAP, pede a demissão. E agora acha que tem condições para ser primeiro-ministro. A inimputabilidade socialista tem de acabar. Porque, caso contrário, quem paga é sempre os portugueses. E pagam tendo os piores serviços públicos e tendo salários miseráveis. Nós não podemos ter gente imaturos, incompetentes e até radicais, que estavam melhor no Bloco de Esquerda, a governar Portugal», disse, acentuando o tom crítico.
«Gastar não é investir»
O Diário do Minho e a DMTV quiseram saber também se o dinheiro da União Europeia tem chegado ao território minhoto. «Os dinheiros têm chegado ao Minho e a Portugal. Mas gastar não é investir como eu digo tantas vezes. Uma coisa é gastar, outra coisa é gastar bem, que é investir», disse, argumentando: «Não temos planeamento. Deveríamos saber aquilo que queremos. Portugal deveria ter fixado, a nível nacional, objetivos para a educação, investigação e inovação, abastecimento de água e saneamento, objetivo para as alterações climáticas, para as exportações, para a competitividade. E, depois de termos estes objetivos nacionais, traçar objetivos regionais. E tínhamos de ter projetos para avançarmos imediatamente para aquilo que é importante para nós. Ou seja, a pergunta nunca deveria ser o que é anda por aí a fundo perdido, então também queremos. Tínhamos de acrescentar valores, com estes recursos», referiu, dando exemplos de áreas como habitação, água, ferrovia, entre outros setores, onde se pudesse investir e trazer três coisas para Portugal e para a região: «competitividade, coesão e sustentabilidade». O PSD e o seu novo líder estavam à espera de uma legislatura de quatro anos na oposição, quando foram, à semelhança de todo o País, surpreendidos com a queda do Governo e consequente convocação de eleições antecipadas. O que obrigou o PSD a acelerar a preparação do programa de governo e a campanha eleitoral. Contudo, José Manuel Fernandes entende que tanto Luís Montenegro como o PSD estão preparados para representar uma alternativa ao Governo do PS. O eurodeputado do PSD lembrou as propostas apresentadas por Luís Montenegro, em várias áreas da governação, mesmo sem saber se ia haver eleições. «O PSD e Luís Montenegro estão mais do que preparados para governar. Luís Montenegro não sabia que iríamos ter eleições antecipadas e no entanto, apresentou uma série de propostas e reformas para a habitação. Aquilo que o governo chama “Mais Habitação”, que de traduz na realidade em menos habitação, porque é contra a iniciativa privada. Quando o PS fala em arrendar apartamento, à força, os proprietários deixam de ter confiança, deixam de investir. Quando diz que se vai congelar as rendas, os proprietários deixam de investir. Luís Montenegro fez propostas em termos fiscais, para jovens, diminuição de impostos na compra de habitação, na redução do IMT», exemplificou. De acordo com José Manuel Fernandes, o PSD fez propostas na Saúde, na educação, para resolver o conflito com os professores, prometeu e disse que seria importante a reposição do tempo de serviço.
Contradições do PS, após marcação das eleições
O dirigente do PSD apontou contradições do PS, antes e depois da marcação das eleições «Quando Luís Montenegro fez proposta para resolver o conflito com os professores, o PS disse que nem pensar. E agora, porque há eleições, Pedro Nuno Santos vem dizer que era justo. E o mesmo ministro da Educação, que sempre disse que era impossível, já veio dizer que se deveria fazer. Ou seja, se se olhar para as declarações antes e depois da queda do Governo, nota--se uma grande contradição», assinalou. Segundo este responsável, os socialistas falam em «contas certas, quando houve a maior carga fiscal de sempre». Na opinião de José Manuel Fernandes, Luís Montenegro apresentou propostas para todas as áreas essenciais de governação: ou seja, educação, saúde, habitação, na área fiscal. «O PS copiou, mal, muitas destas propostas. Ou seja, o PSD e Luís Montenegro estão mais do que preparados e têm equipa para poder governar. Não tinham nenhuma bola de cristal, para saber que as eleições iam ser antecipadas, e mesmo assim apresentavam propostas para melhorar a vida dos portugueses».
Aliança Democrática garante estabilidade
O PSD vai a votos coligado com o CDS e o PPM, recuperando a Aliança Democrática (AD). Uma solução perfeitamente normal, na visão de José Manuel Fernandes. «O PSD poderia ir a votos sozinho e está preparado. Mas é natural que vá com o CDS. Foi uma coligação feita não pensar nos outros, travar o crescimento do Chega, mas a pensar no País e no interesse nacional. É uma coligação com provas dadas em todo o território. Temos muitas coligações PSD-CDS em muitos municípios, e que funcionam bem, ou seja, há estabilidade. As pessoas não se apercebam, mas no Parlamento Europeu, os dois partidos estão ambos no Grupo PPE. A AD é algo que não é novo. A coligação PSD-CDS, foi chamada a tirar Portugal da bancarrota. E ainda paga, injustamente, esse preço. Porque os socialista só sabem dizer que houve um problema. Mas não dizem que foram eles que o criou e que assinaram o “Memorandum” da vinda da Toika para Portugal. O grande slogan dos socialistas é dizer que a culpa é do Passos [Pedro Passos Coelho}. Não assumem as suas responsabilidades», referiu. «E o PSD também tem responsabilidade por não ter mostrado de quem era a culpa», considera José Manuel Fernandes.