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PSD admite que propostas para a habitação aumentam despesa

PSD admite que propostas para a habitação aumentam despesa
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Publicado em 07 de março de 2023, às 15:24

O vice-presidente do PSD António Leitão Amaro reiterou as críticas do partido às medidas do Governo, considerando que “a receita socialista é uma solução profundamente errada”.

O PSD assumiu esta terça-feira que as suas medidas para a habitação aumentariam a despesa do Estado, sem quantificar, mas considerou-as acomodáveis no Orçamento para 2024, apelando ao PS que as viabilize e não agrave a crise no setor.

Em conferência de imprensa, os sociais-democratas apresentaram hoje dez diplomas na área da habitação – sete projetos-lei, uma deliberação e duas recomendações ao Governo –, que consideram representar “um contraponto” ao programa “vago e genérico” do executivo.

O vice-presidente do PSD António Leitão Amaro reiterou as críticas do partido às medidas do Governo, considerando que “a receita socialista é uma solução profundamente errada”.

“Errada porque aposta em soluções ideologicamente obcecadas que agravam o problema, atacam a propriedade privada, e põem o Estado a fazer o que não se sabe”, disse, criticando em particular medidas como o arrendamento forçado, a limitação de rendas, a proibição de novas licenças de Alojamento Local ou dos vistos ‘gold’.

Leitão Amaro advertiu mesmo que as medidas do Governo – ainda apenas na fase de discussão pública – “já estão a afastar investimento e a colocação de imóveis no mercado”, salientando que “vão agravar o problema da habitação e não vão aumentar a oferta”.

Os diplomas do PSD, que serão discutidos no parlamento no dia 15 de março num agendamento fixado pelo partido, incluem, por exemplo, um subsídio amplo de apoio ao arrendamento, garantias do Estado para ajudar à compra da primeira habitação pelos mais jovens e desagravamento fiscal generalizado no setor.

Questionado quanto custaria este pacote do PSD, o vice-presidente do PSD António Leitão Amaro considerou que esse “cálculo é inviável para um partido da oposição” por falta de dados, depois de o executivo ter calculado em 900 milhões de euros o custo do programa “Mais habitação”, mas excluindo desta estimativa o que venham a ser valores de custos com rendas, com obras a realizar ou com compras.

“O Governo deu um número sem fundamentar e logo dizendo que é só para algumas medidas. Não vamos entrar nesse jogo, nem o Governo tem esses números, apesar de dirigir a máquina fiscal, o IHRU e a Segurança Social, esse calculo é absolutamente inviável para um partido da oposição”, considerou o ‘vice’ social-democrata.

Ainda assim, Leitão Amaro apontou que existem “duas fontes de aumento da receita”, uma pela via da aceleração da oferta e da atividade económica, que considerou compensarem a diminuição da taxa do IVA para 6% com todas as obras de construção e reabilitação.

Por outro lado, o PSD prevê no caso dos imóveis devolutos cumprir o que já está na lei e agravar para o triplo o IMI nestes casos.

O vice-presidente do PSD admitiu que há medidas nos diplomas hoje entregues que podem “causar despesa relevante”, nomeadamente reduções ao nível do IMI, de que as autarquias têm de ser compensadas, ou o subsídio ao arrendamento e as deduções a nível do IRS com rendas ou juros.

“Assumimos que há um aumento da despesa, e é por causa disso que, à falta desses dados e como exigência constitucional, as medidas que implicam aumento de despesa entram em vigor com o Orçamento do Estado para 2024, onde assumimos a prioridade política de apoiar o arrendamento e a compra de casa. Significa uma escolha de reafetação de recursos, acreditamos que é possível acomodar isto”, disse.

Questionado se o eventual apoio do PS ao pacote do PSD poderia significar que os sociais-democratas viabilizariam o próximo Orçamento, Leitão Amaro não quis fazer essa ligação.

“Gostava muito que o PS viabilizasse estes diplomas que são sensatos, reformistas e estruturais, se não o fizerem dão mais uma cavadela no buraco da crise da habitação”, afirmou.

Por outro lado, salientou, as garantias públicas que o PSD propõe – quer para o reescalonamento dos créditos quer para a ‘entrada’ da casa das habitações para os mais jovens – não implicariam despesa, pelo menos imediata.

Em contraponto, disse, as medidas do PSD assentam num “choque da oferta”, na injeção de imóveis devolutos e em medidas transitórias de apoio do lado da procura.

“O país precisa de mais casas, de construir mais e reabilitar mais”, disse, defendendo medidas propostas pelo PSD como a redução dos custos burocráticos ou flexibilização das regras urbanísticas ou a aceleração das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência.

Na parte dos imóveis devolutos, o vice-presidente do PSD salientou que “não existe sequer moral” para o Governo “atacar a propriedade das pessoas quando o Estado tem milhares de imóveis que deixa devolutos”.

Como estas medidas “demoram a produzir efeitos”, o PSD incluiu também nas medidas “respostas transitórias” de apoio à procura, em que se inclui o subsídio de renda e as medidas de apoio à renegociação dos créditos à habitação.

“Quando começarmos a ter incumprimento grave no crédito à habitação, já será tarde de mais”, avisou.


Autor: Agência Lusa