twitter

Ponto por ponto

Que bom que as pessoas da nação não entendam o nosso sistema bancário e monetário, pois se entendessem, acho que haveria uma revolução antes do amanhecer” – Henry Ford, empreendedor americano e fundador da Ford Motor Company (1863-1947) Ponto um – Como foi possível, num país tão pequeno e com relevância diminuta no contexto europeu, assistir a tantos escândalos nos seus Bancos? É verdade! Uma verdade nua e crua. Às claras. Diante dos nossos olhos. Para vermos à vista desarmada a grande balda que nos atingiu no âmago e nos catapultou para a insignificância. Falências bancárias com fartura. Escândalos de corrupção. Negócios fraudulentos. Má gestão e Irresponsabilidades. Amiguismos e favoritismos. Impunidade e abuso de confiança. Tudo sem compreensão. Só nos permitem assistir ao “espectáculo”, simplesmente atónitos. E nada mais! Ponto dois – A “nova realidade” bancária é uma mistura explosiva que tem estoirado, como era previsível, nas mãos dos desgraçados dos contribuintes que continuarão a pagar milhares de milhões de euros de penalização forçada por essa gente não saber estar. Não saber ser. Não sabe ser digna dos lugares de topo que ocupa. Não saber respeitar a legítima aspiração de bem-estar de um povo e o sentir de um país. Continuaremos a pagar com humilhação. Com imensos sacrifícios. Com dificuldades de toda a ordem. E com raiva? Não. Somos um povo de brandos costumes. Continuaremos a pagar com os braços caídos e com um encolher de ombros. Entramos naquela do “deixa lá”, que melhores dias virão. Continuaremos a pagar com comissões bancárias e mais impostos. Continuaremos a pagar rodeado de eufemismos para justificar a nossa impotência e incapacidade. É tudo uma questão de hábito. Primeiro estranha-se o caso, depois entranha-se o “espectáculo”. É isso o que nos dizem. E nós aceitamos. Agora e sempre. Ponto três – Contas feitas, o dinheiro desapareceu da economia e voou para destinos “exóticos”. Gente exótica e troglodita. Gente miserável, sem alma e sem valores. Gente triste que sempre teve a complacência dos políticos e dos partidos. São eles que estão nesse jogo viciado e de sombras bem escurecidas. Nesse jogo que se manobra nos bastidores da podridão e dos arranjinhos. Também estão nas CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito – momentos pavoneados de uns tantos deputados, mais os extremistas, para se exibirem. Para mostrarem prosápia. Para se armarem em espertinhos. Só isso, porque resultados concretos não há. Culpados não há. Penas não há. Confiscos dos seus bens não há. O que há, são lesados. Lesados e lixados. Somos um país de lesados. Desprotegidos de um sistema que acoberta os que vendem a alma ao diabo. Ponto quatro – Agora temos em exibição no palco das aberrações, o problema do Novo Banco. Outro absurdo a juntar a tantos outros deste mesmo Banco. São agora 1419 milhões de euros para suprir prejuízos de uma gestão de um Banco “Bom” que foi vendido a um Fundo americano por tuta e meia. Foi vendido pelo Governo do dr. Costa, que sabia bem o que estava a vender. Mas, a culpa do descalabro financeiro é do Passos Coelho. Grande lata, não é? Mas, no final, ninguém vai pagar nada. Estamos protegidos e ninguém vai pagar nada. Tudo com o certificado de garantia do dr. Costa e do mago Centeno. Afinal, quem vai mesmo pagar esta monstruosidade? Ponto cinco – Tudo isto se passa num país de Justiça débil e arranjada, em que os poderosos escapam descaradamente através das portas e das janelas de um emaranhado legal, construído pelos grandes nomes do Direito que vão tecendo com subtileza os cordelinhos que nos atam. Tudo com linhas tortas. A resignação acampou de forma permanente em terrenos pedregosos e secos. A comédia é para continuar. As cenas dos próximos capítulos vão passar a desenrolar-se no Montepio. O “espectáculo” do Novo Banco é para continuar. A ver vamos, o que isso vai dar! Ponto seis – Bastou aparecer uma crisezinha económica para fazer descambar um país. Em dois tempos. O tempo da incompetência e o tempo da amnésia. Da incompetência dos boys e dos amigos na avaliação e na decisão. Da amnésia, porque nunca viram nada, nem sabiam de nada, nem ouviram falar de nada. Tudo muito claro. Culpas não houve, nem há e, muito menos, haverá.
Autor: Armindo Oliveira
DM

DM

24 março 2019