Agora que desceu o pano sobre o palco das últimas eleições autárquicas (12 de outubro de 2025), mormente sobre a tomada de posse das diferentes candidaturas, tempo é de fazer uma reflexão sobre o comportamento dos eleitores e os resultados daí resultantes; e porque a nossa vida democrática vive momentos de menor fiabilidade, autenticidade e verdade, o apelo que se formula e deseja é um volte face no comportamento dos cidadãos.
Então, relativamente ao comportamento dos eleitores, é de salientar a descida da abstenção traduzida num salutar reforço da afluência às urnas; e sabendo nós que estas eleições, dado o seu caráter de maior proximidade entre eleitos e eleitores do que, por exemplo, acontece com eleições europeias ou presidenciais, sempre se pautaram por um maior empenho e chamamento à votação.
Agora, este comportamento deveras muito positivo dos eleitores é de aplaudir e louvar porque pressupõe que a sua escolha é pela Democracia e seus princípios fundamentais; e mais positivo e louvável ainda quando se evidencia um virar de costas à vida democrática, e, até um explícito avanço de forças de extrema-esquerda e extrema-direita, populistas e autocráticas.
E, se ainda bem nos lembramos que nas eleições europeias de 2024 a abstenção atingiu os 60,5%, a descida da abstenção nestas autárquicas de outubro é um ótimo presságio; e, ademais, sendo o nosso direito de votar opcional e contrariamente ao que acontece em países europeus como a Bélgica, o Luxemburgo, a Grécia, a Bulgária e Malta em que ele é obrigatório.
Pois bem, não podemos pôr de lado e muito menos virar costas ao crescimento e avanço da direita e da extrema-direita que conquistou três Câmaras Municipais e aumenta, assim, o número de vereadores; e, embora o PSD e o PS continuem a ser o pilar da nossa Democracia, aquele porque foi o vencedor e este porque embora perdendo continua o segundo partido com maior implantação.
Por isso, os partidos do centro-esquerda (PS) e do centro-direita (PSD) devem-se manifestar defensores dos princípios e valores que defendem e que são a marca de uma democracia social e livre; e mostrar aos partidos populistas, simpatizantes que são de regimes autoritários e fascistas, que são os promotores e defensores da igualdade, da solidariedade e respeitadores dos direitos cívicos, políticos e sociais de todos os portugueses.
É, então, responsabilidade destes partidos social-democratas (PSD e PS) como os vencedores destas eleições autárquicas governarem com maior sentido e propósito de defesa destes valores e direitos; e oporem-se, assim, aos populismos e radicalismos que ignoram e não atendem os desejos e necessidades das populações, mormente no que aos seus direitos sociais e laborais e à qualidade e universalidade dos serviços públicos primordiais (SNS, Educação, Segurança Social, Justiça, Habitação e Emprego).
E, só deste modo, a vida democrática do país se pode robustecer e garantir a sua ação de maior liberdade, fraternidade, menor desigualdade e pobreza junto das populações que vão servir; e, como igualmente, uma maior luta contra a mentira que hoje circula lado a lado com verdade e com muita mais força.
Então, até de hoje a oito.