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Grupo Avic suspende transportes por Câmara de Viana “impor prejuízos”

Grupo Avic suspende transportes por Câmara de Viana “impor prejuízos”
Fotografia Avic

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 12 de junho de 2024, às 11:55

Segundo o diretor executivo da empresa

O grupo Avic anunciou a suspensão a partir de quinta-feira de serviços de transporte público urbano e interurbano e em horários em várias carreiras e acusou a Câmara de Viana do Castelo de “impor prejuízos permanentes às empresas”.

Em comunicado hoje enviado à agência Lusa, a transportadora justifica a decisão com o valor proposto pela Câmara de Viana do Castelo para compensação por quilómetro percorrido por dia, atribuída às operadoras, ao abrigo dos apoios do Governo aos transportes públicos.

Contactado pela Lusa, o diretor executivo do grupo Avic, Ivo Cunha, explicou ter proposto um valor de 285 euros, por dia, até 100 quilómetros percorridos, sendo que a autarquia apresenta 285 euros, por dia, por 125 quilómetros.

“É um valor absolutamente inaceitável, porque está mais do que comprovado de que estamos a operar com défice operacional. Não podemos suportar mais esta situação que se arrasta desde meados de dezembro de 2023. Temos de atuar e minimizar os impactos, olhando para as linhas que apresentam mais défice”, afirmou Ivo Cunha.

A Lusa contactou a Câmara de Viana do Castelo que remeteu para mais tarde uma posição sobre o assunto.

Segundo o diretor executivo do grupo Avic, “a Câmara de Viana do Castelo continua a querer impor prejuízos permanentes às empresas de transportes quando o valor que é solicitado é mais baixo do que seria apenas com o cálculo da última atualização da inflação”, apontando que “até abril os prejuízos são de 192.164 euros”.

Em 2023, de acordo com o valor da compensação praticado desde 2020 (250 euros, por dia, até 150 quilómetros percorridos), o relatório da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT)apresenta uma cobertura de custos de 78%”.

“Só em 2023 o défice operacional foi de 22%. Mesmo comprovando, sistematicamente e exaustivamente, que estamos a operar com prejuízo permanente, a câmara recusa aceitar a cobertura de custos operacionais”, frisou.

A partir de quinta-feira, a empresa vai suspender os circuitos da cidade de Viana do Castelo e o serviço interurbano entre a freguesia de Carvoeiro e Viana do Castelo, bem como vários horários nas linhas:Portela de Suzã - Viana do Castelo, Fragoso (Barcelos) - Viana do Castelo, Forjães (Esposende) - Viana do Castelo, Viana do Castelo - Castelo Neiva e Viana do Castelo - Ponte de Lima.

“Essas linhas nem sequer apuraram 90 euros por dia, por viatura. Esse valor, nem sequer dá para pagar ao motorista. É isto que está em causa. As condições que a câmara propõe perpetuam os prejuízos”, frisou.

Segundo Ivo Cunha, “o número de estudantes que utiliza as linhas urbanas é muito residual”, admitindo que “na linha entre Carvoeiro e Viana do Castelo haverá impacto no transporte escolar”.

“Na linha Carvoeiro-Viana do Castelo, em média, o apuro é de cerca de 50 euros, por dia. É preocupante porque põe em causa a estabilidade e sobrevivência da empresa”, apontou.

Nas restantes linhas, os horários suspensos a partir de quinta-feira “terão um impacto que não será muito considerável”.

“Não tendo a garantia de que os custos são cobertos, e estando a operar com prejuízos permanentes há muito tempo, não nos resta senão minimizar o impacto e suspender as linhas mais deficitárias. Não podemos estar permanentemente à espera de que a situação se resolva, quando a câmara já evidenciou que não quer resolver”.

Até 2023, os incentivos do Governo aos transportes públicos eram atribuídos ao abrigo do Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos (PART) e do Programa de Apoio à Densificação e Reforço da Oferta de Transporte Público (PROTransP) e, a partir de 2024, através do Incentiva + PT.