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«Não havia outra solução senão a desistência da equipa sénior»

Fotografia António Valdemar

Mara Soares

Jornalista

Publicado em 11 de setembro de 2025, às 23:00

Terras de Bouro desiste da Divisão de Honra e presidente apresenta demissão.

O Terras de Bouro atravessa um dos momentos mais conturbados na sua história, tendo anunciado a desistência da participação no campeonato da Divisão de Honra da Associação de Futebol de Braga, poucos dias antes do arranque da nova temporada 2025/26. A decisão surge na sequência de dificuldades na construção do plantel sénior e da demissão do presidente Miguel Rodrigues.

Em declarações ao Diário do Minho, Miguel Rodrigues explicou os motivos que o levaram a apresentar o pedido formal de demissão:

«Eu pedi a demissão ao presidente da Assembleia. Claro que depois isso tem os parâmetros normais, que levam o seu tempo a ser resolvidos. Com o meu pedido de demissão não posso abandonar o clube de hoje para amanhã. Foi um pedido formal, tive razões para isso. O pedido de demissão do presidente não é sinónimo de fechar o clube. Temos tido diariamente reuniões com a assembleia e com os outros membros da direção. O pedido de demissão vai acontecer, mas eu nunca irei sair sem haver alguém que me substitua.»

O clube minhoto, que se sagrou campeão de série na I Divisão da AF Braga, na época transata, enfrentou várias dificuldades na preparação para o novo escalão competitivo. A falta de jogadores disponíveis e os entraves burocráticos de atletas estrangeiros estiveram na origem da decisão de abandonar a prova.

«O nosso campeonato começaria domingo, frente ao Martim, eu não tinha o plantel completamente fechado ainda, tinha alguns estrangeiros, os dois guarda-redes, estávamos à espera do título de residência, não chegou a tempo devido a atrasos. Fiz um pedido à Associação de Futebol de Braga para adiar o jogo, e junto do clube em questão, eles foram irreversíveis, obviamente não podia ir a jogo sem equipa, principalmente sem guarda-redes», explicou Miguel Rodrigues.

O presidente salientou ainda as dificuldades estruturais e o abandono de certos jogadores durante a pré-temporada: «A dificuldade de construir um plantel foi devido às fracas instalações e do campo, não foi fácil. Não arranjámos jogadores para competir na divisão que estamos. Não havia outra solução senão a desistência da equipa sénior. A dias do primeiro jogo e sem plantel, não haveria outra solução senão pedir a demissão de cargo. A pré-época começou e os próprios capitães de equipa e os jogadores mais ativos no clube abandonaram-nos já em período de pré-época. Juntando estas situações, o clube não teve outra solução.»

Apesar deste cenário, Miguel Rodrigues garantiu que a formação do clube não será afetada e assegurou continuidade no apoio aos escalões jovens.

«A tomada de decisão não está decidida, eu irei sair, vai haver eleições, mas só saio quando houver alguém para me substituir. Agora o Miguel Rodrigues nunca deixará o clube fechar portas, poderei ficar aqui na pior das hipóteses num período curto, até que se resolva a substituição. É evidente que isto me deixa muito triste, foram 20 anos que tive à frente do clube e onde nunca me aconteceu tal, mas tenho consciência tranquila que fiz possíveis e impossíveis. Tenho a certeza que fiz e dei o meu melhor. Tenho que ressalvar aqui que muita gente levou a que isto chegasse a este termo. No entanto, no que toca aos escalões de formação, tudo continua como definido, a minha direção irá acompanhar e dar continuidade ao projeto para esta época a nível de formação, até que haja a assembleia e esperaremos que apareça lista para vir dar continuidade ao clube», garantiu Miguel Rodrigues.