twitter

Procissão dos Passos convida cristãos a seguirem o exemplo de Jesus Cristo (com vídeo)

Procissão dos Passos convida cristãos a seguirem o exemplo de Jesus Cristo (com vídeo)
Fotografia

Publicado em 10 de abril de 2017, às 16:09

Milhares de pessoas concentraram--se ontem nas principais ruas do centro histórico para assistirem à solene Procissão dos Passos, cujo ponto alto decorreu no adro da igreja de Santa Cruz, por ocasião do Sermão do Encontro. Aqui, o cónego José Paulo Abreu

Depois de percorrido o itinerário dos Passos – ou Calvários –, a procissão, presidida pelo bispo auxiliar D. Nuno Almeida, terminou junto à igreja de Santa Cruz onde os fiéis se reuniram para assistir ao encontro do Senhor dos Passos com a sua Mãe, a Senhora das Dores, ao mesmo tempo que carrega às costas a Cruz.

Foi aqui que o cónego José Paulo Abreu deixou uma proposta a todos os presentes, apelando ao arrependimento e pedindo a cada um para que siga o Divino Redentor, pois «dele virá a misericórdia e a bondade de que necessitamos para que os nossos pecados sejam apagados».

Num momento que considerou ter «dupla face» – «de um lado estão as nossas culpas e o pecado» e, do outro, «o Divino Redentor enviado para salvar os homens» –, o orador começou por interrogar algumas das escolhas feitas por Jesus e que o terão conduzido até à Sua morte. 

Entre estas, porque escolheu uma família pobre e humilde e não uma nobre e com posses, porque optou por «gente simples» enquanto discípulos e não pessoas com cursos académicos, ou porque se fez acompanhar de pecadores como Madalena ou a Samaritana?

No meio de tantas questões, o cónego interrogou ainda o sentido de, por exemplo, se oferecer a outra face a alguém que nos tenha esbofeteado, tal como Jesus fez no Sermão da Montanha, fazendo aqui uma alusão ao perdão do outro.

Nesta lógica, o cónego dirige-se a Jesus dizendo que, uma vez discordando das Suas atitudes, foi feito um «acerto» ao seu programa, com a introdução de frases como "quem não sente não é filho de boa gente" ou "eu perdoo mas não esqueço".

«Não sabes que estás a pagar pelo pecado? São coisas a mais e isto tinha de ter um preço a pagar. Quem se vira para estas franjas da sociedade tem este destino», disse, referindo-se à Cruz que carregava às costas.

Após esta introdução, na qual o orador encarnou a generalidade dos homens, o cónego José Paulo Abreu voltou a questionar, mas desta vez os fiéis, confrontando-os com as suas atitudes diárias e pedindo uma reflexão sobre as mesmas.

«Até podemos ter muito, mas de que nos serve se andarmos às turras uns com os outros, se somos agressivos na linguagem? Quem tem razão, somos nós ou Tu, que construíste uma família de amor? Quando, em vez de sermos disponíveis e solidários para os outros somos egoístas, aumentando a assimetria social? Eras Tu que tinhas razão quando nos mandavas ser generosos ou nós? És Tu que tens razão ou nós com as nossas agressões e o modo tão pouco afetuoso que temos de nos tratar uns aos outros?», interrogou, perante o olhar atento de muitos fiéis. 

A propósito, lembrou que, «só em 2014, houve 40 milhões de abortos» e que, «em França, por cada três gravidezes, uma vai abaixo». «Tivessemos nós vergonha. E ainda dizemos que os civilizados somos nós», disse.

O pregador lembrou ainda as guerras, que matam hoje mais gente do que mataram durante séculos, para assumir a culpa dos homens. «Somos nós que temos culpa e não Tu e a nossa atitude diante de Ti não pode ser de orgulho. Ditoso és Tu que vieste para nos salvar», referiu.

Por fim, o cónego José Paulo Abreu lembrou a Mãe de Jesus, a Senhora das Dores, agradecendo-lhe por estar sempre junto do seu Filho. 

A Jesus, pediu perdão «pelas nossas infidelidades porque muitas vezes não cumprimos a Sua vontade» e por não sermos para o próximo o que deveríamos ser. Deixou, por isso, «a nossa gratidão pelo que fez por nós e pela bondade de se ter oferecido como vítima de espiação pelos nossos pecados».

Pode consultar o vídeo na íntregra da procissão aqui.

 

Autor: Rita Cunha/ Foto: Avelino Lima