“Que fizeste hoje que tornasse o mundo melhor?” – perguntava
Pinto Balsemão cada dia aos seus empregados
 
Esta questão transversal poderia ser feita a cada um de nós, num mundo em que não somos ilhas, mas todos construtores de pontes e de uma grande catedral, não só de telhas de vidro, ou rosáceas policromas, de woki, de pedras graníticas ou de argamassa, mas de transcendência…
Assim traduzindo o Invisível em pedras mortas, menos importantes que as vivas. Talvez um apelo a seguir e movimentar-se pelos decálogos dos “sapatos de Deus”. Seja como for, uma bela mensagem do social-democrata, mesmo para os políticos da nossa praça.
Há dias, percorrendo estradas sinuosas do nosso distrito, detectei inúmeras escolas, residências, casebres, casas apalaçadas… e outras mais simples dilapidadas e cobertas de silvado, totalmente desertas nas margens das estradas, ou no meio de campos totalmente abandonados, índice de um abastardamento e êxodo rural, sem gentes fixadas na terra, ou fruto de famílias em crise económica, de herdeiros mal entendidos, ou consequência da falta de mão de obra, ou demografia. Num País com falta de casas, apesar das vítimas de covid, do inverno demográfico,ou de divórcio de famílias… Que país este, cheio de hipermercados, ainda rural, mas cheio de auto-estradas? É esta a imagem que pretendemos mostrar aos turistas que nos visitam?
Não compreendo como não entendo veigas, outrora produtivas de milho e linho,com águas e espumas pantanosas, hoje totalmente improdutivas, pois não compensa o cultivo de minifúndio individual, quando se podia planear um emparcelamento coletivo coordenado por uma empresa agrícola com máquinas, estudo de sementes e cultivos adequados para transformação e mais riqueza produtiva, num país ainda muito dependente do exterior no setor alimentar.A quem compete superintender tudo isto- com reformas estruturais ainda que custe-, criando uma agricultura mais planificada e rentável?Onde estão o Ministério da Agricultura, os engenheiros e agrónomos saídos das escolas? Emigraram também para o estrangeiro para as grandes regiões agrícolas da França, Bélgica ou Alemanha? Lá se fizeram grandes emparcelamentos e, hoje em Espanha, a terraplanagem de montes, são altamente produtivos.
É verdade. Após o 25 de Abril melhoraram acessos aos campos, mas depois não se fez mais nada, a não ser no centro e Alentejo.Limitou-se a receber subsídios da PAC. Não seria de pensar fazer também alguma coisa no norte, apesar do sentido muito arraigado de direito de propriedade?As reformas estruturais são dolorosas, mas devem fazer-se sob pena de hipotecar mais o futuro e tornar as populações ainda mais pobres.
Com tantos apoios à juventude (transportes,isenções na compra de casa, juros…) não seria necessário educar os jovens com mais sentido local e nacional para os tornar mais sensíveis ao país que somos e no qual vivemos? Ou será apenas o aproveitar de vantagens que outros não tiveram, sem lhes incutir os deveres na transformação do seu meio para mais riqueza e bem-estar no futuro?Onde estão os autarcas vencedores das eleições, e os políticos a quem impende superintender na organização do bem-estar e comum das gerações futuras?
Se há falta de casas, não seria de pensar em incentivos para reabilitar as existentes delapidadas e abandonadas, que fornecem um cenário de pobreza ou miséria engravatada? Não recebemos tantos estrangeiros? Apenas para trabalhar em latifúndios ricos ou viver nas cidades em colmeias sem telhado? Sejamos realistas, práticos e proativos.
Fomos sempre um país de retóricos, verborreias enfunadas… e fogos fátuos!
 
        