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Desatem lá este nó

 

 

José Luís Carneiro teve a “ousadia“ de dizer, um destes dias, que o Partido Socialista (PS) era o verdadeiro partido social-democrata. Verdade ou heresia ideológica? Ora esta afirmação verdadeira, ou meia verdadeira para alguns, declara e pela primeira vez desde que o PS é PS, que a sociedade social-democrática é uma ideologia de esquerda e não uma ideologia de direita como apelidam o PSD; este, muito representante no nosso xadrez político como um partido social-democrata. Então por que razão o colocam como um partido de direita e colocam o PS como um partido de esquerda? Quer dizer, a social-democracia do PS é de esquerda e a mesma social-democracia praticada pelo PSD é de direita. Mas que quiproquó é este? Há aqui um nó que tem de ser desatado para que o eleitorado saiba exatamente quem é o partido que representa a social-democracia em Portugal. Não será justo para o PS que venha a ser considerado uma ideologia de direita como o seu congénere PSD. Dizem-me, há muito tempo, que são diferentes, mas na gestão da coisa pública ainda nada os distingue, a não ser, em tempos idos, na repartição das fatias do OE. Aqui é certo e sabido que quando uma fatia é mais grossa do que as outras, alguns terão de comer as fatias mais magras. Mas até esse passado despesista de que era acusado o PS, foi-se diluindo, se não mesmo apagando nas chamadas contas certas dos orçamentos contemporâneos. Mas ,afinal, o que é uma social-democracia? No meu entender quer dizer que a democracia é um bem inquestionável e os bens do Estado devem ser a favor do social, isto é, a favor das pessoas. Isto significa que a social-democracia diz que nem tudo a favor do Estado, mas também nem todos os recursos a favor das pessoas. Há aqui um equilíbrio necessário para que o governo tenha o cuidado de precaver-se contra quaisquer perturbações internacionais e guardar recursos para suprir as necessidades das pessoas no caso dessas anomalias quer nacionais, quer internacionais. Mas, então, qual dos dois partidos social-democráticos é aquele que melhor serve a democracia e o interesse das pessoas? Julgo que não há que escolher a não ser pela contabilidade que cada um faz dos bens públicos. Assim se deitará no PSD se for melhor gestor ou no PS se este regular melhor as contas públicas. Não havendo entre eles uma fronteira nítida societária, a diferença para além destas forma-se pela personalidade de cada um dos dirigentes destes dois partidos. Já o disse e não me cansarei de dizer, um de cada vez e na sua vez, é um baluarte de defesa individual contra o comunismo e igualmente contra o capitalismo porque entendem que o primeiro faz escravos e o segundo produz criados. A dignidade de cada um é um património de liberdade e está bem defendida quer pelo PS, quer pelo PSD. É um sossego saber e percecionar uma coisa destas. Enquanto os passaritos dos telhados piam,as águias voam nas alturas mas cuidado com o falcão.



 

Paulo Fafe

Paulo Fafe

27 outubro 2025