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Construir hospitais e prisões, em vez do aeroporto

1 Sugestões de base, para atalhar à crise económica que se adivinha). Escrevo em 19 de Abril de 2020. Cada país do Mundo resiste o melhor que pode (e com sacrifícios de toda a ordem, sem excepção de ninguém) a esta grave pandemia viral, que teve a sua origem no centro da China, em Wuhan, prov. de Hubei, por finais de Nov. de 2019. Portugal, até ao momento nem sequer é dos países mais atingidos; sobretudo se comparado com o descalabro da Itália, Espanha e até de França e Grã-Bretanha. Em Deus deixando, a doença (ou, ao menos, a 1.ª vaga dela) deverá nos próximos meses ser debelada. E aos poucos a Economia irá sendo recomposta. Com base, tem de ser, na estrutura empresarial já existente; a qual sobreviverá, com maior ou menor dificuldade, herdada da próspera situação anterior. Porém, essas empresas (e outras) necessitarão de uma verdadeira “injecção de capital”, que terá de vir de fora, claro; pois dinheiro é coisa que em Portugal quem o apanha, paga tantos impostos que tem tendência a guardá-lo para si. Por outro lado, teremos de desistir de, ou reconverter, muitos projectos de investimento. De alguns até, ainda bem, pois representavam puras delapidações de dinheiros públicos (e de impostos, tão pesados que eles têm sido e possivelmente continuarão a ser); para benefícios de gestores sem escrúpulos e de grandes capitalistas, sobretudo estrangeiros. 2 Construir mais hospitais e formar mais médicos). Desde o início da pandemia do Covid-19, fácil foi perceber que o nosso SNS (Serviço Nacional de Saúde), que já “estava a rebentar pelas costuras” antes, estava muito longe de dispor do n.º suficiente de médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar, hospitais, enfermarias e de todo o tipo de instrumentos técnicos, desde os caros ventiladores, às simples máscaras. Escandalosamente, verificou-se que os ventiladores e as máscaras têm de ser compradas, nada menos que à própria China (!), ainda por cima em concorrência aquisitiva com uma data de outros países tidos por evoluídos… A Inglaterra tem-nos encomendado também à sua histórica inimiga Turquia, imagine-se (e à data, ainda estava à espera deles). 3 O país que “exporta” enfermeiros). Ninguém esqueceu ainda (penso eu…) o estado de pré-falência em que o antigo PM socialista, J. Sócrates, deixou as finanças portuguesas. E alguns ficaram “escandalizados” quando a seguir, Passos Coelho, muito sinceramente sugeriu aos portugueses a solução da emigração; falou “curto e grosso” (por ser óbvio que a culpa era dos anteriores). Mas isto feriu muitas almas delicadas (ou farisaicas…), que não gostam de ouvir verdades. Nova vaga de operários da construção civil, de mão-de-obra agrícola e sobretudo de enfermeiros, foi então trabalhar para França, Suíça, Espanha e Inglaterra. Este último país é aliás um mistério: a quantidade de médicos e enfermeiros de origem hindustânica (e até africana) é aí exponencial; o que dá ideia da indigência cultural e decadência intelectual e política do povo britânico actual. E a Grã-Bretanha tem sido um destino preferencial também para os enfermeiros aos quais Portugal não consegue dar emprego. Um deles, salvou até a vida ao PM Boris Johnson. 4 Entrar em Medicina, só com médias de 19…). Quanta gente de valor é desviada para outras profissões, devido a esta exigência de cariz corporativista e economicista. E sei do que falo, pois tenho muitos médicos na família (um bisavô, um avô, um tio-avô, primos, um irmão e uma sobrinha). 5 Construir prisões e formar novos polícias). Uma das razões pelas quais os juízes mandam tanta gente para casa, em vez de cumprirem pena na cadeia (como é o caso que acontece, p. ex., com os incendiários), é que, não há cadeias em n.º suficiente. Nem em muitas delas, os detidos têm aquela qualidade mínima de vida à qual continuam a ter direito. Adivinha-se aliás que, com a crise económica e de desemprego que se desenha a seguir, vai aumentar bastante a delinquência. Há um excesso de seguranças privados (vindos aliás, sabe-se lá de onde…) e um défice de agentes da PSP. Barragens e auto-estradas, já as temos em excesso. Construir pois, hospitais e cadeias deve ser o eixo de um futuro programa nacional de obras públicas. E se, para tal, houver expropriações de terrenos, pois que se pague o preço justo; e não a vergonhosa ridicularia que é usual o Estado pagar… 6 Um novo aeroporto, é que não). Às razões anteriores (defesa da Natureza, sobrecarga de turistas em Lisboa, aves que podem deitar aviões abaixo, ruído e perigo para as vilas da margem-sul), acresce agora que, por vários anos o tráfego aéreo ficará bem baixo dos níveis recentes. E, com a TAP quase falida, será muito mais normal gastar a imensa verba prevista para o aeroporto, ou a salvar a TAP; ou a tapar os inúmeros buracos da Economia que sobrevirá ao Covid-19. 7 Então e para que serve a dita “Comunidade” Europeia?). Não percebe ela que isto é uma catástrofe anormal e que é preciso, já agora, neste momento, dar dinheiro “a fundo perdido” (só o necessário, é claro)? E não, onerar com novos empréstimos, as empresas. No fundo, repor 80 a 90% de “statu quo ante” ao Covid-19. E o Euro, para já, numa altura destas, tem que ser “sagrado”. Senão, as pessoas ficariam sem dinheiro nenhum, sujeitas ao valor (ridículo, por certo) que os novos governos lhe atribuiriam no câmbio para novas moedas.
Autor: Eduardo Tomás Alves
DM

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28 abril 2020