Apesar da abstenção do PS e dos votos contra de Chega, IL, Livre, PCP, BE, PAN e JPP, o Orçamento de Estado para o próximo ano resistiu ao ruído, sinalizando responsabilidade governativa. Há orçamentos que passam como comboios de mercadorias: pesados, funcionais, sem poesia e encanto. Este não será assim. É, antes, a estação certa num país que, depois de muitos desvios, aprendeu a chegar a horas. Crescimento projetado de 2,3%, saldo próximo do equilíbrio e dívida a descer para 87,8% são sinais de disciplina e estabilidade, criando condições para reformas. A estabilidade é a plataforma apropriada para trocar a contenção pela reforma.
O documento revela ambição serena. A orçamentação por programas marca a mudança: cada euro está associado a objetivos concretos, permitindo avaliar o impacto e responsabilizar políticas. A revisão contínua da despesa dá solidez: medir, comparar, corrigir, justificar. Não promete um país novo, mas uma nova forma de governar: simplificação estrutural, disciplina normativa e gestão rigorosa.
Tal execução é chave na saúde e SNS, onde se evita o dogma fácil com a aproximação remuneratória às carreiras públicas, onde se corrigem assimetrias e se estabilizam equipas; e onde disciplina na aquisição de serviços protege a missão pública e a carruagem principal do sistema. O passo seguinte será a contratualização por objetivos, transparência nos tempos de resposta e autonomia responsável. Com contas organizadas e metas claras, otimizam-se resultados para quem precisa, para que o SNS reencontre o seu melhor: humanismo e universalidade com eficiência.
Na economia, a virtude está na previsibilidade: famílias terão incentivos à valorização salarial, traduzindo-se em competitividade responsável. Estabilidade com o investimento a acelerar para 5,5% e desemprego nos 5,8% autoriza ambição e aposta reformista. O salto nasce da redução da fricção administrativa: interoperabilidade, prazos vinculativos e relato público dos tempos de licenciamento. É assim que se cria confiança e se atrai investimento.
Este é um orçamento de maturidade e compromisso!
Não salva o mundo numa madrugada, mas recompõe o relógio do Estado, afina engrenagens, limpa excessos e alinha ponteiros.
Se 2026 for lembrado como o ano em que deixámos de administrar o presente para construir o futuro, será porque este Governo deu ao país o bem mais precioso: confiança para avançar e esperança num futuro maior.