O melhor exemplo que podemos colher daquilo que deveriam ser as reformas na esfera do Estado, prometidas pelo atual executivo, vem plasmado na História de Portugal. Trata-se da reforma iniciada pelo nosso rei ‘lavrador’, D. Dinis, com a plantação do Pinhal de Leiria a que, pelos vistos, ninguém ligou.
Pensando bem, direi que, desde essa altura para cá, muito pouco tem sido feito pela floresta. Isto, apesar dos constantes avisos feitos aos nossos governantes, quais ‘mulas teimosas’, pelo saudoso Arq. Gonçalo R. Teles. Os quais não só nunca ligaram à sua sapiência, como, ainda, deixaram arder o arvoredo do rei.
Ora, a fogosa entrada deste Governo, em minoria, a garantir aos portugueses de que é desta que o país vai ter reformas a valer, tal promessa está ao nível do deficiente cabo do elevador da Glória, cuja ausência de manutenção o levou a partir-se, matando 16 pessoas.
O mesmo se verificou com os incêndios, este ano, que vitimaram bombeiros e atiraram as populações para o desespero e a angústia de verem as suas vidas em risco e arder o que tanto lhes custou a ganhar. Sendo o ordenamento florestal o do costume: acabou o verão, acaba a conversa. Portanto, tudo como dantes, uma vez ser preciso alimentar a máquina lobista dos incêndios que, como lá dizia a cantiga da tourada, dá lucro aos milhões.
Daí, que o atual executivo não tendo semeado as mudanças necessárias nada tenha para colher, neste outono, a não ser ‘muito carolo e pouco milho’. E, pelos vistos assim vai continuar, caso persista em ceder aos interesses instalados. Isto é, à resistência das Ordens, Centrais Sindicais e representantes de outras classes profissionais, que não querem ver mexidas nos setores da sua área de atuação. Sobretudo, na Saúde, Educação, Justiça, sobre as quais pairam, já, ameaças de greve geral.
Desta feita, temos os interesses dos médicos, enfermeiros, professores, magistrados etc., todos eles a refrearem o ímpeto reformista propalado pelo líder do atual Governo, Luís Montenegro. Motivo pelo qual não se vislumbram reformas profundas no aparelho do Estado. O que vem deixando o país a marcar passo no que concerne à modernização, simplificação e melhor eficiência nos serviços públicos, a fim de garantirem o acesso e a satisfação dos cidadãos que a eles recorrem.
Não se trata de reestruturar por motivos fúteis, mas porque já todos sabemos que o reformismo “plantado” em outros países democráticos da Europa e do mundo dá frutos. Onde os governantes, apesar da impopularidade, o levam por diante. Só que por cá essa cultura é ‘seara que não dá trigo’. E por que razão? Porque o excesso de burocracia para além dar alvíssaras a muita gente, permite o compadrio e a corrupção. Ao que se sabe motivada pela conveniente morosidade e desconserto em que vegetam algumas instituições do Estado.
Por isso, enquanto não forem ultrapassadas as dificuldades a ‘safra’ continuará diminuta. Aliás, basta vermos a grande ‘espiga’ que tem sido a redução do IRC, a reforma da Lei Laboral e a de Estrangeiros. O que dá para ver a dificuldade destes governantes, ou de outros que por aí venham, em levarem por diante a adaptação do país não só á evolução dos tempos, como às necessidades das empresas e do mercado de trabalho.
Em tempo de ‘colheitas’, L. Montenegro deve deixar-se de rodriguinhos eleitoralistas e preparar, com urgência, a sementeira da reestruturação de tudo aquilo que dela careça. Por forma a garantir melhor desenvoltura e eficácia no SNS, nas Escolas, nos Tribunais e até no Poder local. Se bem que também necessitem de reformulação não só a ‘Lei Eleitoral’, como as’ Infraestruturas de Portugal’.
Enfim, qualquer força política sabe que governar a incomodar o funcionalismo público, com reorganização dos serviços, se arrisca a deixar de colher uma ‘pipa’ de votos. Mas caso não cumpra o que prometeu ao seu eleitorado, também se sujeita a que este, em vez de ‘pisar as uvas do lagar’, acabe por esmagar os calos ao executivo.