A eleição acabou e chegou a hora do cumprimento das promessas eleitorais. Cada desilusão sofrida pelo não cumprimento das promessas eleitorais, é uma facada pelas costas, quando não há má fé, no corpo da democracia. Abriram as portas do céu e não podemos aceitar que se fechem nas portas do inferno. A campanha foi, umas vezes por contraste, outras vezes por semelhança, semelhante à feira da Vandoma; nesta feira se vendem artigos antigos para recordação de tempos idos, normalmente servem de adorno; no entanto, a campanha não foi igual porque estiveram o tempo todo a tentar vender-nos velharias, só que as quiseram fazer passar por novas. De antiguidades voltaram a aparecer as bolas e os aventais, as esferográficas e as sacas, só faltaram as tarjas e os cachecóis nas janelas para se assemelharem à Vandoma. Este revivalismo só engana aqueles que, em vez de andar para a frente, pararam no tempo a olhar o pôr-do-sol com a nostalgia do passado. Mas que sociedade julgam estes mandatários que existe atualmente para pensarem que compram votos como compram artigos antigos da Vandoma? Triste, muito triste é esta estagnação de tática política porque cheira a bolor e ofende a capacidade de raciocínio duma sociedade superior em conhecimento. O tempo que volta para trás é para os velhos porque, sem projetos para o futuro, se refugiam na saudade do seu tempo. Encontram aí uma vida que já não existe mas tornam-na real nos suspiros que dão. Esta campanha está velha, e à falta de melhores argumentos, voltaram às arruadas e seus penduricalhos. Que vergonha e que ultraje Só não vimos tarjetas de janela a janela. Mas pensam estes senhores mandatários que a sociedade de hoje, a mais preparada de sempre, ainda compra disto e desta maneira? Pobre é aquele que não tem cérebro para mais. Agora vai começar a cobrança. Cada desilusão é uma facada pelas costas na democracia que começa a vacilar precisamente por causa das promessas não cumpridas. Mostrem-nos que a vossa eleição foi mais que uma feira da Vandoma.
