Na antevisão sobre o jogo de amanhã, correspondente aos quartos de final da Taça da Liga, frente ao Santa Clara, Carlos Vicens destacou a ambição e o compromisso da sua equipa perante um calendário exigente. O treinador do SC Braga sublinhou que o coletivo tem de «deixar tudo em campo, ser competitivos e ambiciosos», para garantir o acesso à final-four da competição, reforçando que o cansaço não servirá de desculpa para o desempenho da equipa.
Seguem as declarações do treinador Carlos Vicens.
Amanhã temos o primeiro jogo da Taça da Liga, uma competição em que o Braga marca presença. Quais são os principais desafios que a equipa do Santa Clara apresenta?
Bem, acho que o desafio começa logo pela própria competição.
Iniciamos a nossa caminhada nesta nova prova, que volta a ter características diferentes dos últimos jogos que disputámos. O facto de não haver prolongamento, de sabermos que o empate leva diretamente aos penaltis e de que apenas uma das duas equipas vai seguir em frente, torna o jogo especial.
Temos, obviamente, a ambição e a ilusão de o fazer bem, de mostrar novamente, apesar de apenas dois dias entre jogos, uma versão o mais próxima possível daquilo que temos vindo a apresentar.
Sabemos também que o Santa Clara terá a mesma ambição de chegar à final-four e que nos vai criar dificuldades. Vêm com um dia extra de descanso, por isso temos de aproveitar o fator casa e o apoio dos nossos adeptos para fazer um jogo ambicioso, competitivo e tentar vencer para chegar a essa final-four.
Surge, no entanto, numa fase muito exigente da época, com muitos jogos e competições ao mesmo tempo.
Como é que gere tudo isso na cabeça ao montar o onze? Vai ser obrigado a mexer muito ou esta possibilidade de conquistar um troféu com tão poucos jogos faz da Taça um grande objetivo?
Obviamente temos consciência desse fator e encaramos o jogo com a ilusão de que, se passarmos, estaremos numa meia-final. Isso motiva-nos. Não podemos negar que vencer amanhã nos aproxima de algo importante.
É verdade que estamos num momento em que a equipa tem de competir de poucos em poucos dias. Dentro deste período congestionado tivemos seis dias com três jogos, o que é muito em pouco tempo. Amanhã é o terceiro dessa sequência. Temos de avaliar o treino de hoje, que será leve, apenas para afinar detalhes e perceber quem recuperou melhor, como estão os jogadores em termos de energia. A nível mental, a equipa já há algum tempo tem muito claro o que pretende dentro de campo, tanto a atacar como a defender. Está-se a ver uma identidade forte e reconhecível, fruto do trabalho dos últimos meses.
O jogo de amanhã tem particularidades: é um jogo em que começam dois e só um passa, e chegamos com alguma acumulação de minutos. Vamos ver quem está melhor e não usaremos o cansaço como desculpa. O calendário é o que é há muito tempo. Temos é de estar fortes mentalmente, e quando a energia baixar um pouco, dar um extra.
Temos de deixar tudo em campo, ser competitivos e ambiciosos, jogar à nossa imagem e tentar garantir o acesso à meia-final que tanto queremos.
 
O Braga tem sentido dificuldades contra equipas com blocos mais baixos, mais defensivos, enquanto contra equipas que jogam mais abertas os resultados têm sido melhores. Sente que, frente ao Santa Clara, será essencial entrar muito forte para “abrir” o jogo cedo?
O Santa Clara pode optar por baixar o bloco, mas também pode pressionar mais alto. Acho que dentro do próprio jogo vamos ver vários momentos distintos. Não concordo totalmente que os piores resultados tenham sido apenas contra blocos baixos. Quando não estivemos bem, foi porque a nossa construção desde trás não foi suficientemente limpa. Quando isso falha, o resto do jogo também sofre.
A equipa sente-se mais confortável quando consegue construir de forma fluída e consistente. O que acontece mais à frente é consequência disso. Portanto, sim, teremos de fazer muitas coisas bem, essa pode ser uma delas, mas há outras igualmente importantes para conseguirmos vencer amanhã.
 
Este é o momento em que mais se nota em campo o trabalho que tem sido feito? E quanto ao Pau Víctor e ao Fran Navarro, que não jogaram no último encontro, estão disponíveis?
Sim, o rendimento da equipa nos últimos jogos aproxima-se muito daquilo que queremos ser. Não apenas contra o Estrela e o Casa Pia, mas também em jogos anteriores. O grupo mostra uma identidade clara e reconhecível, e isso deixa-nos satisfeitos.
Em relação ao Pau Víctor e ao Fran Navarro, são jogadores que não tiveram minutos no último jogo e, portanto, estão frescos. Vamos ver como treinam hoje e decidir. Contamos com todos os que cheguem com boa energia para poder oferecer um bom rendimento amanhã.
Tem sido necessário gerir também a parte mental com o Pau Víctor, ou é um jogador que já entende o seu papel na equipa e sabe que o sucesso virá com o tempo?
Se não estou em erro, já tem 16 presenças. É verdade que nem todas completas, mas temos contado bastante com ele. Chegou mais tarde do que outros reforços e, quando já estávamos em competição, sem pré-época para se integrar. A sua adaptação foi boa, mas teve de acontecer em ritmo competitivo.
É um jogador que está a trabalhar bem e tem de estar tranquilo. Tem contrato por vários anos, por isso o seu rendimento vai crescer com o tempo e com o trabalho diário.
O meu objetivo como treinador é tirar o máximo rendimento dos jogadores e ajudá-los a evoluir. Tomo decisões diárias pensando no que é melhor para a equipa no jogo seguinte. Alguns jogam mais, outros menos, mas todos sabem que são importantes. Aqui todos têm oportunidades, todos sabem que começamos com uns e terminamos com outros, e isso exige energia e preparação. Para estar preparado, o jogador tem de se sentir importante, e acho que todos se sentem assim.
Temos trabalhado diariamente para que cada um melhore um pouco todos os dias, antes e depois do treino, e é isso que nos vai fazer crescer como equipa. Quando a equipa vai bem, os jogadores também crescem individualmente.
Estamos a ver isso em campo, tanto titulares como suplentes estão a contribuir muito.
No caso do Pau, já falámos com ele: tem de continuar a trabalhar e a manter a tranquilidade. Acreditamos todos que o seu rendimento aqui no Braga vai ser muito bom. É natural que numa primeira época haja altos e baixos, faz parte da adaptação. Pouco a pouco, com o apoio de todos, ele vai continuar a melhorar e o rendimento coletivo vai beneficiar disso, para que as coisas que queremos aconteçam.
O SC Braga vai defrontar o Santa Clara, amanhã, às 18h15, no Estádio Municipal de Braga, em jogo dos quartos de final da Taça da Liga, com arbitragem de David Rafael Silva (Associação do Porto).
 
             
        