twitter

Visitas guiadas convidam a descobrir história e património de Braga

Visitas guiadas convidam a descobrir história e património de Braga
Fotografia

Publicado em 25 de agosto de 2019, às 15:23

As visitas têm início junto ao Posto de Turismo e percorrem todo o centro histórico de Braga, abordando a história, os monumentos e as tradições da cidade.

Visitas guiadas dão a conhecer o centro histórico de Braga, de segunda-feira a sábado, às 18h00, até 31 de agosto. Este verão, cerca de 100 pessoas já aproveitaram a oportunidade para ficar a saber mais sobre a cidade. Este percurso promete surpreender, até os bracarenses.
Sabia que a Casa dos Coimbras foi mudada de sítio para se abrir uma rua, que o espaço entre “A Brasileira” e “A Nova Brazileira” era conhecido por “Canal da Mancha” devido à rivalidade política da maior parte dos frequentadores dos dois cafés ou que havia uma passagem na Casa do Passadiço para se entrar na cidade?
São curiosidades co mo estas que se descobrem nas visitas guiadas que a ACESAS – Grupo de Intervenção Cultural está a promover até 31 de agosto, de segunda-feira a sábado, às 18h00, tendo como ponto de encontro o Posto de Turismo.
Nos “Free Walking Tour” não é preciso fazer inscrição, bastando aparecer no local de partida. Não há um preço estipulado, podendo os participantes recompensar o trabalho dos voluntários com o valor que acharem justo. Este projeto está a ser implementado há cinco anos, em períodos com mais turistas na cidade, como o verão, a Páscoa, a Braga Romana ou a Braga Barroca.
Maria Betânia Ribeiro, da ACESAS, explica que estas visitas surgiram para envolver os turistas com a cidade. «Há cinco anos, olhávamos para a cidade e parecia-nos que não havia um acompanhamento efetivo dos visitantes, quer nacionais, quer estrangeiros. Mesmo que o Posto de Turismo forneça muita e boa informação, com mapas em imensas línguas, e os profissionais sejam excelentes na receção a quem visita Braga, a realidade é que não conseguem acompanhar os turistas pela cidade. Pensámos, então, que poderíamos ser nós, jovens da cidade ativos a nível cultural, a fornecer este serviço, tendo o projeto sido desenvolvido no seio da ACESAS», explica.
O projeto conta com a colaboração de voluntários, que disponibilizam o seu tempo para dar a conhecer a cidade a quem procura estas visitas. Não há critérios de exclusão dos candidatos, que podem ter formação nas mais diversas áreas. Esta diversidade está patente no núcleo central da associação, sendo Maria Betânia Ribeiro de Comunicação e Turismo, André Carvalho formado em Gestão Industrial e Sofia Carvalho da área de Design de Comunicação.
Maria Betânia Ribeiro refere que quando alguém manifesta interesse em ser voluntário, por exemplo através da página no Facebook ou do Posto de Turismo, é marcada uma conversa para aferir as motivações, os conhecimentos linguísticos e a destreza na oralidade. Os novos membros da equipa têm à sua disposição um guião da visita, sendo convidados a dar-lhe um enfoque pessoal, tendo em conta os seus conhecimentos e gostos pessoais. Depois de um período de treino, passam a ser responsáveis pela orientação destes passeios.
Há pessoas que se mantêm desde o início do projeto, outras ficam apenas uma temporada. «Um dos aspetos interessantes deste projeto é que é dinâmico. Umas pessoas partem, outras chegam. Da mesma forma, também o guião da visita vai sendo alterado, porque Braga é uma cidade viva», diz. Este verão, já cerca de 100 pessoas ficaram a conhecer melhor a cidade com esta iniciativa, sendo os espanhóis, os portugueses, os ingleses, os franceses e os belgas os principais “clientes” das visitas. Contudo, Maria Betânia Ribeiro destaca a possibilidade de contacto com pessoas de todo o mundo, uma vez que já têm aparecido turistas do Brasil, da Rússia ou da República Checa. Este ano, pela primeira vez, um peregrino fez o circuito. «Tanto podemos fazer a visita com uma pessoa, com um casal ou com um grupo de 30 ou 50 pessoas», conta.
Em relação ao perfil dos turistas, esta responsável revela que, na altura do lançamento do projeto, a ideia que o grupo tinha é que iria ser procurado por jovens, de mochila, que estavam em Braga por um período curto e queriam ficar a conhecer mais sobre a cidade. A realidade acabou por mostrar que «não é bem assim» e que, para além dos jovens, as visitas são muito procuradas por famílias e por grupos seniores.
As visitas decorrem no centro histórico, aproveitando a sua riqueza patrimonial e o facto de ser uma área pedonal. Sé, Palácio do Raio, Jardim de Santa Bárbara e Arco da Porta Nova são os monumentos que mais interesse costumam despertar. Na Páscoa é feito um passeio pelas sete igrejas que evocam os templos de Roma e no 25deAbril e 28 de Maio um roteiro intitulado “Braga, ditadura e liberdade”. O grupo tem também uma visita ao Bom Jesus, mais difícil de implementar do ponto de vista da logística.
Os principais meios de divulgação do projeto são o Posto de Turismo, o Facebook (https://www.facebook.com/freetour.braga), cartazes e folhetos colocados na rua e nos pontos mais turísticos, tais como como museus, hotéis, alojamento local e cafés.
Uma excelente oportunidade para saber mais sobre Braga
O bracarense Bruno Barbosa ficou com «curiosidade» em relação às visitas guiadas e resolveu partir «à descoberta» da sua cidade. O objetivo era satisfazer a curiosidade sobre «tanto simbolismo que encontramos na cidade, mas que muitas vezes não nos diz nada porque nunca nos preocupamos em procurar informação».
Depois de ter percorrido o centro histórico da cidade, recomenda a visita, tanto aos bracarenses como aos visitantes. «Haverá certamente muitas pessoas como eu, que são de Braga, mas que nunca partiram à descoberta da sua história e património. Esta é uma excelente oportunidade para fcar a conhecer melhor a cidade», afirma.
Carla Duarte e Inês Silva são as mais recentes guias dos “Free Walking Tour”. Da área de Comunicação e Multimédia, Carla Duarte conheceu o projeto há mais de dois anos e foi alimentando a vontade de ser guia. A possibilidade de contacto com as pessoas das mais diversas proveniências foi uma das motivações para avançar. Estudou o guião e pesquisou ainda mais sobre Braga, para conseguir transmitir aos participantes muita informação sobre a cidade.
Por seu turno, a bracarense Inês Silva sempre se interessou pelo passado de Braga. Da área de Direito, a jovem conheceu o projeto noutras cidades e entrou em contacto com a ACESAS, sendo «muito bem recebida». As duas guias estão conscientes da responsabilidade que têm pela imagem que as pessoas que participarem nas visitas vão ficar de Braga, mas sublinham que também «é um gosto» transmitir a riqueza da cidade.
«Cabe-nos a nós que esta hora e meia de visita seja o mais produtiva possível, que as pessoas gostem do que veem e depois levem o "bichinho" da cidade e a recomendem», afirma Inês Silva.
Visita a dois mil anos de história As visitas guiadas dão a conhecer a história e o património de Braga, de uma maneira informal e descontraída, ao longo de cerca de uma hora e meia. Os guias despertam a atenção dos participantes através de curiosidades associadas a cada espaço ou período histórico. A visita começa junto ao Posto de Turismo, com a abordagem à história da cidade, que remonta a 16 a.C, no tempo dos romanos. Segue-se uma paragem junto à Arcada, onde também se fala do Bom Jesus, que dali se avista. Avenida da Liberdade abaixo, é obrigatória a paragem junto ao Theatro Circo. Segue-se o antigo edifício dos Correios, agora um edifício comercial, e a Fonte do Ídolo, monumento que passa despercebido mesmo aos bracarenses. O Palácio do Raio desperta sempre interesse, desde logo pelo nome, que remonta ao seu segundo proprietário, Miguel José Raio, e por ter feito parte do Hospital de S. Marcos.
A visita continua com paragens junto à igreja de S. Marcos, à igreja de Santa Cruz, com o desafio para se descobrir os galos na fachada, à Casa dos Coimbras, à Casa dos Crivos, à Brasileira e à Torre de Menagem. Seguindo pela rua de Janes, passa-se pela igreja de S. João do Souto, pelas Frigideiras do Cantinho, com os seus vestígios romanos, em direção à Sé e à igreja da Misericórdia. As explicações continuam no Largo do Paço, no Jardim de Santa Bárbara, na Praça do Município e no Arco da Porta Nova. Na rua da Violinha avista-se a muralha Fernandina, até que se chega à Sé, ponto final de uma visita que percorre mais de dois mil anos de história.

Autor: Luísa Teresa Ribeiro