A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes vai abrir, durante o verão, uma esplanada nos jardins da Casa do Vinho Verde, no Porto, tirando partido deste belíssimo espaço com uma vista soberba sobre o rio Douro.

O novo serviço vai funcionar como uma “montra” de todos os produtores da região, servindo de “aperitivo” para que os visitantes partam à descoberta do território.
Ao mesmo tempo, levanta o véu sobre o projeto que vai transformar o Palacete Silva Monteiro num centro de receção e encaminhamento dos visitantes para os produtores de Vinho Verde.
A novidade foi apresentada pelo presidente da Comissão de Viticultura, terça-feira à tarde, num encontro com a comunicação social, ao ar livre, respeitando as regras de distanciamento impostas pela situação de pandemia.

A equipa liderada por Manuel Pinheiro quis assinalar desta forma a abertura das esplanadas, perspetivando o que vai ser concretizado dentro de algumas semanas, com um brinde com vinhos da Quinta d’Amares, Solar de Serrade e Quinta da Raza e espumante Valados de Melgaço.

Este responsável explicou que a expetativa é que o turismo volte a crescer em toda a região, incluindo no Porto. À espera dos visitantes vai estar, nos jardins da casa do século XIX que acolhe a Comissão de Viticultura, uma esplanada onde será possível provar os vinhos dos 328 engarrafadores de Vinho Verde, acompanhados por alguma gastronomia ligeira típica da região. A apresentação dos produtores será feita de forma rotativa, para que todos tenham a oportunidade de dar a provar os seus vinhos.
A esplanada vai funcionar durante o período de verão, antecipando «o projeto ambicioso» da Comissão de Viticultura de transformar a Casa do Vinho Verde num centro para atrair os milhões de turistas que todos os anos visitam a cidade do Porto e convidá-los a partir à descoberta do território.

A Câmara Municipal do Porto já licenciou a obra, estando agora a ser elaborados os projetos de especialidade.
O objetivo é criar uma zona turística que permita receber os visitantes, proporcionar-lhes a experiência do Vinho Verde, encaminhá-los para a esplanada, onde decorrerá a prova, e desafiá-los para uma visita aos produtores.

«A nossa ideia é que a Casa do Vinho Verde esteja aberta à cidade, permitindo que os turistas provem os vinhos e partam para visitas pela região», resumiu.

Manuel Pinheiro acrescentou ao Diário do Minho que a nova estrutura, quando estiver em pleno funcionamento, vai mostrar aos turistas «que esta é uma região maravilhosa, que podem e devem visitar». «A região visita-se facilmente, pois o Porto fica a menos de uma hora de caminho dos principais centros, seja para o interior, como Amarante, seja para Norte, como Braga ou Guimarães. Se um turista sair de manhã, faz a visita, almoça na região e regressa à noite. O objetivo é cativar os turistas que visitam no Porto para que possam conhecer a região», disse.
Cinema nas vinhas alargado a mais locais da região

A segunda edição do festival que apresenta cinema entre as vinhas vai ter um programa alargado, incluindo mais locais da região. “A viagem” é o mote para a iniciativa que prevê sessões de cinema ao ar livre, nas noites de verão, convidando a uma conjugação entre o vinho e a sétima arte.
O presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes revelou que o projeto, que teve o início em 2020, em colaboração com a Universidade Católica, vai ter continuidade nesta época estival.
Manuel Pinheiro adiantou que, este ano, o programa prevê a exibição de cinco filmes no Porto e dez na região, representando um alargamento em relação à edição inaugural, que contou com cinco sessões no Porto e cinco na região.
O tema é “A viagem”, incluindo películas sobre viagens pelo mundo, mas também viagens interiores. Para o Porto estão reservados sobretudo filmes de culto, estando prevista maior diversidade para o resto da região. «São filmes que vão fazer a ligação entre o cinema, o Vinho Verde, o território e o ar livre», explicou aquele responsável.
Em preparação está também mais uma edição do programa de caminhadas, que leva os visitantes a percorrerem as vinhas dos produtores da região dos Vinhos Verdes, aos sábados de amanhã.
Este responsável manifestou a determinação da Comissão de Viticultura em continuar a realizar iniciativas que ajudem a dinamizar o setor, mesmo que para isso seja preciso um esforço de reinvenção para contornar os constrangimentos impostos pela pandemia.
Manuel Pinheiro recordou que o programa de formação teve ser feito através da Internet, batendo recordes de participantes.
Embora o número de iniciativas digitais diminua com o desconfinamento, continuam a ser enviadas amostras para os mercados externos, havendo depois sessões online que juntam os produtores e os clientes.
O dirigente destacou os 400 participantes do evento “Dois dedos de conversa sobre livros e Vinhos Verdes”, promovido em conjunto com a editora Aletheia, que levou a casa dos consumidores um livro e uma referência de Vinho Verde para acompanhar dez sessões online, que juntaram escritores, enólogos e produtores.
«Algumas das iniciativas que fizemos por causa do confinamento vão manter-se no pós-confinamento. O evento de vinhos e livros vai ser revisto e relançado no final do ano, mesmo que não haja confinamento, quando as pessoas estiverem mais em casa, aproveitando a oportunidade para provar um vinho e ler um livro», revelou.
Confinamento voltou a afetar os produtores de forma desigual

O segundo confinamento afetou de forma de desigual os produtores de Vinho Verde, à semelhança do que se tinha passado na primeira vaga.
O presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes revelou que este confinamento «afetou a restauração e as garrafeiras, penalizando os produtores dependentes desses dois canais, que estão a ter dificuldades em escoar a sua produção. Em contrapartida, os produtores que estavam nas grandes superfícies e na exportação estão a ter resultados bastante melhores. É um panorama desigual, em que o mercado em 2021 está praticamente igual ao de 2020».
Manuel Pinheiro alertou que é necessário olhar para os números globais com cuidado, pois há quem esteja a ganhar e quem esteja a perder.
«Os números globais são positivos. Estamos um bocadinho acima do ano passado, sendo que fechámos 2020 acima de 2019. O ano de 2020 foi o nosso ano recorde de exportações, o que é surpreendente, mas isso esconde realidades diferentes», explicitou.
Este responsável espera que haja um novo impulso com a abertura dos restaurantes, que poderá ser potenciado «com o regresso ainda moderado dos turistas estrangeiros e sobretudo com o crescimento do turismo no interior do país».
«O Minho tem uma oferta maravilhosa de património edificado, natureza, praias e centros urbanos muitíssimo bonitos, que podem e devem ser visitados. Esperamos que isso ajude os produtores de Vinho Verde que estão espalhados um pouco por toda a região», afirmou.
Vinhos de 2020 são ótimos

O presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes assegura que os apreciadores que forem agora abrir as garrafas de 2020 «vão ficar surpreendidos porque este foi um ótimo ano de vinhos».
«O ano de 2020 foi surpreendente. Foi um ano muito difícil, por causa da Covid-19, mas a atividade agrícola continuou. Em termos climatéricos o ano correu muito bem e 2020 é uma ótima colheita», refere Manuel Pinheiro.
Autor: Luísa Teresa Ribeiro