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Bolinhol é trunfo para afirmar Vizela como destino gastronómico

Bolinhol é trunfo para afirmar Vizela como destino gastronómico
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Publicado em 19 de outubro de 2019, às 12:16

A eleição do Bolinhol como uma das 7 Maravilhas Doces de Portugal é um novo trunfo na afirmação do concelho de Vizela como destino incontornável para os apreciadores de boa gastronomia. A Câmara Municipal já delineou uma estratégia para usar esta mais-val

O presidente da Câmara Municipal de Vizela considera que a eleição do Bolinhol como uma das 7 Maravilhas Doces de Portugal foi «um momento único para o concelho», que aposta agora em rentabilizar esta mais-valia através de uma estratégia que pretende envolver os produtores da iguaria. Em declarações ao Diário do Minho, Victor Hugo Salgado explica que, por um lado, o processo que culminou na eleição deste ícone vizelense como um dos sete principais doces nacionais mostrou a capacidade de mobilização do concelho. «Conseguiu-se reanimar a questão da identidade. É muito significativo que os vizelenses sintam que valeu a pena lutar pelo concelho», afirma. O autarca acrescenta, por outro lado, que a participação no concurso transmitido pela RTP atraiu a atenção da comunicação social, que tem dado a conhecer as potencialidades do município, em consonância com a aposta municipal de dinamização do turismo como um dos motores de desenvolvimento concelhio. «A eleição do Bolinhol como uma das 7 Maravilhas Doces de Portugal dá ao concelho mais um trunfo para a afirmação enquanto produto turístico. As pastelarias e os restaurantes passam a ter à mesa um doce que já é uma referência a nível nacional», declara.     De forma a rentabilizar esse potencial, a Câmara Municipal definiu uma estratégia no sentido da promoção e divulgação do Bolinhol como uma das 7 Maravilhas Doces de Portugal. Victor Hugo Salgado reuniu-se com os produtores de Bolinhol do concelho para lhes apresentar este plano. Segundo a autarquia, a estratégia do Município passa pelo «reforço do Bolinhol nos eventos promovidos pela Câmara», como já aconteceu na edição deste ano da Noite Branca, onde estiveram presentes três produtores deste bolo, com stands próprios. A edilidade anunciou a atribuição de «um diploma oficial das 7 Maravilhas Doces de Portugal a cada um dos produtores de Bolinhol» e a criação de um selo para ser colocado nas caixas do Bolinhol, identificando-o como uma das 7 Maravilhas Doces de Portugal».  Para além disso, a Câmara vai «entregar uma placa para ser colocada na fachada exterior das lojas de cada um dos produtores de Bolinhol».   [caption id="attachment_155989" align="" width="640"] Em termos de espaço público, o município tem a intenção de «criar um monumento ao Bolinhol, como forma de dar a conhecer aos visitantes que o concelho é detentor de uma das 7 Maravilhas Doces de Portugal».[/caption] Os totens de entrada da cidade vão passar a exibir uma alusão à distinção do Bolinhol. Vinhos levam nome do concelho pelo mundo  75 anos no mercado, as Caves do Casalinho são a mais antiga empresa de vinhos de Vizela, levando o nome do concelho aos quatro cantos do mundo no rótulo das suas garrafas. Os vinhos têm sido distinguidos com prémios nacionais e internacionais. Com uma área de 30 hectares e uma produção no último ano na ordem das 600 mil garrafas, a empresa exporta para mercados como a China, que tem registado grande crescimento, Estados Unidos e Brasil. Ao longo dos tempos, a Casalinho «transformou-se numa unidade moderna que produz, comercializa e exporta Vinho Verde das suas vinhas», possuindo marcas como “Três Marias”, “Casalinho”, “Romanisco”, “Santo Adrião” e “Monte Mar”. Registado em 1956, o vinho “Três Marias” é hoje icónico, mantendo no rótulo o desenho de três mulheres de perfil com lenços regionais. Segundo a história, foi um trabalhador que sugeriu este nome ao dono da quinta, dizendo que tinha três filhas que se chamavam Maria. Dentro do portfolio da empresa, estes são os vinhos (branco e rosé) «mais leves e divertidos». Para ocasiões mais sofisticadas, a empresa sugere um “Casalinho”, do qual produz um vinho “grande escolha”. Em termos de tintos, o destaque vai para o “Romanisco”, que exibe no rótulo o logótipo mais antigo da empresa, com um leão.   Atualmente, entre os serviços que a empresa disponibiliza está a possibilidade de fazer uma prova de vinhos com um especialista, acompanhada pelas melhores iguarias da região, personalizar uma garrafa de “Ouro Velho” e “Romanisco” com um nome ou uma dedicatória e “apadrinhar” uma vinha, o que permite desfrutar das vindimas e acompanhar a evolução do vinho ali produzido. «Bolinhol voltou a pôr Vizela no mapa» É com indisfarçável orgulho que o responsável pela Casa do Pão de Ló Delícia, Joaquim Lopes Vaz, afirma que a eleição do Bolinhol como uma das 7 Maravilhas Doces de Portugal «voltou a pôr Vizela no mapa». No decurso de uma visita promovida pela Câmara Municipal de Vizela e pelo Turismo do Porto e Norte de Portugal, este produtor conta a história do afamado doce, que deverá remontar a 1880, uma vez que esteve presente na Exposição Industrial Concelhia de Guimarães de 1884. Joaquim Lopes Vaz refere que foi Joaquina Pedrosa da Silva que criou «um tipo de pão de ló original, designado “Pão de Ló Coberto de Vizella”, que os «refinados consumidores» consideravam uma «delícia», daí o nome do estabelecimento comercial. Figurando na quarta geração à frente desta firma, o produtor explica que a fama do Bolinhol se espalhou no apogeu das Termas de Vizela, numa época em que esta localidade era procurada por figuras ilustres, como o príncipe herdeiro ou Camilo Castelo Branco. Embora sem revelar a receita, Joaquim Lopes Vaz destaca que a massa deste doce tem de ser fina por si mesma, sem necessidade de ser enriquecida com outros artifícios. Em relação ao revestimento de açúcar, era forma sofisticada de apresentar o pão de ló à elite, no tempo em que Vizela era a “rainha das termas”. Esta cobertura tem também uma utilidade prática: impede que o bolo seque, mantendo mais tempo a textura húmida. Este produtor revela alguns dos “segredos” do seu Bolinhol, designadamente o facto de ser batido com o mesmo sistema que era utilizado há cem anos, o que permite arejar a massa, e de cozer em formas de metal, que evitam a perda de humidade. No tocante ao forno, revestido de barro e aquecido com um maçarico, tem um mecanismo que permite a sua abertura sem descer a temperatura. Restaurantes chamados a potenciar Bacalhau à Zé do Pipo  A Câmara Municipal de Vizela quer que os restaurantes potenciem o Bacalhau à Zé do Pipo como um ícone gastronómico do concelho. O presidente da Câmara Municipal já se reuniu com os responsáveis pelos estabelecimentos, de maneira a definir estratégias para a promoção deste prato. A iniciativa insere-se na concretização do Plano Municipal de Turismo, que tem na gastronomia um dos seus pontos fundamentais. Segundo a autarquia, neste encontro «foi discutida a uniformização de um recipiente próprio para ser servido o Bacalhau à Zé do Pipo, no sentido de padronizar a sua apresentação, e foi «analisada a ficha técnica do prato». Na reunião, de acordo com a mesma fonte, também foi «discutida e apresentada uma placa alusiva ao prato típico Bacalhau à Zé do Pipo para ser colocada na fachada exterior de cada um dos restaurantes do concelho». A Câmara Municipal de Vizela conta com a participação de mais de vinte restaurantes do concelho na próxima edição dos fins de semana gastronómicos, uma iniciativa levada a cabo pela Entidade de Turismo do Porto e Norte de Portugal.  
Autor: Luísa Teresa Ribeiro