Os produtores da Região Demarcada dos Vinhos Verdes estão a apostar no enoturismo, com a apresentação de programas específicos para a época das vindimas. Para além das visitas e das provas, que decorrem durante todo o ano, as quintas estão a pôr os visitantes a vindimar.
A dinâmica de enoturismo foi apresentada no Dia de Portas Abertas, uma iniciativa que a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes promoveu no dia 2 de setembro, que contou com a participação de 14 produtores.
Com um programa específico para a época das vindimas, a Quinta da Aveleda, em Penafiel, recebeu, entre outros participantes, uma despedida de solteira de uma noiva de Braga e dois visitantes estrangeiros, mostrando que as propostas de enoturismo agradam a diferentes tipos de público.
Apreciadora de vinho e de experiências de enoturismo, a bracarense Lúcia Alves, de S. Victor, não sabia o que a irmã e as amigas tinham preparado para a sua despedida de solteira, mas mostrou-se agradada pelo facto de terem demonstrado conhecer os seus gostos.
Por seu turno, Evgenii e Maxim, da Rússia e do Cazaquistão, a viver há um ano em Lisboa, vieram expressamente para aprofundar o seu conhecimento sobre os Vinhos Verdes, dos quais são apreciadores.
Depois da apresentação de um vídeo explicativo da quinta, na receção, mesmo com chuva, os participantes cumpriram a tarefa de vindimar, iniciando uma viagem pelos espaços e pelos mais de 150 anos de história da empresa fundada por Manoel Pedro Guedes.
Para além da produção de vinho, a quinta é um local com edifícios, jardins e adega que constituem motivos de interesse mesmo para quem não bebe, uma vez que os programas incluem atividades para todos os públicos.
É que depois de uma prova de vinhos, o grupo participou numa oficina do pão, que foi a cozer num forno tradicional, a tempo de ser comido no almoço.
A visita incluiu a passagem pela Adega Velha, onde estagia a aguardente, recordando que a revolução na propriedade aconteceu quando foi herdada por Manoel Pedro Guedes.
O mentor substituiu o cultivo de milho e as áreas de floresta pela vinha, tendo construído uma adega com capacidade para 300 pipas, quando a produção se limitava a 30. Questionado sobre a dimensão, respondeu que o futuro daquela casa seria o vinho, o que acabou por acontecer, com o negócio já na quinta geração.
A empresa tem cerca de 800 hectares de vinha, sobretudo na região dos Vinhos Verdes, mas também no Douro, na Bairrada e no Algarve. Em 2020, ultrapassou a produção de 20 milhões de garrafas, com exportação para mais de 70 países. Tem 136 colaboradores, com particularidade de possuir 88 casas para os acolher, numa atuação que lhe valeu a certificação como Empresa Familiarmente Responsável.
O almoço decorreu com vista para a parcela do roseiral, nome que se deve às roseiras que encabeçam cada uma das fileiras de videiras, onde o grupo vindimou, considerada a mais nobre da Aveleda.
Seguiu-se uma visita à propriedade, que tem aquele que é tido como um dos jardins românticos mais bonitos do país, com 8 hectares e quase 120 espécies, e também um jardim tropical. Neste périplo passou-se por um eucalipto com 300 anos.
Destaque também para as pitorescas casas do porteiro e de chá e para a torre das cabras, construções que parecem saídas de filmes, bem como para os lagos. Na propriedade é possível ver pavões, patos e gansos a andarem livremente.
Depois do passeio, decorreu a oficina do vinho, na qual os visitantes são desafiados a vestirem a pele de enólogos, criando o seu próprio vinho.
O dia que marcou o arranque do programa das vindimas terminou com a atuação do artista S. Pedro.
Este programa decorre até amanhã (dia 9). As atividades previstas para hoje incluem o jogo “Escape Garden” e as de amanhã convidados especiais na Oficina de Vinho.
Produtores da região convidam a vindimar
No programa de vindimas do Soalheiro, em Melgaço, que decorre até 15 de setembro, os visitantes vindimam em colaboração com as famílias do Clube de Viticultores do Soalheiro. A seguir, visitam a adega, provam diferentes mostos de Alvarinho e dos vinhos que estes originam e almoçam.
No mesmo concelho, a Quintas de Melgaço realiza, até amanhã (dia 9), o programa “Do bago à Garrafa com piquenique”, com uma visita guiada desde a chegada da uva até a garrafa e um piquenique, e até 16 setembro, o “Do bago à Garrafa”, com uma visita guiada e prova de vinhos.
Em Ponte da Barca, a Vinhas de Cypriano promove, entre 9 e 16 de setembro, uma manhã ou um dia inteiro de vindimas, na Quinta de Cipriano, num ambiente familiar.
Em Ponte de Lima, a Quinta do Ameal organiza, a 22 de setembro, um dia com passeio pelas vinhas e vindima, visita à adega e participação na seleção das uvas, prova de vinhos, almoço e momento musical.
A Quinta de Santa Cristina, em Celorico de Basto, promove, até 15 de setembro, um programa que inclui vindima, visita guiada às vinhas e à adega, prova de dois vinhos e almoço regional.
Os programas têm diferentes preços, sendo necessário fazer a inscrição junto dos promotores