O rio Minho apresenta, na Ribeira Sacra, Galiza, paisagens diferentes daquelas às quais os minhotos estão habituados em território nacional. Quando a espessa camada de nevoeiro se dissipa, desvendam-se os socalcos com vinha, entremeados por retalhos de floresta, que ladeiam o curso de água.
Esta imagem pode ser apreciada em Pincelo, Lugo, num passeio de barco proporcionado pela Quinta Sacra, uma das empresas que fazem parte do clube que está a consubstanciar a afirmação da Galiza como um destino sustentável, uma aposta do Clúster de Turismo de Galicia, com o apoio da Xunta de Galicia.
Neste âmbito, 70 empresas assumem o compromisso de contribuírem para o desenvolvimento sustentável do território, através da adoção de boas práticas ambientais e da promoção dos produtos locais, proporcionando aos visitantes experiências com o que de melhor e mais genuíno a Galiza tem para oferecer.
Turismo rural ou náutico, pedestrianismo ou roteiros em bicicleta, gastronomia e vinhos são algumas das opções das quais se pode desfrutar, descobrindo territórios ricos em natureza, património e cultura, em programas com atendimento personalizado.
O vinho proveniente da viticultura heroica é um dos ex-líbris da Ribeira Sacra, sendo as Bodegas Regina Viarum, em Sober, Lugo, uma referência no vinho obtido a partir das videiras plantadas nos socalcos que tornam produtivas as vertiginosas encostas do rio Sil. Para além de se apreciar a vista panorâmica para os vinhedos, neste espaço de enoturismo é possível ficar a conhecer a produção vinícola da Ribeira Sacra, desde as caraterísticas das raízes das videiras até à vinificação, e provar os vinhos, numa experiência complementada pelas propostas do restaurante Vértigo.
Para desvendar a cultura desta região situada nas províncias de Lugo e Ourense, que está a preparar a candidatura a Património Mundial da UNESCO, é obrigatório visitar o Ecomuseo Pazo de Arxeriz, em O Saviñao, Lugo. Um castro e uma área expositiva instalada num paço do século XVII levam os visitantes numa viagem pela vida destas comunidades, através aspetos como os barcos que eram usados para atravessar o rio e transportar produtos, as artes de pesca, a cultura do vinho, as mudanças provocadas pelas barragens ou os trajes de Carnaval.
Para manter a toada patrimonial, nada como pernoitar no Parador de Monforte de Lemos, a funcionar nos antigos Mosteiro de San Vicente do Pino e Palácio dos Condes de Lemos, destacando-se a fachada e o claustro.
Deixando a quietude da Ribeira Sacra, chega-se à vibrante Corunha para conhecer um dos atrativos da cidade de forma amiga do ambiente: percorrer o passeio marítimo de bicicleta elétrica, numa proposta da Ok Zona EBike.
Partindo à descoberta do litoral, paragem em Malpica, cuja lota demonstra a qualidade do peixe galego.
Outro dos atrativos desta localidade é a descoberta do meticuloso trabalho das redeiras que consertam as redes de pesca. Num bom exemplo de economia circular, as redes que já não servem para a pesca começaram a ser usadas para fazer artesanato, ganhando uma nova vida como bolsas.
Em Malpica tem início o Caminho dos Faróis, um percurso de 200 quilómetros até Fisterra, que permite descobrir a Costa da Morte, numa sugestão da agência de turismo especializada em percursos pedestres e de cicloturismo Tee Travel.
Um dos faróis incluídos neste roteiro é o de Punta Nariga, inaugurado em 1995, sendo o mais moderno da Galiza.
Este local é perfeito para se contemplar o espetáculo esplendoroso do pôr do sol.
De forma a tornar a experiência ainda mais diferenciadora, com marca de exclusividade, a proposta de alojamento é no sofisticado A Quinta da Auga, em Santiago de Compostela. Resultado da requalificação de uma fábrica de papel do século XVIII, o único Hotel Spa Relais & Châteaux da Galiza é um espaço de requinte, onde também é possível degustar a ementa do restaurante Filigrana.
De regresso ao litoral, a Bluscus propõe a descoberta das plataformas de cultivo de mexilhão – as bateas –, jangadas que tanta curiosidade despertam em quem passa pela ria de Vigo.
Partindo do porto de Vigo, a empresa de turismo náutico leva os visitantes até àquelas estruturas, num passeio no qual, para além de se desfrutar do prazer da navegação, se fica a conhecer alguns episódios da história da região, aumentando a vontade de continuar a descobrir o imenso potencial da Galiza.
«Um destino para amar e desfrutar»
O lançamento da Galiza como destino turístico sustentável resulta de cerca de uma década de trabalho, envolvendo empresários apaixonados pelo território e empenhados no seu desenvolvimento harmonioso.
A explicação é avançada por Ana Trevisani, da empresa de eventos, protocolo e comunicação Trevisani, que esteve na organização da iniciativa de apresentação desta marca à imprensa.
A responsável adianta que este selo de qualidade reúne um conjunto cada vez mais alargado de «empresas e profissionais» comprometidos com o território e com os produtos de proximidade. «Este é um destino para amar, desfrutar e cuidar, para que seja duradouro», afirma.
Este está a ser um impulso para o surgimento de projetos em locais que até agora têm estado fora das rotas turísticas, para a revitalização de atividades e tradições que estavam risco de desaparecerem e para o surgimento de boas práticas de economia circular. «Esta marca está a permitir que empresas com produtos interessantíssimos se deem a conhecer», enfatiza.
A promoção da Galiza como destino sustentável traduz a colaboração entre entidades públicas e privadas. «Desde 2012 que estamos a trabalhar com os privados para que nos apresentem as suas ideias. A rentabilidade do setor é fundamental. São os privados que todos os dias têm de abrir os seus negócios», afirma a diretora do Turismo de Galicia, Nava Castro.
Por seu turno, o presidente do Clúster de Turismo de Galicia, Cesáreo González Pardal, destaca a união do setor em torno da criação de condições para atrair mais visitantes ao território, com destaque para os minhotos, proporcionando-lhes experiências únicas, para que regressem. Mais informação pode ser obtida aqui.