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Galiza quer conquistar minhotos com turismo sustentável

Galiza quer conquistar minhotos com turismo sustentável
Fotografia Miguel Viegas
Video Miguel Viegas

Luísa Teresa Ribeiro

Chefe de Redação

Publicado em 30 de abril de 2023, às 15:02

A Galiza quer atrair os minhotos com propostas de turismo sustentável, seduzindo os visitantes com experiências que permitem desfrutar do território e dos seus produtos de excelência.

O rio Minho apresenta, na Ribeira Sacra, Galiza, paisagens diferentes daquelas às quais os minhotos estão habituados em território nacional. Quando a espessa camada de nevoeiro se dissipa, desvendam-se os socalcos com vinha, entremeados por retalhos de floresta, que ladeiam o curso de água.

Esta imagem pode ser apreciada em Pincelo, Lugo, num passeio de barco proporcionado pela Quinta Sacra, uma das empresas que fazem parte do clube que está a consubstanciar a afirmação da Galiza como um destino sustentável, uma aposta do Clúster de Turismo de Galicia, com o apoio da Xunta de Galicia.

Neste âmbito, 70 empresas assumem o compromisso de contribuírem para o desenvolvimento sustentável do território, através da adoção de boas práticas ambientais e da promoção dos produtos locais, proporcionando aos visitantes experiências com o que de melhor e mais genuíno a Galiza tem para oferecer.

Turismo rural ou náutico, pedestrianismo ou roteiros em bicicleta, gastronomia e vinhos são algumas das opções das quais se pode desfrutar, descobrindo territórios ricos em natureza, património e cultura, em programas com atendimento personalizado.

O vinho proveniente da viticultura heroica é um dos ex-líbris da Ribeira Sacra, sendo as Bodegas Regina Viarum, em Sober, Lugo, uma referência no vinho obtido a partir das videiras plantadas nos socalcos que tornam produtivas as vertiginosas encostas do rio Sil. Para além de se apreciar a vista panorâmica para os vinhedos, neste espaço de enoturismo é possível ficar a conhecer a produção vinícola da Ribeira Sacra, desde as caraterísticas das raízes das videiras até à vinificação, e provar os vinhos, numa experiência complementada pelas propostas do restaurante Vértigo.

Para desvendar a cultura desta região situada nas províncias de Lugo e Ourense, que está a preparar a candidatura a Património Mundial da UNESCO, é obrigatório visitar o Ecomuseo Pazo de Arxeriz, em O Saviñao, Lugo. Um castro e uma área expositiva instalada num paço do século XVII levam os visitantes numa viagem pela vida destas comunidades, através aspetos como os barcos que eram usados para atravessar o rio e transportar produtos, as artes de pesca, a cultura do vinho, as mudanças provocadas pelas barragens ou os trajes de Carnaval.

Para manter a toada patrimonial, nada como pernoitar no Parador de Monforte de Lemos, a funcionar nos antigos Mosteiro de San Vicente do Pino e Palácio dos Condes de Lemos, destacando-se a fachada e o claustro.

Deixando a quietude da Ribeira Sacra, chega-se à vibrante Corunha para conhecer um dos atrativos da cidade de forma amiga do ambiente: percorrer o passeio marítimo de bicicleta elétrica, numa proposta da Ok Zona EBike.

Partindo à descoberta do litoral, paragem em Malpica, cuja lota demonstra a qualidade do peixe galego. 

Outro dos atrativos desta localidade é a descoberta do meticuloso trabalho das redeiras que consertam as redes de pesca. Num bom exemplo de economia circular, as redes que já não servem para a pesca começaram a ser usadas para fazer artesanato, ganhando uma nova vida como bolsas.

Em Malpica tem início o Caminho dos Faróis, um percurso de 200 quilómetros até Fisterra, que permite descobrir a Costa da Morte, numa sugestão da agência de turismo especializada em percursos pedestres e de cicloturismo Tee Travel.

Um dos faróis incluídos neste roteiro é o de Punta Nariga, inaugurado em 1995, sendo o mais moderno da Galiza.

Este local é perfeito para se contemplar o espetáculo esplendoroso do pôr do sol.

De forma a tornar a experiência ainda mais diferenciadora, com marca de exclusividade, a proposta de alojamento é no sofisticado A Quinta da Auga, em Santiago de Compostela. Resultado da requalificação de uma fábrica de papel do século XVIII, o único Hotel Spa Relais & Châteaux da Galiza é um espaço de requinte, onde também é possível degustar a ementa do restaurante Filigrana.

 

De regresso ao litoral, a Bluscus propõe a descoberta das plataformas de cultivo de mexilhão – as bateas –, jangadas que tanta curiosidade despertam em quem passa pela ria de Vigo. 

Partindo do porto de Vigo, a empresa de turismo náutico leva os visitantes até àquelas estruturas, num passeio no qual, para além de se desfrutar do prazer da navegação, se fica a conhecer alguns episódios da história da região, aumentando a vontade de continuar a descobrir o imenso potencial da Galiza.

«Um destino para amar e desfrutar»

O lançamento da Galiza como destino turístico sustentável resulta de cerca de uma década de trabalho, envolvendo empresários apaixonados pelo território e empenhados no seu desenvolvimento harmonioso.

A explicação é avançada por Ana Trevisani, da empresa de eventos, protocolo e comunicação Trevisani, que esteve na organização da iniciativa de apresentação desta marca à imprensa.

A responsável adianta que este selo de qualidade reúne um conjunto cada vez mais alargado de «empresas e profissionais» comprometidos com o território e com os produtos de proximidade. «Este é um destino para amar, desfrutar e cuidar, para que seja duradouro», afirma.

Este está a ser um impulso para o surgimento de projetos em locais que até agora têm estado fora das rotas turísticas, para a revitalização de atividades e tradições que estavam risco de desaparecerem e para o surgimento de boas práticas de economia circular. «Esta marca está a permitir que empresas com produtos interessantíssimos se deem a conhecer», enfatiza.

A promoção da Galiza como destino sustentável traduz a colaboração entre entidades públicas e privadas. «Desde 2012 que estamos a trabalhar com os privados para que nos apresentem as suas ideias. A rentabilidade do setor é fundamental. São os privados que todos os dias têm de abrir os seus negócios», afirma a diretora do Turismo de Galicia, Nava Castro.

Por seu turno, o presidente do Clúster de Turismo de Galicia, Cesáreo González Pardal, destaca a união do setor em torno da criação de condições para atrair mais visitantes ao território, com destaque para os minhotos, proporcionando-lhes experiências únicas, para que regressem. Mais informação pode ser obtida aqui