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Vila Flor quer atrair turistas com belezas naturais do concelho

Vila Flor quer atrair turistas com belezas naturais do concelho
Fotografia Miguel Viegas
Video Miguel Viegas

Luísa Teresa Ribeiro

Chefe de Redação

Publicado em 24 de abril de 2023, às 22:44

Tendo no rio Tua um dos principais atrativos, Vila Flor quer atrair visitantes com o património natural do concelho.

Vila Flor está a apostar na singularidade do seu património natural para dar um novo impulso ao turismo no concelho, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do território. O rio Tua é um dos principais polos de atração do município, que tem como mote “terra de alma e cor”.

O mais recente passo nesta estratégia de valorização dos recursos locais foi a inauguração do Centro Interpretativo Tua Natureza, revitalizando uma antiga escola primária, em Vilarinho das Azenhas. A iniciativa contou com a participação do secretário de Estado do Turismo, Nuno Fazenda, inserindo-se no arranque do Tua Walking Festival, promovido pelo Parque Natural Regional do Vale do Tua. 

Foi neste local que decorreu o almoço de encerramento da caminhada inaugural desta iniciativa, que levou um grupo de cerca de 200 pessoas a percorrer um percurso de cerca de oito quilómetros, entre Ribeirinha e Vilarinho das Azenhas, podendo assim desfrutar das condições de excelência para a prática do pedestrianismo, com o apoio dos profissionais da empresa PortugalNTN.

O presidente da Câmara Municipal, Pedro Lima, refere que este é um centro que reúne todo o conhecimento sobre o território envolvente, designadamente o património natural, que os visitantes podem desvendar através de caminhadas em trilhos homologados.

O autarca adianta que este equipamento é também o ponto de partida para a descoberta do vasto património histórico-cultural do concelho, que se alia à qualidade dos produtos endógenos, com destaque para o vinho, o azeite e os frutos secos, e à hospitalidade da sua gente, para proporcionar uma visita inesquecível. 

O edil defende que os percursos pedestres contribuem para a «dinamizar as comunidades locais», por isso o almoço da caminhada foi servido pela Torques – Associação de Desenvolvimento Comunitário, envolvendo os habitantes locais na atividade turística. «Estamos a dar as boas-vindas a quem nos visita com uma oferta turística que mais não é do que aquilo que somos», afirma.

Este responsável lembra que os percursos que antigamente eram usados pela população para se movimentar podem agora ser percorridos «de forma segura e com informação», de maneira a que o visitante «não só pratique a caminhada, mas saia daqui enriquecido com a cultura, os saberes, sabores e aromas de um povo». «O concelho é muito rico em experiências», diz, destacando que é possível encontrar a natureza quase intocada, lado a lado com a natureza moldada pelo homem.

Pedro Lima salienta o património histórico do concelho, ao qual D. Dinis deu o nome de Vila Flor, em 1286, substituindo a antiga designação de Póvoa d´Álem Sabor. Um dos ex-libris patrimoniais é o Arco de D. Dinis, a estrutura que resta das muralhas com cinco portas que o “rei Lavrador” mandou construir, em 1295.

Destaque também para a Forca de Freixiel, um vestígio tido como único na Península Ibérica, onde na época medieval era executada a pena de morte através de garrote. O vestígio apresenta os dois pilares graníticos com cerca três metros de altura, nos quais assentaria a trave de madeira onde seria feita a execução.

 

 

No tocante ao património religioso, salienta-se, no centro de Vila Flor, a igreja de São Bartolomeu, edificada no século XVIII, de estilo barroco, em frente à qual está localizado o Pelourinho da vila. 

Em Vila Boas fica o Santuário de Nossa Senhora da Assunção, apontado como o mais importante templo Mariano de Trás-os-Montes, que atrai multidões na romaria que anualmente acontece a 15 de agosto. Para além da vertente religiosa, este é um soberbo miradouro, uma vez que está situado a aproximadamente 760 metros de altitude.

Entre os pontos privilegiados para ver a paisagem, é imperdível o miradouro de Nossa Senhora da Lapa, onde até existe um baloiço, com uma vista panorâmica sobre o centro urbano da vila e todo o território em redor.

 

Tua à espera do regresso dos comboios

O presidente da Câmara Municipal de Vila Flor reiterou o pedido ao Governo para que avance com a implementação do plano de mobilidade do Tua, que inclui a reposição da circulação do comboio e o transporte de barco na zona em que a Linha do Tua ficou submersa pela construção da barragem.

Também presidente da Agência para o Desenvolvimento Regional do Vale do Tua, Pedro Lima lembra que este projeto está previsto nas medidas compensatórias pela construção do aproveitamento hidroelétrico de Foz Tua, sendo, por isso, «um direito» que a região reivindica. 

O autarca considera que o sistema de mobilidade trará «o verdadeiro desenvolvimento a este território», pelo que é preciso «coragem política» para pôr em prática um plano que tarda em ser concretizado, apesar de já terem sido investidos 17 milhões de euros.

 

Caminhadas mostram potencial do turismo de natureza no Tua

O Tua Walking Festival é um convite para os visitantes descobrirem o Vale do Tua, passo a passo, através dos seus percursos pedestres homologados, e dessa forma ficarem a conhecer todo o potencial que a região apresenta em termos de turismo de natureza, mas também os seus produtos endógenos de excelência. Depois da estreia em Vila Flor, a iniciativa prossegue neste fim de semana, dias 29 e 30 de abril, em Murça.

O festival de caminhadas é descrito desta forma por Domingos Pires, responsável pela PortugalNTN, empresa que desenhou o programa desta iniciativa e que acompanha todas as atividades, com profissionais e viaturas de apoio.

O empresário refere que esta é uma região com uma «oferta estruturada e integrada» de percursos pedestres, porque a rede de trilhos do Parque Natural Regional do Vale do Tua está articulada com os circuitos dos municípios. «Tudo está estruturado de uma forma perfeitamente integrada, havendo inclusivamente percursos de municípios vizinhos que se tocam», afirma, considerando que esta articulação «favorece os municípios, o território e sobretudo os turistas, que não têm fronteiras» nas suas caminhadas.

«O grande potencial deste território é que conseguimos ter uma enorme diversidade num espaço muito curto em termos geográficos», salienta.

Relativamente à afluência de pedestrianistas, constata que tem havido um aumento da participação em eventos, mas também em termos de programas estruturados, área em que existe cada vez mais procura, essencialmente no mercado externo.