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Vale do Tua quer apaixonar visitantes pelo território

Vale do Tua quer apaixonar visitantes pelo território
Fotografia Miguel Viegas
Video Miguel Viegas

Luísa Teresa Ribeiro

Chefe de Redação

Publicado em 24 de abril de 2023, às 22:27

Parque Natural Regional do Vale do Tua está a festejar dez anos, com projetos para continuar a promover o turismo de natureza.

“O destino do amor”. É esta a forma sedutora como o Parque Natural Regional do Vale do Tua se apresenta, convidando os turistas a apaixonarem-se por um território que abrange os concelhos de Alijó, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Murça e Vila Flor.

Paisagens, fauna, flora, estrelas, vinho, azeite, gastronomia, monumentos, tradições e gente acolhedora são alguns dos incontáveis atrativos com que esta região promete cativar os visitantes, proporcionando-lhes experiências inesquecíveis.

«Para verdadeiramente conhecer o Vale do Tua, é preciso senti-lo, passar pela experiência de o visitar, de o tocar, de sentir os seus odores, de o provar, de o admirar», refere o diretor do Parque Natural Regional, Artur Cascarejo, num convite à descoberta do potencial da região, na certeza de que «quem cá vive ama o Tua, quem cá vem apaixona-se também».

De forma a criar condições para receber os visitantes, o turismo de natureza tem sido um dos eixos de atuação desta entidade ao longo dos seus dez anos de atividade. 

«A natureza é, provavelmente, o nosso melhor cartão de visita, a natureza selvagem, em estado puro, a fauna e a flora, mas também a paisagem rasgada pelas mãos dos homens e mulheres que neste vale vivem», afirma.

A criação de uma rede de Percursos Pedestres, que passa pelos cinco municípios, foi o primeiro grande projeto neste domínio, sendo que os trilhos estão agora a ser divulgados com a realização do Tua Walking Festival. 

Esta iniciativa arrancou em março em Vila Flor, prosseguindo a 29 e 30 de abril em Murça, 20 e 21 de maio em Carrazeda de Ansiães, 23 e 24 de setembro em Mirandela e 7 e 8 de outubro em Alijó, com um programa desenhado pela empresa de Turismo de Natureza PortugalNTN, que já foi premiada nos Natural.pt Awards pelo projeto “Touring no Parque Natural Regional do Vale do Tua”.

Em matéria de pedestrianismo, aquele responsável revela que o objetivo é «ligar as pequenas rotas numa grande rota, que faça a ligação entre as margens do rio Tua».

No sentido de valorizar os recursos naturais e paisagísticos da área protegida, como as 164 espécies de aves identificadas no Vale do Tua, foi criada uma rede de três percursos de “birdwatching”, com sinalética, informação e estruturas de observação. Na calha está a realização do primeiro festival de observação de aves.

Potenciando o baixo índice de poluição luminosa e a qualidade do céu para a observação astronómica, o parque tem vindo a afirmar-se no astroturismo. 

Neste âmbito, foi criado o destino  “Dark Sky® Vale do Tua” e obtida a certificação de “Destino Turístico Starlight”, sendo esta a primeira área protegida em Portugal e a terceira região do país a conseguir a certificação, depois do Alqueva e das Aldeias do Xisto.

Artur Cascarejo destaca a importância da preservação do céu noturno nos territórios de baixa densidade, configurando-se como um «produto único» que se dirige a um público específico, que manifesta interesse em experiências das quais não é possível usufruir nas grandes cidades, como ver as estrelas.

Assim, com esta certificação, o parque pretende «atrair novos mercados internacionais, seja da Europa ou de longo curso, que viajam para locais com forte preocupação ambiental, identidade e capazes de proporcionar experiências enriquecedoras, aquelas que acrescentam valor ao momento de lazer, bem como enriquecimento intelectual». Têm sido, por isso, desenvolvidas várias atividades de observação de estrelas, que deixam os participantes fascinados.

«Em cada um destes projetos, fizemos formação com os empresários locais, quer guias, alojamento ou restauração, porque consideramos que estes agentes têm de perceber que produtos existem e para que é que servem, de forma a que, em conjunto, possamos aproveitar ao máximo as potencialidades criadas», afirma.

«A nossa grande meta é continuar a contribuir para um turismo sustentável neste território», declara o dirigente, ressalvando que «o parque natural não é um operador turístico».  «Criamos as condições para que os operadores turísticos trabalhem», diz.

Para que quem chega ao território saiba o que pode encontrar, em cada um dos concelhos existe uma porta de entrada no Vale do Tua. Estes são espaços físicos interativos, de conhecimento e promoção das potencialidades locais, complementares ao  Centro Interpretativo do Vale do Tua, estrutura localizada na estação ferroviária de Foz Tua, no concelho de Carrazeda de Ansiães.

 

Parque pioneiro na co-gestão

O Parque Natural Regional do Vale do Tua foi pioneiro na implementação da co-gestão, envolvendo as autarquias na gestão da área protegida, num modelo que o Governo acabou por seguir a nível nacional.

Com uma extensão de 25 mil hectares, esta instituição foi criada em 2013 como medida compensatória pela construção do aproveitamento hidroelétrico de Foz Tua.

O diretor do parque refere que um dos princípios basilares do funcionamento desta entidade tem sido trabalhar em rede com os municípios, juntas de freguesia, associações locais e outros agentes do território, para que todos respeitem o trabalho que está a ser feito.

«Tudo o que fizemos foi um trabalho desenvolvido com base num princípio de distribuição equitativa de recursos pelos cinco municípios», assegura.

 

Artur Cascarejo declara que «este projeto radica na ideia de que os municípios entram com o território e quem gere o aproveitamento hidroelétrico entra com o financiamento de um plano de atividade que abarca estas três áreas: conservação da natureza e biodiversidade, turismo de natureza e empreendedorismo». 

O orçamento varia entre os 300 e os 450 mil euros, consoante o funcionamento da barragem, que atualmente é explorada pela Movhera. 

O parque tem procurado financiamento para os projetos que quer desenvolver, usando o seu orçamento para a parte que não é comparticipada, como aconteceu com a criação das portas de entrada e das redes de percursos pedestres e de observação de aves.

 

Conservação da natureza e empreendedorismo

 

A conservação da natureza e da biodiversidade tem sido um dos domínios prioritários de atuação do Parque Natural Regional do Vale do Tua, com projetos emblemáticos como a utilização de morcegos para combater as pragas na vinha, olival e sobreiral, setores com enorme relevância económica e social na região. 

Nota também para o projeto “Junto à Terra – Tua”, mobilizando os alunos do 8.º ano de escolaridade dos cinco municípios desta área para o combate às alterações climáticas e para a promoção dos objetivos do desenvolvimento sustentável.

De forma a dinamizar a economia local, foi lançada uma incubadora, que vai ser responsável pela avaliação das candidaturas ao Programa Empreende XXI a nível nacional e vai acompanhar a concretização dos projetos dos distritos de Bragança e Vila Real.

 

«Plano de mobilidade é uma dívida que o Estado tem para com o território»

O diretor do Parque Natural Regional do Vale do Tua considera que a implementação do plano de mobilidade do Tua, que inclui a reposição da circulação do comboio e o transporte de barco na zona em que a linha ficou submersa pela construção da barragem, «é uma promessa e uma dívida que o Estado tem para com o território».

Artur Cascarejo diz que «não passa pela cabeça de ninguém» que o projeto possa ser abandonado, depois do investimento de 17 milhões de euros. «Portugal não é um país rico e o interior não tem riqueza para desperdiçar», alerta.

Em seu entender, «se é complicado ter um operador privado, que a CP tome conta do projeto e  que a tão falada revitalização da linha férrea comece pelos 40 quilómetros da Brunheda a Mirandela».