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Dois livros da minha pequena biblioteca). Um deles, comprado já há tantos anos, é “Astérix et la zizanie”, assim, em francês, porque eu sou dos tais que ainda tiveram 3 anos de língua francesa no ensino secundário. Porém, como outros livros da mesma série sobre os "indomáveis gauleses", esse ficou para o meu irmão médico, ainda maior admirador da obra de Goscinny e Uderzo do que eu próprio. O 2.º livro a que aqui me refiro é o volumoso (e muito ilustrado) “Dicionário Sefaradi de sobrenomes, inclusive cristãos-novos, conversos, marranos, italianos, e sua história na Espanha, Portugal e Itália”. Foi editado pela Frahia, no Rio de Janeiro, em 2003; e é da autoria de G. FAIGUENBOIM, P. VALADARES e A. R. CAMPAGNANO. "La zizanie” e o “Dicionário sefaradi de sobrenomes” são aqui citados para explicar o estranho título deste meu trabalho, no DM.
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Éric Zemmour, uma “promoção de inverno” da BFMTV). As sociedades secretas mais eficazes (normalmente de origem israelita, próxima ou remota) não costumam dormir em serviço. E andam com receio de que uma 2.ª volta das eleições presidenciais francesas de 2022 possa levar a um “perigoso” duelo entre o seu abominável filho dilecto, Macron; e a candidata nacionalista Marine Le Pen. E possa haver uma onda “anti-macrónica” que dê a vitória à bela filha de Jean-Marie Le Pen. Para isso, lembraram-se de ir, como diria, à “RTP Memória” lá do sítio; e repescar um velho publicista, autor e polemista de Direita (e cheio de talento), chamado Éric Zemmour, homem pequeno, vivo, expressivo, magro, nervoso. Só que, com uma característica que, no campo político onde se situa, o torna, convenhamos, sempre algo suspeito. É que Zemmour é de fortes raízes judaicas. Vem da notória família dum antigo rabino de Constantina (nordeste da Argélia), de seu nome Moshe (Moisés) Zemmour (séc. XIX). A minha modesta rede televisiva só me permite captar 2 canais de língua francesa; mas calculo que também em muitos “media” de lá, seja feita uma promoção do senhor, quase tão intensa como a da BFMTV. É que mais, não deve ser possível…
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“Je suis un petit juïf berbere, venu de l'autre côté de la Méditerranée”). Há semanas, entrevistado na tal TV por vários jornalistas de esquerda e de centro (incluindo também uma autarca de Marselha, de origem berbere e muito arrogante e mal educada), o pobre Zemmour perdeu a paciência e admitiu que não passava de “um pequeno judeu berbere, vindo do outro lado do Mediterrâneo”. E que o seu nome significa “oliveira” (lembrem-se do simbólico ramo…) e é de origem cabilo-berbere.
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O grande comício de Villepinte, nordeste de Paris). Foi poucos dias antes da supra-citada entrevista; e Zemmour fez um discurso brilhante de ca. 75 minutos, perante uma audiência de 3 mil ou mais pessoas. Não sem incidentes, nos arredores e dentro da sala; inclusive um infiltrado que o agarrou pela cabeça antes de chegar ao palco. Os sabotadores (esses “democratas” de esquerda) já o tinham incomodado noutros lugares. As ideias de Zemmour são mais “radicais” que as de Marine; a qual, tal como Rio deseja de Ventura, se moderou bastante. É irónico que o tal comício de Paris (em que vemos um judeu empenhadíssimo em defender a França contra os islâmicos) coincidisse com a 2.ª visita do Papa a Lesbos e à Grécia (em caritativa e cristianíssima defesa dos mesmos maometanos).
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Onde o demagogo Zemmour é “apanhado em falso”). Em 1.º lugar, Zemmour pretende referendar todas as medidas de Direita patriótica que venha a propor (o que significa que nenhuma passará…). Em 2.º, na sua ideia, a França só tem 1000 anos (um francês sabe bem que o seu sangue vem dos Gauleses e já lá mora há 2.500 anos). Em 3.º, defende a assimilação forçada de imigrantes, independentemente da origem nacional ou religiosa (basta que se portem bem por uns anos). Em 4.º, ele é duvidoso sobre a prevalência (direitista) do “jus sanguinis” sobre o “jus soli”. Em 5.º, propõe que (embora se combata a imigração ilegal), expulsões "só para os criminosos”. E tudo como disse, sujeito a referendos…
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“Astérix et la zizanie”). Não conseguindo vencer os gauleses pela força das armas, Júlio César envia um bruxo intriguista (de aparência clássica) para os dividir e vencer, apanhando-os pela manha. No livro, por pouco não consegue; agora veremos. “La zizanie” (a cisânia, a desordem, a intriga), em francês escreve-se com “Z”, de Zemmour.
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A tática “do Sistema” é dividir os votos da Direita patriótica gaulesa). Dividi-la por vários candidatos; e sobretudo, diminuir o peso de Marine na 1.ª volta; e impedi-la mesmo de ultrapassar Macron nessa 1.ª volta; e de ela obter o prestígio daí resultante, muito frutuoso para uma vitória na 2.ª volta. Não esquecer que Marine já passou os 32% em anteriores eleições nacionais. Tudo isto, já para não acusar Zemmour de, sem qualquer respeito ou lealdade, se achar no direito de vir “ingenuamente” colher os frutos de mais de 3 décadas de trabalho e árduo combate da família Le Pen em prol da França. Exemplo disto, há anos, uma vinda a Lisboa de Jean Marie Le Pen, que teve de se defender de uma tentativa de agressão num corredor, da parte do “educadíssimo democrata” que é Francisco Louçã.
Autor: Eduardo Tomás Alves