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Viagem ao mundo da droga, ilusão ou realidade?

Num exemplo de coragem, foi uma preciosa pérola contando linearmente o seu percurso que foi desenrolando com algumas perguntas que lhe fui fazendo, bem como a psicóloga do Conservatório de Música, Ana Rita Fernandes.

Pareceu-me descontraído e sem ansiedade. E como desde o primeiro momento em que o convidei para se confrontar com o público, sem hesitar, respondeu “Sim”, não o vi jamais a ajudar, mas também a ser ajudado: confirmou o sorriso que já há tanto não via, à saída da palestra, confiante e com ar de satisfação…

Quanto a mim, foi já uma viragem de mentalidade, pois na hora de partilhar com os pais e educadores, vi com que vontade quiseram expressar as suas ideias, bem como tantas perguntas afloravam. 

E num trabalho conjunto em forma de “Palestra”, podemos desbravar um caminho de confiança para os jovens, mas que também se transformará numa colaboração directa de apoio a toxicodependentes em recuperação, através da nossa disponibilidade ao escutá-los com atenção e transformar a dor à luz das suas experiência, na arte de educar.

Sempre me chamaram de lírica, no entanto, acredito no exponencial do ser humano em toda a sua elevação onírica!

Acredito que se as escolas mudarem mentalidades, muda a sociedade, pois ainda antes de uma directriz em casa, é nas escolas onde os relacionamentos acontecem.

Acredito que se tivermos tempo para os filhos, os filhos formam um carácter forte, seguro, confiante.

Acredito que se nos estendermos aos amigos dos nossos filhos, teremos filhos livres de grandes perigos.

Acredito que a individualidade de cada um tem extrema importância, e que a individualidade-colectiva é o que permite crescer num dinamismo construtivo e positivo, em células sociais cada vez maiores.

Acredito que a educação só pode ser realmente Educação, desenvolvendo o carácter de um indivíduo através da arte e liberdade.

Acredito numa educação “in loco”, no que respeita a valores e princípios, campos de acção onde se fala da droga e se mostra; onde se fala de pobreza e se mostra; onde se fala de doença e deficiência e se mostra; onde se fala de violência e de morte e se mostra. Um mundo mais humano não vive marginal à realidade.

Acredito que temas como a droga, a sexualidade, a alimentação, a “educação física”, a violência e o racismo, deveriam fazer parte de um plano nacional de educação permanente.

(…)

Um projecto que poderá crescer fazendo parte da escola e em parceria com os Centros de recuperação, partilhando experiências de vida em primeira mão, (como aconteceu com esta primeira abordagem, quem sabe pioneira, pelo facto da presença de um dependente em recuperação), num intercâmbio Centro de Recuperação/Escolas.

Encontros regulares entre pais, educadores e cuidadores, para em mesa-edonda, perguntarmos, escutarmos, respondermos, aprendermos, crescermos e melhorarmos!

Tentáculos que ligam umas escolas às outras para interagirem em tempo igual dentro da mesma educação.

Envolver Juntas de freguesia e mesmo a Igreja, nesta batalha, a fim de procurarmos soluções em rede, levando a discussão à cidade!

E eu estou nesse desafio! Porque acredito na mudança.

Em conclusão: Tive, por parte do meu filho e dos seus amigos, alguns feedbacks muito curiosos. Muitos deles vieram ao meu encontro, agradecendo e dizendo que tem sido tema de conversa regular entre eles, que estão preocupados, que querem ser felizes. 

Como um pequeno passo-atitude pode ser semente de uma mudança real!

A directora do Conservatório, professora Ana Caldeira foi extremamente receptiva, desde o dia em que a procurei para um desafio grande cujo tema é: “A Droga”, desenvolvendo-o em encontros regulares entre pais/educadores/cuidadores e alunos e psicólogos especializados na área, dependentes em recuperação/escolas/instituições, assim como “educar in loco”.

Grata por escutarem o meu entusiasmo…

22 de Maio de 2017


Autor: Nannipinto
DM

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10 junho 2017