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Vendilhões de sonhos e ilusões

Estamos no segundo dia do novo ano de 2019; e, como ano comum que é, tem ainda trezentos e sessenta e três dias para mostrar o que vale e ao que veio.

Todavia, se o meu amigo leitor nele entrou com o pédireito, considere-se um sortudo àmaneira; até porque hámilhares de pessoas que não tiveram tal sorte, fosse por razões pessoais ou familiares, fosse por azares profissionais ou financeiros; e, muito pior ainda, porque bateram a bota.

E mais: se é dos que emprenham pelos ouvidos, vai ter um ano repleto de boas surpresas e congeminações;é que, se não sabe ou já se esqueceu, 2019 vai ser ano de eleições: primeiro, europeias e, de seguida, legislativas.

Pois bem, sendo 2019 um ano de eleições a dobrar, declaradamente será um curral de vacas nédias e gordas, de fartura; e onde a demagogia, a mentira, as falsas promessas, as megalomanias serão presença ativa na boca da maioria dos políticos: daqueles que detêm o poder e querem fervorosamente mantê-lo e daqueloutros que esperam conquistá-lo; tal como dizia Bismarck (Otto von), político alemão (1815/1898), nunca se mente tanto como antes de uma eleição, durante uma guerra e depois de uma caçada.

Será, pois, um ano em que à solta vão andar os vendilhões de sonhos e ilusões que são, afinal, vendedores da dita banha de cobra: e, como tal, com evidente desfaçatez, desrespeito e desprezo para com o povo à custa de quem vivem.

E este fado, este triste fado mandado e comandado nãoé de hoje, nem de ontem, mas de sempre; e tem mantido uma democracia débil, de fachada, sem verdade, nem rumo, onde o povo sempre tem sido o elo mais fraco e o bombo das festas, de todas as festas.

Senão, vejamos: as desigualdades têm sido combatidas e atenuadas? A igualdade de oportunidades tem sido respeitada? A justiça social é uma realidade? O povo vive efetivamente melhor? A miséria, a pobreza, a exclusão social foram banidas? Vivemos efetivamente num país mais tolerante, justo e próspero? Não, não e não.

É só olharmos à nossa volta e ver para crer e concluir que o país cor-de-rosa que tais políticos, ao longo do tempo, nos têm impingido não passa de um país cor-de-breu; basta pensarmos na corrupção, no branqueamento de capitais, nas fraudes fiscais, na falência da banca, na delapidação do erário e bens públicos que acontecem frequentemente.

Depois, para espanto geral, há governantes, políticos e ex-políticos envolvidos em casos de negligência, incompetência, imoralidade, irresponsabilidade, falta de ética e transparência no maior e rasgado dos desplantes; e obviamente numa clara demonstração de impunidade, impudicícia e enorme latosa.

Agora, 2019, porque continua sob o comando da geringonça, trazer-nos-áenormes tergiversações com o Bloco de Esquerda (BE) e o Partido Comunista Português (PCP) a darem uma no cravo e duas na ferradura na tentativa de segurarem o seu eleitorado, ora apoiando o governo, ora colocando-seà frente de greves e manifestações de rua; o que não será novidade, pois assim aconteceu durante o ano findo e com o beneplácito do governo de António Costa, teúdo e manteúdo do Partido Socialista (PS), o que nos leva a supor ter sido tudo fabricado nos bastidores desta coligação parlamentar antinatura.

Pois bem, assim sendo, só há uma forma e jeito do povo responder a este estado de coisas nas eleições que se avizinham: pensando com a sua própria cabecinha e escolhendo livremente e conscientemente quem quer que o represente; e não se deixando enrolar por falsas promessas e falinhas mansas; mormente pelo fulgor da banha de cobra dos vendilhões de sonhos e ilusões que por aí abundam.

E, mais importante ainda, não se abster de votar com a desculpa de que são todos iguais e que o voto nada muda; porque, sendo o voto, mesmo branco ou nulo, a única arma de que dispomos não a vamos entregar de mão beijada a quem dela faz mau uso: não nos representando ou representando-nos mas em proveito próprio; tal como aqueles que, por ignorância ou manipulação, entregam o ouro ao bandido.

Então, até de hoje a oito.


Autor: Dinis Salgado
DM

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2 janeiro 2019