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Vem aí o “circo”

Passou o Natal, o ano novo também já se foi e o tempo da folia carnavalesca aí está cheio de plumas e desfiles. Agora vem aí o tempo da propaganda política. Vamos ouvir falar e ou ver nas televisões as promessas mais maravilhosas para cada um comprar como se fosse em on-line: sabe-se o que se anuncia, mas não se sabe se o produto condiz com o anúncio. Este tempo de ledos enganos causa-me uma certa animosidade por pensar que me estão a tentar comparar e eu a resistir para não ser comprado. Eu sei, mas não sei se todos sabem que a disputa eleitoral se define em dois conceitos básicos: a esquerda que diz, ganha mais e trabalha menos; os da direita que dizem, trabalha mais e ganha menos. E se destes sabemos que o dinheiro vem duma exploração do “homo homini lupus”, isto é, o homem é lobo do homem, o dinheiro da esquerda vem da estatização e da apropriação da produção, isto é, do estado que é senhor de tudo e de todos. A minha verdade é esta: o salário deve corresponder ao trabalho. Trabalha mais ganha mais, trabalha menos ganha menos, resumindo se dirá, salário igual a produção igual. No nosso xadrez político, – gosto do nome porque, na verdade, este tabuleiro tem muitas casas onde jogam os partidos, – há partidos que se dizem democráticos porque vivem numa democracia mas, na verdade, de democráticos não têm nada; se pudessem voltávamos ao tempo da ditadura com a extrema-direita, ou suportávamos outra, mais feroz, importada da China ou Coreia do Norte, que são a génese de qualquer extrema-esquerda. Se não é nada disto que o neguem em público e que digam claramente: abdicamos da nossa matriz política e juramos a democracia parlamentar tal qual ela existe na realidade constitucional portuguesa. Para baralhar o entendimento vem aí o “circo” com alguns participantes a fazer de equilibristas que voam de um tacho para outro como os trapezistas voam de um trapézio para outro; são os que qualquer trapézio lhes serve desde que possam empoleirar-se; não faltam os ilusionistas tentando fazer desaparecer a verdade das coisas com uma ilusão de farturas e facilidades que só existem e coexistem nos suas demagogias; vem também os palhaços ricos que maltratam os palhaços pobres tal como fazem os políticos aos mais carenciados; aqueles vão pregando uma vida cor-de-rosa e de risos, quando a realidade é de lágrimas e sofrimento. E percorrem cidades, vilas e lugares num corrupio de vendedores ambulantes. Mas depois cai sobre todos o sofrimento muito amargo da desilusão: afinal nada daquilo que diziam era verdade por causa do orçamento que, por vezes, alarga para alguns e encolhe para outros! Se a política tem alguma semelhança com este “circo”, agora descrito, então compete a cada um não ir vê-lo para não se deixar enfeitiçar pelo brilho das promessas que, como lantejoulas, são aparência de riqueza. Na verdade o que parece jóias não passam de contas de vidro. É verdade que só vai a este “circo” quem quer. Ninguém é obrigado a acreditar nestes equilibristas, trapezistas, ilusionistas. Não troquem a verdade pela ilusão. Estou confiante que grande maioria já não ache graça nenhuma aos palhaços; eles estão ali como distração das agruras da vida e riem e fazem rir à custa das desventuras dos outros. Tapem os olhos e os ouvidos a este circo; se não podem resistir-lhe, amarrem-se ao mastro grande do vosso barco que é a vossa individualidade; para não cairdes na tentação dos cânticos da sereia, tapai os ouvidos. Tapai-os com as faixas das desilusões do passado. Quanto mais belo for o cântico, mais feio será o desengano. Não se enganem no dia 30 de janeiro. Se o prato que vos servem não presta troquem de prato.


Autor: Paulo Fafe
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10 janeiro 2022