Como desportista, tive sempre “o bichinho” de apostar, essencialmente em resultados de futebol, onde todos parecemos ter certezas absolutas e antecipadas sobre vencedores. No Placard, no entanto, só uns meses após o seu aparecimento aprendi como jogar, e com alunos da ESVV que, supostamente, por serem menores, não o poderiam fazer. Logo aqui, começam as ilegalidades neste jogo… legal que até gera proveitos, ao que parece, interessantes para… a Santa Casa da Misericórdia.
Nunca consegui prémio que se visse (€€€) mas comecei a percecionar que certos cidadãos de olhos rasgados, quando apostam forte, acertam mais que os meteorologistas. Do diz-se, diz-se do ano transato a situações concretas este ano, alguns cidadãos asiáticos fazem-me recordar o tempo do “vai uma aposta?”, pois também eles apostam num jogo apenas, investindo milhares de euros. E o mais engraçado é que, só este ano já tive conhecimento de apostas feitas num único jogo em que o vencedor final, ou o número de golos apostado, coincidiu SEMPRE com o clube ou golos em que eles apostaram enormes somas. “Resultados” que eu tomei conhecimento, ainda os jogos não tinham começado, só esta época foram cinco, envolvendo Taça da Liga, Taça de Portugal, II e I Liga. E fiquei tão crente nas previsões destes cidadãos que, contrariamente a João Pinto, fazem (e acertam em) prognósticos antes dos jogos, que se tivesse possibilidade teria seguido cegamente as suas sugestões, mas sempre que o tentei, nos jogos em questão, as apostas já estavam suspensas.
Sendo um leitor compulsivo adquiri, e tenho no escritório, uns quantos livros onde se fala de corrupção, apostas e histórias negras no futebol internacional, inclusive em campeonatos do mundo em que determinados resultados “necessários”…acontece(ra)m com elevada e inusitada frequência. Por cá, e como povo de brandos costumes, estou certo que “todos acreditamos” que os cidadãos de nacionalidade chinesa só acertam por verem muito melhor do que nós, devido ao facto de terem os olhos rasgados.
Apesar disso, recentemente, qual detetive privado, entretenho-me a seguir alguns cidadãos asiáticos quando os vejo dirigir-se para zonas onde potencialmente se pode apostar no Placard, na tentativa de “copiar” os seus palpites. Num dos casos errei na nacionalidade e local onde se dirigia, pois era coreano e andava às compras, num outro caso, era mesmo chinês, entrou numa pastelaria onde se faziam apostas, mas, ironia das ironias, foi ele que me copiou, ao fazer pedido igual ao meu: “Y? ji?lún qìyóu hé qiú bólín”(*).
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(*) Um galão e uma bola de Berlim
Autor: Carlos Mangas