Todos sabemos da importância, inclusive psicológica, da marca na decisão. Quem trabalha com publicidade, propaganda e/ou direitos autorais e propriedade industrial sabe bem isso. Já em 22/12/17 publicámos um artigo no D.M., «Em 2021 o IPCA é uma Universidade Politécnica de Excelência». Cuja leitura integral é indispensável. Aí dissemos: «Como disse bem o Sr. Ministro do Ensino Superior Manuel Heitor, que esteve dia 18/12/17 no “IPCA”, “os nomes não importam, mas sim a investigação”.
Ora, foi precisamente isso que em 1992 a investigação e legislação britânicas (Further and Higher Education Act 1992)chegaram à conclusão, no Reino Unido, da necessidade de passar os nomes de Politécnicos a Universidades, para inclusive atrair ainda mais alunos internacionais e sem prejudicar os seus “objectivos adaptados e profissionais politécnicos”. Assim, são as seguintes “Novas Universidades”, ex-Politécnicos britânicos: Anglia Ruskin University, Birmingham City University, Birmingham Polytechnic University of Brighton, Bournemouth University, University of Central Lancashire, Coventry University, De Montfort University, University of East London, University of Greenwich, University of Hertfordshire, University of Huddersfield, Kingston University, Leeds Beckett University, Liverpool John Moores University, London Metropolitan University, Manchester Metropolitan University, Middlesex University, University of Northumbria at Newcastle, Nottingham Trent University, Oxford Brookes University, University of Plymouth, University of Portsmouth, Sheffield Hallam University, South Bank University, Staffordshire University, University of Sunderland, Teesside University, University of the West of England, University of West London, University of Westminster, University of Wolverhampton, University of South Wales, New University of Ulster-Ulster University, Edinburgh Napier University. Todas estas instituições chamavam-se antes “Politécnicos”.
O Governo de Portugal não poderá deixará de respeitar a vontade democrática do Povo, se necessário através de referendo, na adopção do nome UPCA-Universidade Politécnica do Cávado e do Ave ou Universidade do Cávado e do Ave». Em Espanha, entre as maiores, estão as Universidades Politécnicas de Madrid, Catalunha e Valência, etc.! Confirmando notícias anteriores, em 10/1/20, surgiu por toda a comunicação social, p.e. Expresso, que «Institutos politécnicos de Castelo Branco, Santarém e Tomar sem dinheiro para pagar salários. Governo obriga a reestruturação».
Dificuldades que já não são novas e que vêm do passado. E grande parte do problema está relacionado com a diminuição do número de alunos. Acontece que, como p.e. o Presidente do IPCB António Fernandes explicou em entrevista à RTP em 10/1/20: «o problema não é novo e está a ser resolvido através do aumento dos estudantes estrangeiros». Ora, neste contexto de reestruturação internacional na qual Portugal está cada vez mais inserido de modo obrigatório, será falta de inteligência continuar a deixar passar mais tempo sem transformar os Politécnicos Portugueses em Universidades Politécnicas.
Bem sabendo que não estamos a falar de Unitécnicos, nos quais os cursos são cada vez menos misturados com unidades curriculares de diferentes departamentos. É o contrário que se pretende precisamente, o Politécnico, daí o facto dos Conselhos Técnico-Científicos poderem ser compostos por professores e investigadores de diferentes proveniências: Direito, Fiscalidade, Contabilidade, Gestão, entre outras. E já agora: deveria ser sempre respeitado um equilíbrio de poderes interno em termos de percentagem.
Não tem sentido, p.e., que o Direito, área fundamental ao próprio Estado de Direito Democrático e Social, seja relegado para plano secundário no qual nenhuma das suas propostas pode alguma vez vencer salva a boa-vontade de outrem, dado o seu diminuto número de representantes. Aqui sim, deveria haver quotas, de modo a salvaguardar o Politécnico em prejuízo do Unitécnico.
Autor: Gonçalo S. de Mello Bandeira