Este título foi-me sugerido pelas palavras do padre Paulo Terroso no final da missa de 21 de Janeiro nos Congregados, recordando a memória do cónego Fernando Monteiro.
Sucedendo-lhe nos cargos, quer na Empresa «Diário do Minho», quer na «Oficina de São José», Paulo Terroso realçava como o legado por ele deixado garante às instituições a que presidiu um prometedor futuro. Se isso é por demais evidente com todas as transformações operadas na Gráfica Diário do Minho, é-o igualmente na Oficina de São José, que acolhe 45 jovens oriundos de famílias desestruturadas, quer porque ela acompanhou e beneficiou dos melhoramentos conseguidos para a Gráfica Diário do Minho, – em cujo edifício também está instalada como empresa, – quer sobretudo com o contrato estabelecido com o «Continente» para exploração da loja instalada em terrenos daquela instituição na Rua 25 de Abril.
Foi sobretudo a partir de 1985, quando veio para pároco de São Lázaro, em Braga, que mais de perto pude acompanhar todo o labor apostólico e social que ele foi dinamizando, não apenas naquela comunidade paroquial, dotando-a também de estruturas de apoio social às famílias, como a Creche e o Lar, mas também no arciprestado e na diocese, dada a função de Vigário Episcopal da Acção Sócio-Caritativa, que desempenhou com todo o empenho e proficiência durante 23 anos.
Se em Castelões, Famalicão, foi pioneiro na construção de creche e centro social, em Braga pôde levar ainda mais fundo o seu empenho social como Director da Oficina de São José, a partir de 1991. Um dos maiores desafios foi o que o arcebispo Dom Eurico lhe lançou em 1996, ao nomeá-lo Gerente da Empresa Diário do Minho.
E de tal maneira foi bem sucedido que, hoje, a empresa tem instalações amplas e modernas, devidamente apetrechadas, imprimindo mais de 125 títulos de publicações periódicas de todo o país, e produzindo livros e revistas com qualidade gráfica e a preços competitivos. Tenho a certeza de que, no Céu, onde os abraços são realmente sinceros e genuínos, meu tio Cónego António Vaz lhe deu já as boas-vindas e o felicitou pelo trabalho que também foi o dele há mais de 78 anos!
São de 1940 as suas responsabilidades no «Diário do Minho», ainda nem eu nem o amigo cónego Fernando éramos nascidos. Ao reler algumas dessas memórias que ele deixou em «dossier», que descobri há pouco, vejo muito paralelismo no amor à causa, no pensar no futuro, no apetrechar a gráfica para poder ser sustentáculo do jornal, etc. Isto numa altura extremamente difícil, como era a da segunda guerra mundial e o após guerra civil na vizinha Espanha. Meu tio vibrava e sentia-se feliz com o êxito do «Diário do Minho», jornal e empresa, mesmo depois de ter cessado funções de Director em 1970.
Vou referir mais dois grandes empreendimentos que ao cónego Fernando devem a maior quota-parte do sucesso: a Cooperativa João Paulo II e a Irmandade de São Bento, o único encargo que não deixou de acompanhar até à sua morte. A recuperação da situação económica desta Irmandade, as obras na Basílica e a renovação e abertura do Hotel, são apenas alguns dos aspectos que mais interessa referir. De salientar ainda a Via-Sacra, inaugurada em 2018.
Por último, algo que nasceu em 2006 e que atingiu um patamar de realização que nem nos melhores sonhos podia ter sido imaginado: a Cooperativa João Paulo II para serviço de refeições dos Seminários, Casa Sacerdotal, Creche e Centro Social de São Lázaro, Oficina de São José, Colégio João Paulo II, Projecto Homem e outras instituições que também por ela são servidas. A economia de escala e a cooperação são ferramentas de verdadeiro sucesso e permitem que as instituições se tornem mais viáveis economicamente, tendo por isso também mais futuro.
Nota ainda para a participação nos órgãos dirigentes da Associação de Imprensa Diária (AID) e Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIC). Com ele partilhei largos e bons momentos durante as viagens a Fátima, onde tinham lugar as assembleias gerais da AIC.
Nos almoços do singular grupo de amigos, na última quinta-feira de cada mês, na Cooperativa, mesmo atingido pela doença, nunca faltava. O último foi em 27 de Dezembro. O próximo será em 31 de Janeiro. Queremos continuar a lembrar grata e docemente a memória de quem tanta afeição nos brindou e para novos desafios sempre nos incentivou. Aos irmãos queremos testemunhar-lhes quanto apreciámos o carinho e desvelo com que sempre o acompanharam.
Autor: Carlos Nuno Vaz
Uma herança feliz! Cónego Fernando Monteiro deixou-nos futuro!

DM
26 janeiro 2019