-
Morreu (mesmo ?) Helena Ramos).Há pessoas que, pela beleza, saúde e robustês que parecem apresentar; que por serem ou parecerem emblemas, bandeiras, do melhor que as nossas tribos, as nossas raças têm, nos parecem a nós outros (seres mais ou menos comuns) que “nunca hão de morrer”, ou que ao menos hão de morrer apenas quando chegarem aos 90 ou 100 anos. E logo hoje, que a Medicina está tão desenvolvida… Daí que, o passamento da dr.ª Helena Ramos, uma das mais belas e senhoris locutoras e apresentadoras da história dos nossos (vários) canais de televisão, tenha sido para todos uma quase inacreditável surpresa. Até porque, quase ninguém estava a par da sua doença. Helena Ramos era também uma profissional culta e competente, ao contrário de não poucos casos de colegas femininas, que atingem altos cargos directivos nos canais, ganhando fortunas por mês e que nem presença têm…
-
“As árvores morrem de pé”).Foi nome de peça de teatro, outrora interpretada por Palmira Bastos. Seja lá o que essa frase queira dizer… Helena não quis (penso que bem) partilhar, divulgar a súbita decadência da sua saúde, aparência, pessoa. Numa época em que é moda (os incautos) partilharem em sede de “facebook” e outros canais, todas as maluqueiras das suas vidas privadas, positivas, neutras ou negativas. Helena, que foi para Lisboa estudar, salvo erro “Germânicas”, que praticou natação e outros desportos, que por lá casou, nunca perdeu aquela digna (eu quase diria “aristocrática”) imagem de senhora de província, de beldade filha de um qualquer daqueles medievais “homens bons dos concelhos”; embora, confesso, não faço ideia, no caso concreto, da pessoa de seu pai ou de sua mãe reais… Ela transportou para Lisboa, a graça das mulheres distintas e de boa raça de todo aquele cantão da velha Lusitânia hoje representado pelos distritos de Aveiro, Viseu, Guarda (e Coimbra e Castelo Branco, também). O melhor das Beiras, enfim.
-
Como no “11 de Setembro”).A notícia da morte de Helena Ramos, recebi-a de forma análoga àquela em que me apercebi do início dos ataques do 11 de Setembro de 2001. Em ambas estava eu a almoçar num restaurante, os muitos clientes entretidos a comer e a falar uns com os outros, a televisão ao longe, numa parede a reportar as 1.asnotícias. Todos distraídos, menos eu… Em 2001, logo percebi que era algo de novo e de grave, um Boeing a chocar contra um arranha-céus. Passou-se no restaurante “O Vítor”, no Barcouço (norte de Coimbra). Agora foi em Lobão (Feira), estando eu acompanhado, no dia de visitar os cemitérios.
-
As freguesias de Castelões e Junqueira, no concelho de Vale de Cambra).Logo os interessados poderão saber ao certo. É que os jornais falaram agora numa origem da malograda jornalista, eventualmente repartida entre Vale de Cambra e a vizinha Sever do Vouga. Toda a vida tinha ouvido dizer que Helena era originária das freguesias valecambrenses de Junqueira (lá no alto da serra, no caminho para S. Pedro do Sul e Viseu); e de Castelões (que fica pela encosta abaixo, no lado sul do concelho). Eu também sou de Castelões, embora para tal tenha de recuar 6 gerações, até à pessoa da minha 5.ª avó, Joana Maria de Jesus (1770-1850) da “casa da Mouta”, uma quinta que ainda hoje existe (na posse de parentes afastados). A Mouta fica na saída-sul de V. de Cambra, ao lado da Bouça de Cartim, no caminho para Sever. Da gente antiga da quinta, nasceu um bispo da Guarda do final do séc. XIX (de que me esquece agora o nome); e também o dr. Tomás Fernandes, advogado e proprietário do jornal “A Voz de Azeméis”. A minha 6.ª avó casou em Santiago de Riba-Ul (1791) e beneficiou de boa herança em Oliveira, de uns parentes locais que não tinham filhos (o apelido destes era Nunes). Teve muitos filhos e 2 deles foram soldados liberais. Parte dessa gente escoou-se para o Rio de Janeiro (e também para Salvador da Bahia, no caso um neto dela, que foi meu trisavô, que regressou rico e casou velho, em Santiago, falecendo em 1913).
-
A etimologia de “Castelões” e a falsa polémica do “queijo Limiano”).Nunca me pronunciei sobre o assunto, dada esta minha remota costela valecambrense, mas escrevendo para um jornal do Minho (não esqueçam contudo, que outra minha trisavó, nascida no Rio, era filha de J. Nepomuceno de Sousa, de Outiz, Famalicão…). Quem, porém, como eu, estudou Direito Comercial, sabe perfeitamente que uma marca (no caso, a “Limiano”) não pode induzir em erro acerca das características (inclusive, geográficas) do produto. E a questão pôs-se quando a “Limiano” comprou a “Castelões”. Já agora, recordo a quem não sabe, que o nome “Castelões” (e há outros “Castelões”, o maior dos quais é a cidade de Paredes, ou “Castelões de Cepeda”) quer dizer “castelhanos, espanhóis”. É uma recordação toponímica da nossa gloriosa, longa e difícil Reconquista de Portugal aos usurpadores marroquinos (mouros). Tal como as várias terras chamadas “Galegos”. Ou as Vilas Francas (franceses). Ou Esturões (“asturianos”), em Valpaços. Ou Gasconha, Casconha ou Vasconcelos (“bascos”). Ou Proença (a Provença, o sul de França), em Castelo Branco. Tudo indicando o povoamento parcial desses locais, com aliados cristãos vindo dessas regiões estrangeiras.
Autor: Eduardo Tomás Alves