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Um por todos e todos por um

Não sufocar a “chama da solidariedade”, ecoa como um veemente e dinâmico grito, saído da mente e do coração da ilustre personalidade do P. A. Sílvio Couto, no artigo da secção Opinião, do Diário do Minho, de 26/2/18. Foi importante fazer ressaltar a verdadeira solidariedade quando Jesus se identifica com os mais frágeis da sociedade. “O que fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos a Mim o fizestes”. Que a solidariedade resulta de uma forte fonte de identificação e não das nossas estruturas, conscientes e inconscientes, tais como as cognitivas, afetivas, emocionais e motivacionais, parece estar bem claro no comportamento concreto de Jesus, relativamente a toda a humanidade. Fazei como Eu fiz. Solidarizai-vos com todo o meu comportamento. Identificai-vos Comigo e em Mim, através do meu Transcendental, Transcendente e Divino Ser. Tudo isto está muito certo mas, na minha opinião, entendo que temos de contar com aqueles que não veem em Jesus, senão um homem excecional. Intrinsecamente, imanente ao ôntico ser de Jesus, temos de fazer brotar dele o seu ôntico e natural ser humano, idêntico ao ôntico e natural ser de toda a humanidade. Portanto, esta é apenas a minha opinião, eu acrescentaria que o que vigorosamente impõe a força da solidariedade, como um inerente dever para a conduta de todo o homem, é a naturalidade do seu ôntico ser, ao bradar um por todos e todos por um. Esta é a fonte intrínseca da solidariedade, que supera todas as Instituições de solidariedade – Misericórdias e IPSS – e supera principalmente as “forças políticas que subiram ao palco e que surgem como se fossem autores, promotores e executantes da dita solidariedade”, como muito bem afirma o P. A. Sílvio Couto. Com tristeza o digo, mas toda a nossa concreta existência, instável por natureza, por motivo do desconhecimento do nosso ôntico e natural ser, nas suas dimensões da transcendentalidade, da unicidade, dos relacionamentos do bem universal consigo mesmo, com o outro e com Deus, banha-se, interesseiramente, nas águas sujas e turvas das suas estruturas bio psíquicas, interesses, desejos, aspirações, emoções, motivações, prestígios… O nosso profundo, natural e autêntico ser ôntico, até hoje, que eu saiba, nunca foi motivo da verdadeira e concreta educação em quaisquer dos campos social, religioso, científico, económico, político… É urgente colmatar esta brecha. Não se trata de apagar as opiniões, mas que todas se integrem, se conectem e sejam congruentes com o espírito corporizado do ôntico ser humano, por Deus criado à sua imagem e semelhança.
Autor: Benjamim Araújo
DM

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30 maio 2018