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Um país em estagnação ou um país com reformas?

A escolha parece-me óbvia e muito pertinente no contexto político-económico. E daí surgir naturalmente a questão: Porque, é que, Portugal não consegue sair da cepa torta?

1 - Depois de tantas ajudas da União Europeia, dos juros negativos decretados pelo BCE, de financiamentos nunca vistos e de condições únicas de crescimento económico, a verdade é que continuamos a descair na tabela do desenvolvimento social a nível europeu, além de dependurados na estagnação económica e de pertencer, por via disso, ao clube dos países pobres da Europa. Ao clube dos países dos mão-estendida (PIGS). Não fica bem a políticos com anos e anos de serviço e com discursos do “agora é que vai ser”. De facto, “os craques do poder”, têm falhado nos momentos cruciais e têm-se mostrado incapazes de sanar os “monstros” que infernizam a vida de muitos portugueses: a estagnação económica – que pode ser recessão em 2023 – e o endividamento colossal. (A inflação, novo problema, tem sido impiedosa para o poder de compra e vai provocar sarilhos gravíssimos na vida dos portugueses, numa primeira linha, àqueles que têm empréstimos bancários, pois a subida dos juros é certa.

2 - Anda o país a necessitar de reformas há sete anos. Sete anos perdidos nas brincadeiras das “contas certas” que de certas nada têm. Acertar contas à custa do endividamento (desde 2016 até agora, acrescentaram-se mais 60 mil milhões de euros à monstruosa dívida), das cativações, dos juros baixíssimos não traz mérito algum aos seus obreiros a não ser para servir de gabarolice e de arma de arremesso na politiquice caseira.

A palavra “reforma” assusta os socialistas. Como são extremamente conservadores preferem o “deixa andar” do que agitar o pântano. Agora, em vez de reformas – dizem eles – “problemas estruturais”, pois os problemas só se removem com a criação de condições para se encontrarem “soluções estruturais”.

Os tais “problemas estruturais” de que sofre o país estão, contudo, sinalizados e bem referenciados há muito tempo, só que esses “problemas” têm-se arrastado de governação em governação socialista e nada muda na pasmaceira nacional. Socialismo, no fundo, significa estagnação. Só que é uma estagnação diferente. Com fantasias e com propaganda. E com 10 euritos!

Reformar implica alterações nas rotinas sociais, agilização nos serviços e obviamente uma abertura mental nos cidadãos. E uma outra atitude política. Reformar exige coragem, arrojo e visão, qualidades ausentes no dr. Costa como muito bem escreveu o prof. Cavaco Silva. É, pois, preferível deixar andar o “barco” na linha de costa e manter as ilusões na clientela eleitoral.

Debitar promessas e intenções não resolvem os graves problemas da Economia, da Saúde, da Educação, da Justiça. Adiar, fingir ou propalar, que “agora é que vai ser”, também não.

3 - A necessidade de se incrementaram reformas é premente. A verdade é que o país não pode continuar emperrado durante muito mais tempo. Até ao momento, tem-se contentado com pouco ou coisa nenhuma. Depois da governação de Cavaco Silva, terminada em 1995, nunca mais se progrediu, nem houve crescimentos significativos. E quando há estagnação, a pobreza ganha corpo. E agiganta-se. As desigualdades acentuam-se e o ambiente político torna-se propício para a demagogia e para se criar um mundo da “banha da cobra”, onde o mais descarado ou o mais manhoso toma a dianteira.

4 - Não será o próprio A. Costa um problema estrutural na política nacional? As avaliações dos sete anos da sua governação apontam nesse sentido, ja para não falar na sua prestação nos governos de Guterres e de Sócrates. Até ao momento, limitou-se a “virar páginas” e a dar fantasias a este povo resignado e cansado de esperar.

António José Seguro afirmava em 2013, aquando da disputa da liderança partidária, que este velho político era um bluff. O tempo veio confirmar. O prof. Cavaco Silva também escreveu, de forma clara e não há muito tempo, que o dr. Costa não tinha coragem para incrementar reformas tendentes a alterar a rota da estagnação em vigor. Um pouco mais tarde, o mesmo estadista voltou a desafiar o actual primeiro-ministro para fazer obra e seguir-lhe o exemplo no que respeito a mudar o futuro do país. Até ver só poucochinho: navegar à vista e a gerir a carga fiscal. Assim, o país continuará na cepa torta. E a empobrecer. Até quando?


Autor: Armindo Oliveira
DM

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31 julho 2022