Meninos da Ucrânia:
Nesta época festiva que assinala o nascimento de Jesus, quero pôr o meu pensamento em vós, porque ides celebrar o Natal em cenário de guerra ilegítima, injustificada e assassina. E, ademais, também imoral face à religião cristã que vos acolheu no seu seio pela água do batismo, cujos principais mandamentos são o amor a Deus e ao próximo. Vós sabeis!
Na verdade, não merecíeis ser vítimas de uma guerra que também é cobarde, porque a vossa pátria está a ser atacada, desde o princípio da agressão, por «mísseis de cruzeiro de alta precisão», como dizem os senhores da guerra russa. As bombas caem nas vossas casas, nas vossas escolas, nas vossas maternidades, nas vossas creches, nos vossos jardins de infância, nos vossos teatros, no vosso coração de meninos inocentes... As bombas caem! De repente, um míssil destrói o lar da vossa família, matando um pai, uma mãe, um irmão, um avô, uma avó; ferindo um parente; obrigando um amigo a fugir, tal como muitos milhões de compatriotas que levaram consigo seus filhos pequeninos, alguns, porventura, a crescer nos ventres de suas mães.
Meninos da Ucrânia, celebrai o vosso o vosso Natal Peregrino, o vosso Natal Pequenino, mas celebrai o Natal do Menino Jesus, que a Virgem Maria deitou numas palhinhas aquecidas pelo bafo do boi e do burro. Enquanto houver Natal, nenhum poder do mundo destruirá as vossas esperanças, as vossas memórias, os vossos afetos, os vossos sonhos, as vossas prendinhas…
Eu bem sei que em vez de cânticos angelicais: «Cantem, cantem os anjos…», ouvis o som horripilante das bombas; em vez da cor dourada do presépio, vedes o vermelho do sangue; em vez da alegria de um abraço, esperam-vos as lágrimas da tristeza. Diz S. Mateus no seu Evangelho (2.16-18) que o rei da Judeia, Herodes, o Grande, matou muitas crianças na esperança de também matar um rei que tinha nascido em Belém, chamado Jesus, conforme lhe haviam dito os três reis magos do oriente. Não o conseguiu, porque os seus pais também fugiram, no primeiro de todos os Natais Peregrinos da história da humanidade.
Um dia sabereis que este rei Herodes, o Grande, pensou que este Menino poderia derrubá-lo do seu trono, só porque tinha sido anunciado como Rei dos Judeus, quando, na verdade, este Menino tinha vindo ao mundo não para ser símbolo de tirania, mentira e morte, mas para ser «caminho, verdade e vida», isto é, para ser o Salvador do mundo. Entregou-se à cruz e ressuscitou, para que também nós possamos aspirar à vida eterna, quando chegar a nossa hora. Foi há dois mil anos!
Perdoai aos homens, porque eles não aprendem com os erros da história e não respeitam os limites da sua natureza. Excedendo-a, continuam a matar inocentes, cabendo agora essa triste missão a um senhor que se chama Vladimir Putin, que age como fosse «rei» da Rússia, dada a forma ditatorial como governa o seu país, como inflige castigos ao seu próprio povo e como levanta as espadas do ódio contra o vosso belo, pacífico e florescente país. Mas, tal como o rei Herodes da Judeia, também este «rei» da Rússia não vencerá. E não vencerá porque na vossa pátria haverá sempre Natal, nem que seja um Natal Pequenino, com o Menino Jesus escondido num cantinho de vossa casa ou num abrigo antiaéreo, pois Jesus nasceu para ser Rei do amor, que é um sempre invencível e eterno, enquanto Herodes e Putin nasceram para serem reis do ódio, que é um agora que nada vale.
E tanto nada vale que, olhai, esse Herodes que a si próprio se chamava Grande, morreu quando discursava em Cesareia perante uma multidão que lhe chamava deus. Segundo um livro que um dia lereis, os Atos dos Apóstolos (12-23), esse rei que mandava matar todos aqueles de quem não gostava: filhos, familiares e rivais, depois de ter sido fulminado por um anjo de Deus, as feridas, as doenças da pele e os vermes mataram-no, no meio de horríveis padecimentos. É que todos os tiranos têm um fim miserável.
Meninos da Ucrânia: amai Jesus e Ele vos salvará!
Autor: Fernando Pinheiro