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Um Mundial no (sapatinho do) Natal

Nunca, em tempo algum, imaginamos como prenda antecipada de Natal, termos possibilidade de assistir a um Mundial de Futebol. No meu caso particular, também posso dizer que finalmente tive oportunidade de o fazer sem ter a concorrência feroz dos exames nacionais, como aluno em 1982 (Espanha) e a partir daí, como professor.

Há quatro anos atrás, o mundial da (agora excluída) Rússia teve outra concorrência, se bem se lembram, pois quando os jogadores de diferentes seleções falavam do jogo, ou jogos, das suas vidas, todos relativizávamos a validade dessas afirmações, ao assistirmos diariamente à luta de uma outra “seleção”, esta, jovem, numa gruta no norte da Tailândia para que o final (das suas vidas) não chegasse.

No final do mundial de 2018, escrevi: terá sido um acaso que ditou que as seleções que integravam os habituais finalistas da bola de ouro (CR7, Messi e Neymar), ficassem cedo pelo caminho, ou será uma prova da importância cada vez maior do coletivo em detrimento do individual? Neste mundial houve mais do mesmo - os coletivos fortes a chegarem mais longe. Depois, aqueles que tinham líderes no banco e no campo - Argentina (Messi), França (Mbappe) e Croácia (Modric) - a ocuparam, justamente, os lugares do pódio.

Deixando para o fim o caso português, desde 2002 marcamos sempre presença nos Mundiais, na maioria dos casos, diga-se, com enorme contributo de CR7 nas fases de apuramento. Afirmo-o também, por ser verdade, que nunca gostei muito da forma de jogar da nossa seleção nestes anos de liderança de Fernando Santos (FS). O ano que gostei menos, até, foi quando conquistamos o título europeu em França.

O que ficou desta nossa presença no Catar? Classe política sem vergonha, FS a reagir ao invés de agir e CR7 a exagerar no seu sentimento individualista. Sem ter informações privilegiadas, creio que FS, como sempre, entendeu que a seleção seria, CR7 + 10. A ser assim, e embora discordando neste particular, do selecionador, a exemplo da globalidade das 1ªas escolhas, CR7 deveria ter sido poupado no jogo com a Coreia. No entanto, apareceu entre os titulares. É meu entendimento que o próprio terá feito “força” para que tal acontecesse podendo assim atingir (ou ultrapassar) os números de Eusébio. A ser verdade, FS errou ao permitir que objetivos individuais se sobrepusessem aos coletivos. Daí, a sua irritação na conferência de imprensa quando afirmou não ter gostado nada do que ouviu - ter-se-á sentido traído. A não titularidade de CR7 com a Suíça, foi um pequeno “grande” passo de FS. Depois do resultado conseguido, e com o marcador de três golos a ser o substituto direto de CR7, FS valorizou os que atropelaram a Suíça. Quem não faria o mesmo?

Findo o Mundial, estranhei - ou talvez não - que a FPF tivesse rescindido com a FEMACOSA.

Bernard Shaw, assumiu um dia “A minha forma de brincar é dizer a verdade. É a brincadeira mais engraçada do mundo”. Sendo um otimista por natureza, aguardo serenamente o dia em que a FPF, a FEMACOSA e CR7, brinquem connosco.


Autor: Carlos Mangas
DM

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23 dezembro 2022